*Por Brunna Condini
Estávamos sentindo falta de Rita Guedes na TV e matamos um pouco dessa saudade com sua participação em ‘Volta por Cima‘, trama das 19h da Globo, ao lado de João Vitti. Só para lembrar, o ator foi seu primeiro par romântico em uma novela (‘Despedida de Solteiro‘, de 1992). Foram 10 anos sem fazer um folhetim. “Foi uma escolha. Terminei de gravar ‘Alma Gêmea’, em 2005, que está reprisando agora, na Globo. Logo depois me mudei para Los Angeles (EUA) para estudar. Fiz muitos cursos de interpretação, roteiro, direção e produção ao longo desses anos. Nesse tempo, acabei vindo para fazer coisas menores e trabalhei na minha última novela, ‘Flor do Caribe‘ (2013). Foi importante ficar fora para investir em mim, mas já estava com saudades da TV”.
Rita também pôde ser vista na reprise de ‘Alma Gêmea‘, no Vale a Pena Ver de Novo e continua explorando as camadas da governadora Manuela, sua personagem em ‘Arcanjo Renegado‘, que estreia a terceira temporada em novembro, no Globoplay, e já tem a quarta sendo gravada. Aos 52 anos, ela também fala sobre ter dado vida a tantos papéis com a referência da beleza à frente, de como lida com envelhecimento, conta como a Lei da Atração transformou sua vida, inclusive ajudando a superar uma crise de pânico, e revela os planos como realizadora no audiovisual.
A atriz afirma praticar a Lei da Atração desde então, e diz que isso mudou sua vida, a tornando mais consciente e até racional. Aqui, ela dá algumas dicas para quem se interessa pelo tema. “Vou dizer o que mais funciona. A melhor hora para praticar, é antes de dormir. Então, nesta última hora, você reflete sobre o que deseja, no que vai te fazer feliz. Mas não é só pensar. O pensamento tem que estar linkado com a emoção. Aconselho pensar primeiro em algo que te deixe feliz, e depois introduzir isso naquilo que você quer. Porque o sentimento faz toda a diferença com a palavra e o pensamento. Sozinhos, ficam sem direção. No dia seguinte, a primeira coisa a fazer após acordar, é reforçar o que você fez a noite: emoção e pensamento. E fazer isso continuamente. Porque é a continuidade que vai fazer com que isso fique forte na sua mente, e você consiga fazer um enlace de vibração que vai buscar, sincronizar, com aquilo que você deseja”, ensina.
Quero fazer meus roteiros acontecerem. Tem um drama, que escrevi em Los Angeles, e tem uma comédia que estou escrevendo ainda. E também uma série de crime, suspense, com uma personagem psicopata. O foco é a realização desses projetos, vou tentar vendê-los para o streaming, quero produzi-los – Rita Guedes
Sobre a participação na atual trama das sete, “Volta por Cima“, Rita deixa no ar: “Não sei se ainda voltamos à novela como os pais de Roxelle (Isadora Cruz)…mas seria ótimo”. “Foi demais reencontrar o João em cena, 32 anos depois. A minha personagem de estreia na TV era muito popular, em uma época que o Ibope era 100% da Globo. A TV era absoluta, novela era um acontecimento. Hoje é diferente, temos os streamings, a internet, a relação do público com o artista é outra”.
E analisa sobre o período longe da telinha: “Nesses 10 anos sem fazer TV tive convites maravilhosos, que mesmo com o coração apertado, acabei negando, porque estava com outras prioridades, que tinham a ver com esse investimento em mim, estudo, crescimento pessoal. Acho que fiz as escolhas certas, as que eu queria fazer”.
Referência de beleza
Ao falar das personagens com perfil mais definido pelo apelo estético, ela avalia: “No começo da carreira isso me incomodou. Eu queria provar que era boa, que podia fazer melhor, que podia fazer outras personagens. Acho que tem a ver com a insegurança de querer mostrar o meu trabalho com uma gama maior, mas estando sempre naquela ‘caixinha’ da mulher fatal, da sex symbol, que nem existe mais hoje em dia. Apesar disso, sempre busquei dentro das personagens que tinham isso em comum, suas diferenças. Por mais que tivessem esse apelo, cada uma tem um desenho diferente”. E destaca:
Não me incomodo de fazer esses personagens hoje em dia, porque não tenho mais inseguranças. São 32 anos de TV. Quem gosta do meu trabalho, gosta. Embora seja uma profissão em que não podemos parar, nos desafiamos sempre, não tenho mais que provar nada para ninguém – Rita Guedes
O passar do tempo
“Envelhecer é algo que requer uma habilidade. Porque é uma chave que muda, e temos que saber virar essa chave e nos despedir das fases da vida. É uma chave que vai do exterior para o interior. Com a juventude acabando, me dedico a algo que vai me acompanhar o resto da vida, a minha cabeça, o que vejo em mim. E vejo uma mulher muito melhor do que eu era antes. Mais sábia, mais forte, segura, que sabe o que quer e o que não quer também. Uma mulher que não tem medo de cortar laços que não me façam bem”, reflete.
Na carreira, tenho orgulho da minha perseverança, coragem e retidão em não aceitar o ‘não’ como resposta. Sempre busquei o ‘sim’, até onde foi possível. E no caminho não foram só flores. Tiveram momentos difíceis e até pensei em desistir. Mas não sei ser outra coisa na vida, seria infeliz. Nunca me vi como perdedora, sempre me enxerguei como vencedora, mesmo com as dificuldades – Rita Guedes
Ao comentar sobre o tão falado etarismo na profissão, a atriz dá seu ponto de vista: “Vou ter papel para o resto da vida, porque o ator, com o passar do tempo, fica cada vez melhor, por conta da experiência. Nunca senti etarismo, talvez porque não esteja sintonizada nisso, então se passei, não senti. Mas existe, claro”. E divide uma curiosidade: “Eu me preparei para envelhecer desde os meus 30 anos. E sempre gostei que me chamassem de senhora (risos), desde cedo…tem um respeito nisso, que é uma coisa que prezo. Se for possível, quero viver um século. Com saúde, sem sofrimento”.
Quanto mais eu vivo, mais experimento altos e baixos, e todos os tipos de sentimentos, mais o meu trabalho fica maravilhoso. Não tenho problemas em envelhecer, porque quero envelhecer no palco, trabalhando – Rita Guedes
Identificação com a potência
Sua personagem em ‘Arcanjo Renegado‘, Manuela, vem ganhando muitas camadas e te dando a oportunidade de mostrar outras facetas como atriz. Você se reconhece um pouco líder na vida também, como ela na ficção. Além de ser atriz, sempre produziu, foi à luta de seus próprios projetos. Esse lugar da mulher potente, resolvedora, que abre frentes, cansa ou é o único caminho possível? “Cansa, é solitário, e muitas vezes você é incompreendida ou mal compreendida. Mas pago o preço para ser quem sou. Sempre quis ser atriz e tive essa alma independente. Sem entender o que era o feminismo na época, eu já levantava essa bandeira entre as minhas amigas. Quando a gente falava dos sonhos, pintava o casar, o ter filhos. Eu, já sonhava em viajar, ter um teatro com o meu nome (risos), meus sonhos eram outros”.
“Venho de uma família de mulheres muito fortes. E sempre tive esse espírito libertário, queria provocar que as pessoas refletissem de uma outra maneira. E por conta disso no início da carreira já fui chamada até de louca, porque as pessoas não achavam que eu tinha direito de me posicionar daquela forma, a não ser que eu fosse um homem…a primeira peça que produzi tinha 20 poucos anos. Contratava profissionais, diretores, com o dobro da minha idade”
Para ser respeitada, tive carregar um pouco nas ‘tintas’, para não ser atropelada. Tive que ser firme nos meus propósitos, sem abaixar a cabeça para ninguém. Mas esse é um preço que eu pago feliz, satisfeita comigo mesma – Rita Guedes
A Lei da Atração
Recentemente Rita fez um post em seu Instagram exaltando o filósofo Bob Proctor e a Lei da Atração. Desde 2007, a artista é embaixadora do livro ‘O Segredo’, e também do seu filme, no Brasil. Ela se aproximou da técnica em uma época difícil, em que teve uma crise de pânico pelo excesso de demandas na vida. “A Lei da Atração entrou na minha vida em um momento muito delicado. Sempre fui workaholic, esquecendo que não era uma ‘máquina’. Dormia pouco. Já fui direto para a gravação sem dormir, aliás, já cheguei a ficar dois dias sem dormir por conta de trabalho. Às vezes passava o dia todo sem comer e ia me alimentar de madrugada…emendava trabalhos”, recorda.
“Esse processo todo começou no fim de ‘Alma Gêmea’. Fiz a novela, tinha posado para a Playboy, divulgava a revista e precisava me desdobrar em outros trabalhos. Não tinha nenhum tempo para mim. Hoje entendo, que quando você se desconecta de quem é, o seu ‘eu’ grita. Acho que foi isso que aconteceu. Não cuidei de mim, da minha saúde mental. E hoje isso está em primeiro lugar. O fato de ter ido para os Estados Unidos em 2007, também teve a ver com isso. Hoje, por mais que eu ame o trabalho, eu sou mais importante que ele. Continuo colocando minha alma nos personagens, mas respeito os meus limites”.
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