*Por Brunna Condini
Nesta quinta-feira (25), estreou a segunda temporada de ‘Arcanjo Renegado’, no Globoplay, trazendo Rita Guedes como a poderosa Manuela Berengher, governadora do Rio de Janeiro, na trama de criada por José Jr, e produzida pelo AfroReggae Audiovisual. “Acho que estrear a série neste momento, perto das eleições, é bem importante. O cenário político retratado na trama tem espelhamento na realidade, é bom para reflexão. Te digo que na Manuela eu votaria (risos). É íntegra, tem diálogo, sabe fazer o jogo político. Ela tem vontade de fazer acontecer”, aponta. “Fora da trama, não estou segura da minha escolha de votos ainda. Está difícil para todos os lados. Temos que ir tirando os menos piores para ver o que sobra. Fiquei mais criteriosa depois de fazer a Manuela, que é muito comprometida com essa vida pública”.
E acaba dando um spoiler que vai agradar os fãs da série. “Adoro essa produção. Ela trata dessas entranhas da política, da polícia, são temas importantes. Merece continuidade. Olha, nem sei se posso falar, mas fiquei sabendo que vai ter a terceira temporada. Já está escrita inclusive”, anuncia.
Rita conta que se inspirou em nomes como o de Marielle Franco (1979-2018) e Martha Rocha (PDT) para compor a personagem, e diz que esteve com o atual governador em exercício, Claudio Castro, para entender de perto a rotina de um chefe de estado. “Levei para a Manuela essa energia de estar alerta 24 horas. Soube que o governador tem um celular S.O.S. que fica ao seu lado na cama. Tem que saber o que está acontecendo sempre, não se desliga. É uma espécie de ‘médico’ do seu estado. Minha personagem vem com essa potência, está antenada, vai a fundo nos assuntos e terá problemas com isso”, detalha a atriz, que também fez aulas de Ciências Políticas, fez consultoria com um ex-assessor de alguns ex-governadores do estado, e acompanhou o deputado estadual André Ceciliano alguns dias na Assembleia Legislativa.
Preparação com Fátima Toledo
Ela procurou Fátima Toledo, preparadora de atores que atuou produções como ‘Pixote‘, ‘Cidade de Deus‘, ‘Tropa de Elite‘ e ‘Marighella‘, e recentemente também foi acusada de abusos no set, por alguns atores. Na ocasião, a preparadora disse que iria à Justiça contra as acusações. Rita aproveita para falar da própria experiência. “Respeito a opinião dos outros, mas discordo. O trabalho com ela foi incrível, fundamental. Mas talvez não seja para todo mundo. A Fátima vai fundo. Então, quanto mais aberta, disponível você está, mais fácil chega onde deseja”, avalia.
Me orgulho de ter feito o que desejei sem ter aceitado o que achavam que eu deveria fazer. Fui dona do meu caminho – Rita Guedes, atriz
E acrescenta: “Tem coisas terríveis que acontecem na vida da minha personagem, de sofrimento, superação, mas não vou dar mais spoiler (risos). O fato é, que como o que a Manuela viveu está muito distante de mim, procurei a Fátima. Ela é uma artista amorosa e está ao lado do ator. Enxerga em o seu melhor e ajuda você a chegar lá. Tem que confiar. E confiei. Me entreguei. Fui feliz no processo com ela”, conclui.
Desentendimento zerado
Costumeiramente reservada, em recente entrevista a um podcast, a atriz – que diz gostar mesmo é de ser notícia pela repercussão do seu trabalho – viu um desabafo seu ser repercutido amplamente, quando esclareceu um desentendimento passado com o autor Walcyr Carrasco. Ela afirmou que tudo foi ocasionado pela intriga feita por um produtor, que deturpou o acordo dela de ficar em uma peça do autor, apenas por um mês, já que estava de viagem marcada para os Estados Unidos. “Acho que as pessoas adoram uma confusão. Conheço o Walcyr há muito tempo, somos amigos, estive em lindos trabalhos seus. Fiz peça de teatro com ele quando nós nem estávamos na TV ainda. Sempre o admirei. Essa situação maldosa foi criada e eu não estava aqui para me defender na época, morava fora. Nestas ocasiões vemos que precisamos mesmo ficar alertas. Foi ruim, balançou uma amizade longa. Voltamos a conversar, ficou tudo zerado da minha parte, espero que da dele também”, divide.
Parece que a vida do artista tem que estar sempre povoada de confusão, polêmicas. E esse não é o nosso ofício – Rita Guedes, atriz
“Isso é péssimo, porque parece que a vida do artista tem que estar sempre povoada de confusão, polêmicas. E esse não é o nosso ofício. As pessoas que se alimentam dessas coisas ruins, aumentam, inventam, e olha que já inventaram muitas coisas a meu respeito. Geralmente não ligo, mas desta vez liguei, porque era com uma pessoa importante para mim, uma amigo de longa data”.
Liberdade ao desejo
Aos 50 anos e com 30 de carreira, elogiada pela beleza e forma física, Rita confessa que já sofreu com a pressão estética. “Já senti muito. Eu não me cobro isso, superei, mas as pessoas sempre cobraram. É aquela coisa de vender a imagem de uma atriz bonita, gostosa, sexy, e cobrarem você estar sempre assim. Isso é limitante, algo que não quero carregar”, afirma.
“Adoro elogio. Quem não gosta? Faz bem para o coração. Mas me cuido para estar saudável. Se estou bem e com saúde, tenho liberdade, posso fazer o que quiser. O que está no exterior, vai muito da genética, e também desse fato de eu me cuidar tanto. Acho que isso reflete no meu físico. Sempre me alimentei bem, me exercito, faço yoga diariamente, medito, tenho meus momentos de silêncio. O mais importante é autoconhecimento, nunca se cobrar e se comparar. Isso é destrutivo. Somos únicos”.
Nunca aceitei as ‘caixinhas’ que queriam me colocar. Tentaram me colocar na ‘caixinha’ da sex symbol, mas sempre quis mais – Rita Guedes, atriz
A atriz comenta que as pressões no seu caso, não se limitaram ao físico. “Já fui muito cobrada pelo fato de não ter filhos, estar solteira. São escolhas. Nunca quis ser mãe e amo crianças. E tudo bem. Mas se eu quiser ter um dia, vou adotar. Acho que as pessoas se assustam com a liberdade dos outros. Faço o que eu quero. Podemos fazer nosso tempo. Não permito que me pressionem. Tenho meus próprios sonhos. Me orgulho de ter feito o que desejei sem ter aceitado o que achavam que eu deveria fazer. Fui dona do meu caminho, pagando um preço alto muitas vezes. Nunca aceitei as ‘caixinhas’ que queriam me colocar. Tentaram me colocar na ‘caixinha’ da sex symbol, mas sempre quis mais. E sigo querendo”.
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