*Por Brunna Condini
Depois da sua última aparição no audiovisual com a super vilã Zoé de ‘Todas as Flores‘, novela Globo/Globoplay, podemos ver Regina Casé dando vida novamente à uma personagem que acalentou nossos corações e causou empatia imediata, a Dona Lurdes, que mais parece uma parente nossa ou amiga de longa data da família. Em ‘Dona Lurdes — O Filme’, que estreia em 28 de março, o público poderá acompanhar a trajetória da mãezona buscando um novo sentido na vida e tentando se reinventar após o ‘ninho’ ficar vazio sem seus filhos. O longa de Manuela Dias é um spin-off da novela ‘Amor de Mãe ‘(2019), da Rede Globo, e inspirado no livro ‘O Diário de Dona Lurdes‘, ambos de sua autoria também. Manuela Dias não descarta que a história de Dona Lurdes vire uma série e até outro filme.
Aos 70 anos e com 50 de carreira, a atriz e comunicadora destaca a importância de Dona Lurdes na sua trajetória. “Acho que ela é meio a correspondência das personagens todas que vivi, um resumo da minha história, uma coisa que me orgulho. Um apanhado das mulheres do Brasil, que fui encontrando pelo país, que fui conhecendo pelo caminho. Por isso talvez esse seja o papel mais forte e emocionante que fiz”, constata Regina, que fez questão de frisar o quanto estava se sentindo bem na sua atual fase: “Emagreci pra caramba, estou gata, maravilhosa”.
Agora é uma outra Dona Lurdes, exploramos facetas que na novela não pudemos, como a do amor próprio, a do amor de uma amizade verdadeira e o amor físico e romântico, contra o etarismo – Regina Casé
Na batalha contra o etarismo é bom verem que uma mulher como a Lurdes pode trepar, sentir tesão; também é maravilhoso ela ter um namorado, poder viver o amor – Regina Casé
Feliz ao reencontrar a inesquecível personagem, retrato de tantas mulheres no Brasil, Regina observa: “Quando o papel é bom, ficamos apegados. Convivi dois anos com a Lurdes na novela (por conta da pandemia). Durante o trabalho ficamos mais tempo vivendo aquela pessoa do que a nós mesmas, então é claro que dá muita saudade quando acaba. Aliás, morro de saudade de outras personagens, como a Tina Pepper, da novela ‘Cambalacho‘ (1986), a Val do filme ‘Que horas ela volta?’, adoraria encontrar novamente com elas. Viver mais uma vez a Lurdes é um sonho, principalmente porque o público também quer”.
Vivendo plenamente os amores
Segundo a atriz, o amor de mãe da personagem continua, mas agora ela precisa ‘liberar’ os filhos para seguirem suas vidas, e se reconectar com ela mesma. Não à toa, o filme começa quando o último filho que ainda morava com ela, vivido por Thiago Martins, decide sair de casa. Os outros filhos de Lurdes são interpretados mais uma vez pelos atores Thiago Martins, Juliano Cazarré, Jéssica Ellen, Nanda Costa e Chay Suede.
“No filme aparecem três tipos de amor que não estavam presentes na novela. Primeiro, o amor próprio. Antes, Lurdes estava ocupada, literalmente, em salvar a vida dos filhos, eram coisas tão épicas, trágicas, que ela ficava de lado, sua vida era mesmo em função deles. Outra coisa que não teve na trama da TV e fez falta, foi uma amiga de verdade para ela. Amei meu encontro com a Arlete (Salles), nossas cenas ficaram muito humanas. Pode reparar que todos os momentos em que choro no filme são em cenas com ela (risos). Tinha muita vontade de trabalhar com Arlete, que acho uma atriz genial, e entre as persoangens floresceu o amor da amizade, que prezo tanto na minha vida”, diz.
Na produção, a neta de Dona Lurdes, Brenda, é novamente interpretada por Clara Galinari, e Enrique Diaz retorna como Durval. Juntam-se a eles Arlete Salles e Maria Gal, que são boas amigas da protagonista. Evandro Mesquita fará o par romântico da matriarca. “Com o personagem do Evandro também teve uma coisa muito legal, que foi o amor romântico. Ao mesmo tempo que eles se agarravam, o que é ótimo”, diz enaltecendo o desejo maduro.
E observa sobre a parceria com Evandro Mesquita: “É muito lindo isso que acontece com todos os meus colegas do ‘Asdrúbal‘ (‘Asdrúbal trouxe o trombone’, o irreverente grupo teatral capitaneado por Regina e Hamilton Vaz Pereira, que começavam a carreira em 1974, no Rio de Janeiro, do qual Evandro também fez parte). Passamos períodos grandes sem nos vermos, mas quando nos encontramos essa intimidade está intacta, é impressionante. E assistindo o filme, vi que isso está lá, nesse encontro dos personagens”.
Futuro de uma personagem querida
Manuela Dias não descarta que a história de Dona Lurdes vire uma série e até outro filme. Já Regina, diz que o público já pede isso, mesmo antes da estreia do filme, com a personagem que estabelece conexão afetiva imediata e é uma ode à mãe brasileira. “Antes. ela só privilegiava os filhos e se anulou. O filme redime isso, é inspirador. Não que ela não encontrasse alegria na vida familiar, mas é que percebeu que também pode encontrar felicidade em outras coisas. Admiro muito a Lurdes e aprendi com ela, uma coisa que já vinha buscando, que se resume em uma frase que virou quase um mantra:
Se formos esperar ficar tudo bem para dar uma risada, vamos morrer sem dar uma gargalhada”. Temos que ir encontrando bases de alegria no meio do deserto, do sofrimento – Regina Casé
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