Eduardo Moscovis estará em dose dupla na TV, fala da presença no streaming e a escolha de trabalhar sem vínculo fixo

*Por Brunna Condini

Dezenove anos separam o Eduardo Moscovis que veremos na reprise de ‘Alma Gêmea‘, exibida pela segunda vez no ‘Vale a Pena Ver De Novo’ a partir de 29 de abril, do ator de 55 anos, que assistimos hoje em ‘Rancho Fundo‘, ambas novelas da Globo. “Os personagens são bem diferentes, o Rafael, de ‘Alma Gêmea‘, é mais romântico, de época, e o Quintino, de ‘No Rancho Fundo‘, é mais atual, apesar de pertencer a uma realidade completamente diferente, de um Brasil profundo. São dois registros bem distintos como ator”, observa, acrescentando: “É muito curioso reprisarem ‘Alma Gêmea’ justamente agora. Lembro que o meu contrato com a emissora terminaria logo após esse trabalho, havia uma proposta de renovação, mas escolhi não renovar. Eu já achava que precisava exercitar personagens, histórias e produtos diferentes”.

Pode ser que daqui a um, dois anos, eu mude de ideia, mas hoje ainda não consigo me ver em um vínculo de exclusividade com alguma empresa. A princípio estou feliz assim, como tem sido nos últimos tempos – Eduardo Moscovis

Eduardo Moscovis está em dose dupla em novelas, fala da carreira e da escolha de permanecer atuando sem vínculo fixo (Foto: Globo/ Manoella Mello)

Quando aborda a questão do tempo que separa seu protagonista bom moço em ‘Alma Gêmea’, sucesso de Walcyr Carrasco exibido no horário das 18h em 2005, para o ator que hoje, vive um milionário recluso, avarento e mal-humorado, no mesmo horário, em ‘Rancho Fundo’, o ator observa: “Agora tenho mais cabelos brancos e até uma barba branca que não sei de onde apareceu (risos). Mas é interessante, porque mesmo o Quintino sendo obviamente mais velho, e tão diferente do personagem de ‘Alma Gêmea’, que fiz aos 35 anos, tem similaridades com o Rafael, porque coloquei na minha cabeça que ele era velho. Me inspirei na época, muito ludicamente, na história de ‘A Bela e a Fera‘ (A Fera precisa encontrar o verdadeiro amor e ser correspondido para quebrar um feitiço e voltar a ser príncipe). O Rafael, para deixar o amargor, que tomou conta da sua vida quando perdeu a mulher, Luna, precisa se abrir para amar a reencarnação dela, a Serena (Priscila Fantin). Ele perdeu um grande amor, desses insubstituíveis, então ficou recluso, começa a história fechado para qualquer tipo de relação”.

Priscila Fantin e Eduardo Moscovis em ‘Alma Gêmea’, que será reprisada (Divulgação/ Globo)

No Rancho Fundo

Na pele do resmungão Quintino Ariosto – “ele é extremamente avarento, poderia ser comparado aos ‘Nonôs Correia’ (alusão ao inesquecível personagem de Ary Fontoura em ‘Amor com amor se paga’, folhetim de 1984) da teledramaturgia. Não acho que é exatamente um vilão, na verdade é um chato, mal amado, tem ganância, um personagem maravilhoso”, diverte-se, ao falar do pai adotivo de Artur (Túlio Starling) e marido de Dona Manuela (Valdineia Soriano), que com a ajuda de Marcelo Gouveia (José Loreto), vai tentar roubar o que Zefa Leonel (Andrea Beltrão) conquistou.

O ator como o avarento Quintino em ‘No Rancho Fundo’ (Foto: Globo/Manoella Mello)

Moscovis esteve nas novelas ‘O Sétimo Guardião‘ (2018) e fez uma participação em ‘Um Lugar ao Sol’ (2022), nesta última novela também ao lado de Andréa Beltrão, como agora na nova das seis. Sobre o hiato em uma obra completa na TV aberta, ele comenta: “Nesses anos, teve uma pandemia no meio, eu fiz streaming – três séries seguidas, ‘Bom dia, Verônica‘ (Netflix); ‘Desjuntados‘ (Amazon) e ‘Colônia‘ (Canal Brasil) – , teatro, inclusive estou me apresentando pelo Brasil com a comédia ‘Duetos‘, com a Patrícya Travassos. E com o fato do streaming ter vindo muito forte nos últimos anos, começamos também a ter mais ofertas no audiovisual”.

Esse movimento fez eu me habituar em um lugar de independência, de autonomia. A gente vai se acostumando a viver dessa forma, a montar a nossa própria grade de trabalho. Isso para mim foi ótimo, não sei se quero fazer diferente hoje, mas pode ser que amanhã venha um outro tipo de proposta e eu tope. Vai saber? – Eduardo Moscovis

Como Quintino: “Não acho que é exatamente um vilão, é um chato, mal amado, um personagem maravilhoso” (Reprodução/ Globo)

“Essa novela hoje tem sido um trabalho com outro timing, olhar…com uma galera animada. O pessoal é entusiasmado e eu só tento acompanhar (risos). A maior parte é do Norte e do Nordeste, o que traz uma legitimidade importante para essa obra. Esse clima é muito bom para o trabalho, porque as vezes fazer novela vem com um peso, um tamanho, principalmente pela carga de trabalho e o tempo  de exposição que você fica. Mas é muito bom estar no ar  novamente, o nosso folhetim ainda é o produto que temos o maior alcance no país”, frisa.