Rainer Cadete: dobradinha com Tatá Werneck em novela, verve cantor na vida real e desejo de carreira internacional


Brilhando como o italiano trambiqueiro Luigi em ‘Terra e Paixão’, o ator conversou com o site sobre a repercussão do personagem, os temas importantes que a trama aborda e também a carreira como cantor. Ele lançou um projeto com o Renato Luciano, ‘Leves e Reflexivas’, um trabalho autoral em que transformo reflexões em música. E gravaram ‘Farinha do Mesmo Saco’, um feat com a Vanessa da Mata. Observa ainda o que foi fundamental em sua trajetória e pontua sobre as notícias tendenciosas e falsas: “Existem pessoas que vivem de criar narrativas paralelas à realidade. Precisamos ficar muito atentos para não acreditar em tudo o que lemos, procurar qual é a origem dessas informações e se elas são reais de fato. Em geral, sou bem focado no meu trabalho, tenho uma rotina bem intensa e procuro olhar com distanciamento criterioso todas as notícias que saem sobre mim, sejam elas boas ou ruins”

*Por Brunna Condini

Rainer Cadete vem brilhando como o italiano picareta Luigi em ‘Terra e Paixão‘. Gravando intensamente a trama de Walcyr Carrasco se mostra feliz com o trabalho, tanto por entreter o público com uma boa dose de comédia em suas cenas com Tatá Werneck, quanto por trazer à luz temas um tanto sombrios. “O Walcyr consegue trazer assuntos complexos para o debate. Com o humor capaz de conduzir o telespectador à uma reflexão. Por meio do meu personagem, alertamos sobre os riscos de se relacionar com uma pessoa através das redes sociais sem conhecer de fato quem está do outro e quais são as suas intenções. Depois, com o envolvimento dele com a Petra, vemos essa personagem viciada em remédios e que tem um processo de compulsão muito sério. Não sei qual será o futuro dessa relação, mas é uma honra trabalhar com uma atriz tão talentosa e brilhante como a Débora Ozório. E, além de entreter, estimular debates”.

Sobre o personagem cheio de armações, que se passa por um milionário italiano, o ator até admite que o trambiqueiro ‘parece, mas não é’ muito do que vende na trama, mas nega que a ‘falsidade’ de Luigi vá além e ele seja um ‘italiano do Paraguai’. “Morei durante dois anos na Itália, falo italiano fluentemente. Fui morar em Roma com 12 anos e fiquei até os 14, parte da minha alfabetização foi lá. Um dos desafios de interpretar o Luigi foi justamente falar o português com a dificuldade de uma pessoa nativa da Itália, mas que fosse compreensível por aqui. Para isso acontecer, estudo diariamente, converso com professores de diversos lugares da Itália”, conta.

Perguntado a respeito dos novos desafios daqui para frente, o ator revela que gostaria ter mais oportunidades de experimentar uma carreira internacional: “Sonho e costumo correr atrás de realizar meus sonhos! Já participei de um filme italiano, chamado ‘ll Traditore‘, do Marco Bellocchio, e adoraria ter novas experiências”.

Sinto muito orgulho da minha trajetória. Sempre digo que sou filho de políticas públicas – Rainer Cadete

Rainer Cadete fala do sucesso do personagem em 'Terra e Paixão' e dos bastidores da trama das 21h (Foto: Marcio Farias )

Rainer Cadete fala do sucesso do personagem em ‘Terra e Paixão’ (Foto: Marcio Farias )

E continua detalhando o apuro técnico do qual lança mão para viver o personagem que vem conquistando a audiência: “Às vezes, uso uma expressão romana, de onde eu morei, em outras, coloco uma coisa mais napolitana. O personagem é uma homenagem a essa cultura que eu respeito tanto e um resgate às minhas memórias da infância na Itália. Gosto tanto, que outra homenagem que fiz a esse lugar foi dar o nome do meu filho de Pietro, hoje com 15 anos. Então, não acho que o Luigi seja um ‘italiano do Paraguai’. Quem disse que o Luigi é um’ italiano do Paraguai’? (risos). Até que me provem o contrário, ele é um mero italiano”.

Acho essa parte da profissão mágica: olhar o mundo com outras lentes, ser um ator camaleônico – Rainer Cadete

Falando da parceria com Tatá Werneck que vem ganhando cada vez mais destaque, com quem têm protagonizado cenas hilárias na novela, ele comenta: “Ela é uma das pessoas mais engraçadas do mundo e o dia-a-dia no set tem sido mágico. Eu e Tatá já tínhamos feito uma novela juntos, ‘Amor à Vida’ (também de Walcyr Carrasco). Mas, agora, pude conhecê-la melhor e ver como tem uma alma gigante, é uma pessoa iluminada e muito comprometida com o trabalho. Tatá, assim como eu, gosta de deixar o ofício mais complexo e cheio de camadas. Por isso, nosso humor é muito meticulosamente estudado e ensaiado antes”.

Rainer Cadete comenta a parceria com Tatá Werneck em 'Terra e Paixão' (Foto: Manoella Mello / Globo)

Rainer Cadete comenta a parceria com Tatá Werneck em ‘Terra e Paixão’ (Foto: Manoella Mello / Globo)

Ator que já pode ser considerado um dos da ‘trupe’ de Carrasco, com quem tem identificação artística, tendo participado de outras criações do autor, como ‘Caras e Bocas‘, ‘Verdades Secretas I e II‘, ‘Êta Mundo Bom‘ e ‘A Dona do Pedaço‘, Rainer exalta o bom momento profissional: “Estou completamente mergulhado no universo do Luigi. Ele é o tipo de personagem que amo fazer, que me desafia a conhecer um universo diferente do meu. Acho essa parte da profissão mágica: olhar o mundo com outras lentes, ser um ator camaleônico. E, atualmente, também estou muito envolvido na música, com o meu projeto com o Renato Luciano, ‘Leves e Reflexivas‘, um trabalho autoral em que transformo reflexões em música. Acabamos de lançar ‘Farinha do Mesmo Saco‘, um feat com a Vanessa da Mata, que já está disponível em todas as plataformas digitais”, divulga.

Com a exposição maior, vem o sucesso, mas também alguns efeitos colaterais, como ficar no alvo de notícias de toda ordem, inclusive as fake. No entanto, o artista de 35 anos e 20 de trajetória, parece já saber se blindar deste tipo de coisa. “Existem pessoas que vivem de criar narrativas paralelas à realidade. Precisamos ficar muito atentos para não acreditar em tudo o que lemos, procurar qual é a origem dessas informações e se elas são reais de fato. Em geral, sou bem focado no meu trabalho, tenho uma rotina bem intensa e procuro olhar com distanciamento criterioso todas as notícias que saem sobre mim, sejam elas boas ou ruins”, afirma.

Tatá Werneck, assim como eu, gosta de deixar o ofício mais complexo e cheio de camadas. Por isso, nosso humor é muito meticulosamente estudado e ensaiado antes – Rainer Cadete

Rainer Cadete fala do bom momento profissional (Foto: Marcio Farias )

Rainer Cadete fala do bom momento profissional (Foto: Marcio Farias )

Honrando o caminho

Rainer Cadete teve seu primeiro contato com a arte através da música: cantando em um igreja evangélica protestante, aos 10 anos, depois em casamentos e aniversários, para só mais tarde fazer teatro e descobrir o ofício. “Sinto muito orgulho da minha trajetória. Sempre digo que sou filho de políticas públicas. Nascido e criado na periferia de Brasília com esse hiato de dois anos na Itália. Tive uma infância humilde, a gente não tinha condições de pagar um curso de teatro. Então, essas iniciativas do governo de educação continuada, tanto na área das artes quanto em outras áreas, foram muito importantes para a minha formação”, recorda.

"Acho essa parte da profissão mágica: olhar o mundo com outras lentes, ser um ator camaleônico" (Foto: Marcio Farias)

“Acho essa parte da profissão mágica: olhar o mundo com outras lentes, ser um ator camaleônico” (Foto: Marcio Farias)

“A primeira peça que eu fiz foi ‘Revolução da América do Sul’, do Augusto Boal (1931-2009). E a segunda foi inspirada no ‘The Wall‘, do Pink Floyd. Ambas faziam parte desse projeto de formação continuada promovido pelo governo e aberto à comunidade. Nessa companhia, fui dirigido pela Adriana Lod e experienciei o fazer teatral como um todo. Tive a oportunidade de passar por todos esses lugares – como o de ator, diretor, autor, figurinista, caracterizador, produtor… Isso me ajudou a ter uma boa base para seguir nessa profissão que tanto amo”.

"Sempre digo que sou filho de políticas públicas" (Foto: Marcio Farias)

“Sempre digo que sou filho de políticas públicas” (Foto: Marcio Farias)

Créditos produção imagens

Fotos: Marcio Farias
Styling: Samantha Szczerb