*Por Karina Kuperman
Dez anos de carreira separam o Rafael Queiroz que entrava no teatro para o de agora: estreando em uma novela das 21h na Globo. O campinense de 36 anos chegou ao Rio de Janeiro em 2009 para estudar teatro e formou-se em artes cênicas pela CAL (Casa de Artes de Laranjeiras). Logo depois, em 2010, fez “Máscaras“, na Rede Record. Em seguida, vieram “Os dez mandamentos” e “Terra prometida”. “São dez anos dedicados ao teatro, com o privilégio de trabalhar com grandes atores. Me formar na CAL, onde a maioria da turma tinha a minha idade de experiência, foi um enorme aprendizado. Por isso, acredito que estou bem preparado para viver Rael nessa trama de Walcyr Carrasco dirigida por Amora Mautner“, comenta, referindo-se à “A Dona do Pedaço”, em que vive um homem com a dura missão de vingar a família e matar a protagonista Maria da Paz, vivida por Juliana Paes.
“A responsabilidade é grande, cada personagem ajuda contar a história e a trama é assistida por milhões de telespectadores. Mas quando estou no set só penso no jogo e como o Rael viveria aquele momento. E o que poderia ser tenso passa a ser prazeroso e divertido”, conta.
Aliás, foi justamente o teatro que abriu as portas para a televisão. “Atuei em uma peça ‘Monteiro de Carvalho’ dirigida pelo Sergio Modenna e Marcelo Serrado. Na plateia, estava Amora Mautner e, assim que finalizamos o espetáculo, ela veio até mim e disse que trabalharíamos juntos, porque tinha gostado do meu trabalho. Demorei para acreditar, afinal… era Amora Mautner”, diz. Quis o destino que logo depois, recebesse um convite para atuar em uma peça de Walcyr Carrasco, “Êxtase”.
“Era um personagem muito desafiador, complexo e distante de mim. Mas depois de três meses de muito ensaio, com direção de Claudio Gabriel, chegou o dia da estreia e lá estava Walcyr Carrasco na plateia. Foi gratificante saber que ele tinha gostado da montagem, pois não tínhamos patrocínio, fizemos porque entendemos que aquele texto ganhador do prêmio Shell em 2002 era atual e pertinente”, conta ele, que chegou a receber um bilhete do autor. “No meio dessa mesma temporada no Teatro Poeirinha o Guilherme Gobbi nosso produtor de elenco, também foi assistir o espetáculo e gostou. Tempos depois, os três estavam juntos na mesma produção. Entrei nos 45 do segundo do tempo. Era pra ser. Walcyr escreveu: ‘O teatro o colocou na novela, parabéns!'”, lembra.
Agora, a rotina de Rafael, que é pai de Davi, de 10 anos, e Rosa, de 6, é totalmente diferente. “Uma loucura. Com o ritmo de gravação intenso eu vou me desdobrando para não ficar tanto tempo longe dos meus filhos. Sempre que tenho tempo me programo para estar com Davi e Rosa. Mas eles sabem que durante uma novela é difícil, pois me dedico muito ao meu trabalho”, explica ele, que, nas redes sociais, exibe o lado paizão e, claro, recebe vários elogios pela aparência. “Galã? Não me vejo assim. Mas se tiver esse estigma não me preocupo, pelo contrário, me desafia a surpreender o público com minhas construções para cada personagem. Ainda não fiz papel de galã nem no teatro nem na televisão”, confessa.
Além do teatro e da televisão, Rafael também já se arriscou nas telonas. E ele considera cada experiência completamente diferente da outra. “No teatro você precisa que o público que está na última fileira entenda o que está acontecendo. Por isso tem projeção de voz, inclusive com preparadores vocais, para que o ator comunique da melhor maneira possível. Isto serve também para gestos, com diretor de movimentos. Tudo é maior e mais intenso”, explica. “No cinema a câmera te segue, te procura… é muito natural. Já na televisão é mais difícil, porque tudo pode influenciar na atuação. Ali temos roteiros longos durante o dia. Você tem que entender que tem três câmeras e como se posicionar melhor para a sua sem atrapalhar o parceiro de cena. Não é fácil fazer TV”, diz ele, que planeja voltar ao teatro com o fim da novela, mas, por hora, aproveita intensamente o momento.
“Gravar junto a um elenco com atores que já admirava e agora admiro ainda mais tem sido incrível. Temos um texto impecável que já vem pronto, com tramas muito bem construídas. A direção consegue conciliar as marcações com a liberdade de criação do ator. E, de fato, o mais legal tem sido o clima dos bastidores. Somos um time e ele está entrosado. Por isso se vê o sucesso de audiência”.
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