‘Quero sobreviver a tudo isso. Tenho muito a fazer: livro e desejo de atuar em trama da Gloria Perez’, diz Susana Vieira


Em conversa exclusiva ao site HT, a atriz fala do isolamento e das descobertas do período, além das angústias comuns a todos. E com esperança na vida pós pandemia do Coronavírus, Susana faz planos que incluem conhecer novos lugares e novos personagens, e quem sabe, depois de tudo isso, até se permitir viver um amor: “Me apaixonar novamente não é meu maior objetivo na vida, quero mesmo é passar batido por essa pandemia e sair vitoriosa. Antes de pensar nisso, quero viajar muito com minha família, relaxar. Também quero fazer uma novela das 21h. Amei fazer “Éramos Seis”, era uma joia, uma novela que poderia perfeitamente passar no horário nobre, acho até que o público iria gostar mais deste tipo de trama, porque são novelas mais suaves para todo mundo que anda tão sobressaltado. É isso: antes de um novo amor, quero viver um amor com a vida, sem pandemia, e depois com um personagem”

*Por Brunna Condini

Em isolamento social em sua casa, ao lado dos quatro cachorros, Susana Vieira tem se comunicado com os fãs e família através das redes sociais. Conhecida por seu alto astral e franqueza, a atriz fala com exclusividade ao site sobre o momento, os medos e os sonhos pós pandemia do novo Coronavírus.

“Estou bem, com saúde, grata por tudo que tenho. Não tem sido fácil, mas mantenho o meu bom humor”, garante, acrescentando: “Estou isolada desde que os médicos e cientistas chegaram à conclusão que esse vírus atacava com mais força pessoas de uma faixa de risco e com doenças crônicas. O mais difícil é entender que você não sabe quando isso tudo vai acabar. É o desconhecido”, diz Susana, que passou recentemente por um tratamento para uma leucemia linfoide crônica (LLC), que está estabilizada.

Susana em casa com os cachorros: “Estou bem, com saúde, grata por tudo que tenho. Não tem sido fácil, mas mantenho o meu bom humor” (Reprodução Instagram)

A atriz, que terminou as gravações da novela “Éramos Seis” em março, tem se dedicado aos seus animais e tentado passar os dias sem a pressão de ter que fazer muitos planos. “Não preencho meus dias, não tenho essa preocupação. Deixo o dia passar, quem manda em mim é ele. Só podemos planejar quando dominamos a situação, e como não domino o que está acontecendo, deixo a vida me levar, o dia me levar. Tem dias que acordo bem, outros não. Têm dias que não estou querendo falar muito, outros quero. Não estou com a preocupação de ler todos os livros que não li até hoje. Ou de fazer arrumações. Deixo os meus dias tomarem conta de mim. O mais difícil de tudo é mesmo conviver com o inesperado”.

Há poucos dias, Susana postou um vídeo para os seus seguidores no Instagram no qual expressava os sentimentos na rotina de reclusão. Na postagem, ela falava com senso de humor sobre o momento e, depois de alguns comentários, afirmou que o registro não teve a intenção de mostrá-la deprimida. Como se sente hoje? “Penso nas consequências desta doença para o ser humano e o mundo, e para mim também, claro. Fiz o vídeo com minha alegria natural, ela vem de dentro de mim, está lá, apesar do que vivemos. Não vou ficar fazendo vídeo de autocomiseração ou auto piedade. Estamos todos no mesmo barco, mesmo quem acha que não. Somos todos iguais diante deste vírus. Faço esses vídeos para o meu público, para os meus fãs, não para quem não me acompanha e não me conhece. E nem para quem acha que ideologicamente não tem nada a ver comigo. As pessoas precisam buscar mais humor, mesmo nas pequenas coisas, porque já está tudo muito pesado”, pontua.

“Estamos todos no mesmo barco, mesmo quem acha que não. Somos todos iguais diante deste vírus” (Reprodução Instagram)

Com fãs apaixonados e fiéis, daqueles que a acompanham ao longo dos 60 anos de carreira, e também de gerações das mais diversas, Susana conta que a troca com o público tem sido um combustível vital nestes tempos. “A relação nas redes fortalece as pessoas e a mim também. Quando posto algo vem tanta bênção, tanto amor. A força da fé, da oração deles é que me mantém assim, com alegria de viver. Dizem que não podem me perder. É lindo. E me agradecem pela minha alegria, dizem que contagia eles, que sou uma pessoa positiva e que dá força para os outros. Esse amor me emociona sempre”.

A artista vem vivendo a rotina, que não tem muita rotina, e descoberto pequenos prazeres em sua casa. “Descobri que música dentro do banheiro é uma das melhores coisas para acordar. Tem dias que acordo com Elba Ramalho, outros com Caetano Veloso, Gilberto Gil. E tem dias que escuto as mulheres do sertanejo. A música me levanta”, revela. “Leio jornais, mas só ligo a televisão às 20h30, para ver o Jornal Nacional. Gosto de me manter informada, mas hoje em dia está difícil, os jornais se repetem, parece mesmo que o mundo parou. Só se fala do Coronavírus e é assustador”.

“A relação nas redes fortalece as pessoas e a mim também. Quando posto algo vem tanta bênção, tanto amor” (Foto: Vinicius Mochizuki)

Fã declarada do Big Brother Brasil, a atriz afirma que estava torcendo por Flayslane, a cantora eliminada no último domingo. “Ela é uma brasileira pura, feliz, intensa. Brasileiro é assim, intenso, e, às vezes, se destempera mesmo”, defende. “Adoro o BBB e assisto desde o primeiro. Não tenho nenhum problema de dizer. Gosto do programa, mas não participaria. É muito bem dirigido pelo Boninho, bem apresentado pelo Tiago Leifert. Gosto dessa coisa de juntar gente diferente na mesma casa, com histórias diversas, ideologias. Começo a ver o programa depois de duas semanas, com o barco andando, quando as pessoas já estão jogando mais, os conflitos acontecem. E detesto falta de educação na convivência, sujeira, bagunça, não sei como alguns conseguem. Nessa edição, achei bonito ver algumas mulheres se colocando. Percebi também alguns preconceitos nas relações, como por exemplo com negros, nordestinos, que acabaram sendo bem mais votados”, opina.

Aos 77 anos, ela se orgulha de nestes anos todos ter trabalhado sem intervalos e de ter feito amizades que a renovam. “Me apaixono pela garotada que contracena comigo. Entre esses de 40 e poucos anos tenho grandes amigos, como o Mauricio Mattar, Caio Castro, Fabio Assunção, Marcio Garcia. E as meninas? Tem a Deborah Secco, Paolla Oliveira, a Juliana Paes, que são minhas amigas, posso ligar para elas a qualquer momento. Falo a língua delas, não fiquei com uma cabeça preconceituosa e chata. Acho que é isso que me alimenta”.

“Adoro o BBB e assisto desde o primeiro, não tenho nenhum problema de dizer. Gosto do programa, mas não participaria” (Foto: Vinicius Mochizuki)

Ela lembra com carinho do seu trajeto, que tem no caminho personagens inesquecíveis como a Branca Letícia de Barros Mota, de “Por Amor’ (1997) ou a Maria do Carmo, de “Senhora do Destino” (2004) ou ainda, a Rubra Rosa, de “Fera Ferida” (1993). “Entrei na televisão em 1960, fiquei muitos anos na Tupi, depois trabalhei na Record, em São Paulo, quando Walter Avancini criou um elenco fixo. O Avancini nos levou primeiro para a Excelsior e, depois, para a Record. Em 1970 vim para a TV Globo e estou há 50 anos na emissora”, recorda. “De lá para cá, nunca fiquei sem trabalho. Sempre tive tudo que quis através do meu ofício, mas não tenho sonhos apoteóticos. Me sinto realizada com minha carreira, e quando a emissora quiser, estou a postos para trabalhar. Me orgulho da minha determinação, consegui tudo na minha vida sozinha, sem pistolão. Sempre foi a minha disciplina e o meu trabalho. Também sou flexível, nunca fiquei escolhendo. O que a TV Globo me deu, eu fiz. Minha trajetória é linda, fiz novela, fui fazer patinação no Domingão do Faustão, fui para João Pessoa, na Paraíba, e gravei um disco de forró, depois um de música brasileira, cantando canções de novelas. Enfim, sou versátil, disponível. Tenho disponibilidade para viver, ser feliz e trabalhar”.

Susana Vieira na pele de uma das suas personagens inesquecíveis, Branca Letícia, em “Por Amor” (Reprodução)

Cheia de vitalidade e entusiasmada pela vida, Susana lista seus sonhos imediatos: “Primeiro quero sair viva disso tudo. E, depois, tenho outros sonhos que não realizei. Como fazer novos trabalhos e personagens. Quero viajar mais, conhecer lugares, como a Austrália, por exemplo. E o Sul do Chile e da Argentina, mas não sei se aguento um lugar tão frio. Isso tudo com meu filho, minha nora e meus netos”.

E se apaixonar novamente é um desejo? “Não é meu maior objetivo na vida. Quero mesmo é passar batida por essa pandemia e sair vitoriosa. Antes de pensar nisso, quero viajar muito com minha família, relaxar. Também quero fazer uma novela das 21h. Amei fazer “Éramos Seis”, era uma joia, uma novela que poderia perfeitamente passar as 21h. Acho até que o público iria gostar mais deste tipo de trama, porque são novelas mais suaves para todo mundo que anda tão sobressaltado”. E completa: “É isso: antes de um novo amor, quero viver um amor com a vida, sem pandemia, e depois com um personagem”. O que precisam ter para conquistar seu coração? “Não tenho um tipo definido, mas alguém para se relacionar comigo tem que ter bom humor, ser alegre, ser disponível como sou, e ter uma vida independente da minha. Se for ter ainda uma relação no futuro, quero cada um na sua casa, acredito que isso é saudável”.

A atriz aproveita o espaço para enviar uma mensagem aos fãs.“Agradeço pelas orações, palavras que me enviam. Leio tudo, acho que vem do coração e vai para o coração da gente. Peço a Deus por todos nós”. E dá um recado certeiro: “Vou fazer assim, como fazem no BBB, para avisar a esse Coronavírus que eu não quero ir para o “paredão”, certo? Ainda tenho muita coisa para fazer por aqui. Tenho livro para lançar, que ainda não acabei. Além disso, quero fazer uma novela da Gloria Perez, porque sou enlouquecida pelas tramas escritas por ela”.

“Vou fazer assim, como fazem no BBB, para avisar a esse Coronavírus que eu não quero ir para o “paredão”, certo? Ainda tenho muita coisa para fazer por aqui” (Foto: Vinicius Mochizuki)