Nem mesmo Baco e Afrodite seriam capazes de imaginar tamanho frisson. Perfeito exemplar da ficção que une a estética da violência ao sexo animal e à primazia da plasticidade photoshop, “Spartacus” volta à programação da tevê com nova temporada, composta por dez episódios de uma hora no canal a cabo FX, na próxima segunda feira 7/4, às 23h. Horário para criança já estarem na cama, já que a série épica foi criada essencialmente para um público masculino – mas que, por sua apologia ao torso masculino (ou mais abaixo), também conquista legião de fãs mulheres, gays, transgêneros e, se bobear, até andróginos celibatários –, costumando gastar litros de glucose de milho, usada para fazer o sangue cenográfico que escorre por cada capítulo. É como se o programa fosse uma naumaquia – aquele combate naval de gladiadores nas arenas da Roma antiga, onde a água usada para encher o Coliseu ia ficando cada vez mais cassis, tal a quantidade de lutadores golpeados à morte e atirados ao mar artificial.
E, claro, além dos esguichos de fluidos corporais que parecem reproduzir o processo criativo de Jackson Pollock (1912-1956) – expoente da arte abstrata –, as cenas de sexo, capazes de fazer trepidar os átomos de feromônios em fissão quase nuclear, são outro bom motivo para por os rebentos para fazer naninha e, depois, se entregar às delícias do prazer pagão em frente à telinha. O resultado pode ser considerado muito melhor que um videozinho erótico da Bel Ami, aquela famosa produtora de filmes pornôs voltada para a turma amiga.
Fotos (Divulgação)
Como sempre, a temporada ganha um subtítulo à sua altura. Dessa vez, “Spartacus: A Guerra dos Condenados”, dirigida por Steven DeKnight e estrelada por Liam McIntyre, Manu Bennett e Dustin Clare, teve a alcunha concebida por algum redator publicitário fã da imprensa marrom, e se concentra nos meses seguidos após a morte de Caio Claudius Glaber (Craig Parker), quando o exército rebelde de lutadores continua acumulando vitórias em Roma. Mas, enquanto Spartacus está determinado a derrubar toda a República Romana, o Senado elabora um plano com o patrício Marco Crasso (Simon Merrells) para por um fim em tamanha ousadia, com a ajuda do jovem Julio César (Todd Lasance), desencadeando uma guerra com fim epopeico.
Mesmo para quem não é fã de épicos com fundo histórico, vale a conferida, nem que seja pela beleza gráfica das imagens, pela reconstituição de época estilizada ou pelo muque do bonitão protagonista e sua trupe de marmanjos saídos do queijo de algum inferninho.
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