“Quando falaram que eu estava na ‘geladeira’, eu fiquei com vontade de dizer que estava tudo bem”, frisa Angélica


A apresentadora que estreia novo programa ‘Simples Assim’, dia 10 de outubro, afirma: ” A ideia é fazer bem às pessoas, ser uma companhia para elas e propor a reflexão. Espero que cada um que assista se sinta acolhido, se identifique com as histórias que vamos mostrar, com os temas como fé, superação, solidariedade, diversidade, felicidade. Tentar que as pessoas não apenas se enxerguem ali, mas também enxerguem o outro, com um olhar de empatia, sem julgamentos”

*Por Brunna Condini

Ela está de volta. Após dois anos fora do ar, Angélica tem data marcada para voltar à grade da Globo: 10 de outubro, com seu novo programa, o Simples Assim. “Ele nasceu antes da pandemia, mas, depois dela, se tornou ainda mais significativo em tempos de distanciamento social. A ideia é fazer bem às pessoas, ser uma companhia para elas e propor a reflexão. Espero que cada um que assista se sinta acolhido, se identifique com as histórias que vamos mostrar, com os temas como fé, superação, solidariedade, diversidade, felicidade. Tentar que as pessoas não apenas se enxerguem ali, mas também enxerguem o outro, com um olhar de empatia, sem julgamentos”, diz a apresentadora.

“Esses anos foram necessários e especiais para mim. Foi uma parada pertinente, já vinha em um movimento de autoconhecimento” (Divulgação/Globo)

Durante a entrevista para falar da atração – que a cada programa vai levantar um tema universal, através de diferentes pontos de vista, colocando dilemas e escolhas na roda – a apresentadora esbanjava satisfação com o formato que vai ser levado ao público. Aos 46 anos, mais amadurecida, Angélica estava serena, apesar de toda expectativa. “Esses anos foram necessários e especiais para mim. Nunca tinha parado antes disso, comecei pequena. Foi uma parada pertinente, já vinha em um movimento de autoconhecimento. Quando tive a oportunidade, antes da quarentena, de estar com a minha família, comigo, fui enxergando as questões básicas, fundamentais da vida. Uma delas é você ter tempo para o que acredita ser importante, olhar para dentro e para o outro. Esse tempo que fiquei fora do ar, reflexiva, criando o programa, foi fundamental para o programa sair como está. Ter tido tempo para me olhar, refletiu no programa”, analisa.

“Precisava deste tempo para voltar a ter aquele frio na barriga. Quando algumas pessoas falaram que eu estava na ‘geladeira’, eu fiquei com vontade de me pronunciar dizendo que estava tudo bem. Até me perguntei se era o momento certo, se deveria voltar. Mas essa pausa foi importante, fez tudo melhorar, fez com que a minha relação com o meu marido e filhos melhorasse. E estou muito feliz de voltar e também estou com muita saudade”.

“Ter tido tempo para me olhar, refletiu no programa. Precisava deste tempo para voltar a ter aquele frio na barriga” (Divulgação/Globo)

Ao revelar que o programa abordaria as questões simples da vida, ela sofreu algumas críticas nas redes, por falar em ‘simplicidade’ de um ponto de vista privilegiado. Sobre o episódio, ela comentou com tranquilidade. “Identifico este meu lugar de privilegiada e de uma pessoa que trabalhou muito para conquistar isso, mas posso fazer algo a mais. Isso não pode me paralisar, ficar só aqui neste lugar de conforto. Enxergar o outro é muito importante”. Além disso, a loura prefere não criar expectativas pelo o que vem por aí. É viver um dia de cada vez. “O caminho da felicidade é hoje. Felicidade é viver o agora. Cada vez mais eu descubro que é isso. Quero estar inteira no presente, isso traz a felicidade real. Sempre achei que o melhor da festa está na preparação. O melhor da vida é isso, nos prepararmos, nos cuidarmos todo dia”.

Angélica também aproveitou para revisitar sua história e se aconselhar : “Hoje diria para mim lá atrás: ‘Ô lourinha da pinta na perna, não tenha medo de arriscar, de se relacionar com as pessoas. Você vai conhecer muita gente, vai ter medo de mostrar sua verdade para algumas. Mas acredite, se solte. Você vai fazer muitos amigos, gente vale à pena. Você terá mais amor e apoio do que imagina”.

“Hoje diria para mim lá atrás: ‘Ô lourinha da pinta na perna, não tenha medo de arriscar, de se relacionar com as pessoas. Gente vale à pena” (Divulgação/Globo)

Gente como a gente

A apresentadora vai entrar no ar todos os sábados após o Caldeirão do Huck, programa pilotado pelo marido, Luciano Huck. Em Simples Assim ver uma promessa é ver uma Angélica mais feliz, mais inteira e querendo aprender. “Como eu comecei muito cedo, sempre tive uma trajetória acompanhada por todos, e de forma muito espontânea. As coisas que aconteceram na minha vida eram transmitidas através da televisão, sem personagem, mas agora tem uma Angélica mais segura do que está fazendo, que teve um tempo para se planejar, para escolher, decidir sobre esse novo “filho” que está nascendo. A alegria e o prazer que batem quando você tem tempo para fazer as coisas são muito maiores, e a gente fica mais inteiro naquilo”.

Essa ‘inteireza’ também fez com que ela se surpreendesse com a repercussão da declaração que deu à Sabrina Sato em seu canal, em que falou sobre a importância da masturbação feminina e admitiu usar vibrador. “A maturidade vai trazendo segurança, além do mais hoje temos a internet que nos dá espaço para falarmos abertamente, expormos a nossa verdade. Eu venho de uma época que tinha medo de me colocar, de influenciar o meu público, composto de crianças e adolescentes. Tinha muito cuidado com o que falava. Hoje me sinto mais à vontade. Confesso que fiquei espantada com a repercussão da minha fala sobre o uso do vibrador, mas entendo que são as pessoas que me viram crescer”, diz, bem-humorada.

“Fui me libertando dessas crenças limitantes. E hoje se falar algo e tiver outra interpretação, tudo bem. Não dá mais para recuar, se calar. Fiquei mesmo espantada com a reação de algumas pessoas quando falei de um simples vibrador. É machismo, mas entendo também, se habituaram a fazer uma imagem minha ao longo dos anos, e quando veem algo mais real, próximo, podem se espantar”.

“Se habituaram a fazer uma imagem minha ao longo dos anos, e quando veem algo mais real, próximo hoje, podem se espantar” (Divulgação/Globo)

Espiritualidade

Ela aproveita ainda para falar sobre o caminho de espiritualidade e autoconhecimento que vem trilhando há alguns anos. “Esse programa nasceu em 2015, quando sofri o acidente com a minha família. Fui tratar o pânico, me espiritualizar. A superação acontece sempre, desde então. Está acontecendo agora neste programa, por exemplo. Eu sempre gostei muito de entender o outro. Até porque eu sempre quis me entender. Mas essa busca constante não é um sentimento só meu. A ansiedade permeia o dia a dia de muita gente. E se fala muito de viver o momento, que fundo de poço tem mola, como é que funciona isso? É justamente essa reflexão que o programa vem fazer: as grandes lições de vida estão por todos os lugares”, destaca Angélica.

Em algum momento rolou uma ansiedade grande neste período de pandemia? “Acho que é aquela história de ‘orai e vigiai’. Você está sempre na manutenção. Estamos vivendo um período sem precedentes, temos medo do desconhecido. Medito, faço yoga, mas tenho momentos de estresse, de ansiedade também, claro. Mas uso essas ferramentas nestes momentos, para não perder a mão”, compartilha.

“A ideia do programa e minha quando dou entrevistas é que as pessoas entendam que não estão sozinhas nas suas angústias e que existe um jeito de passar por elas. E que todo mundo passa por problemas muito parecidos, cada um dentro da sua realidade. E existe uma forma mais amena de passar. Nessa pré-estreia do programa, por exemplo, tenho vivido momentos de mais estresse. Até comentei que parece que estou em turnê, porque dou um monte de entrevistas, gravo. E isso gera uma ansiedade, então medito um pouco mais. O que quero dizer é que cada um encontra seu caminho, mas quando nos sentimos representados fica mais fácil passar pelas situações. Está todo mundo passando por angústias. Não está todo mundo no mesmo barco, porque tem gente que nem o barco tem para estar. Mas está todo mundo vivendo essa ansiedade do desconhecido. Então, acho que faz parte dar uma pirada de vez em quando”.

E completa: “Entender a fragilidade também fortalece. Quando você se sente mais vulnerável, você busca se fortalecer, resistir. Quando você senta para meditar, por exemplo, a mente não quer ficar pensando coisas ruins. Ela quer procurar a paz, ela vai atrás disso, é simples assim. Quando você olha para dentro, é isso. Viver esse momento trocando, é muito importante”.

“Entender a fragilidade também fortalece. Quando você se sente mais vulnerável, você busca se fortalecer, resistir” (Divulgação)