*Por João Ker
Com formação em teatro e filosofia, Suzana Pires é uma atriz de sucesso, daquelas multi-talentos, que além de se dar bem no drama e na comédia, também já assinou roteiro e produção de vários projetos dos quais participou ao longo de seus mais de 20 anos de carreira. Na TV, ela já encantou o país com seus papeis em novelas como “Fina Estampa”, “Caras e Bocas”, “Flor do Caribe” (na qual foi co-autora) e em seriados do porte de “Gabriela” e “Força Tarefa”.Também acumula passagens no teatro, como no monólogo “De Perto, Ela Não É Normal!”, sucesso no qual assinou o texto e ficou seis anos em cartaz sob a direção de Flávio Rocha, lançando até um DVD comemorativo em 2011.
Este ano, ela estará ao lado de Tatá Werneck e Ingrid Guimarães na comédia “Loucas Pra Casar”, com estreia marcada para esta quinta-feira (08/01) nos cinemas nacionais. Suzana interpreta uma mulher que descobre ser amante do próprio namorado (Márcio Garcia), o qual mantém outros dois relacionamentos às escondidas. A autoria é de Marcelo Saback, o mesmo responsável por alguns dos maiores sucessos cômicos do cinema nacional nos últimos anos, como “Divã” (2009), “De Pernas Pro Ar” (2010), “S.O.S. Mulheres ao Mar” (2014) e o longa “Linda de Morrer”, estrelado por Glória Pires e em fase de pré-produção, com lançamento previsto para este ano. Em meio ao furor do início de ano, Suzana encontrou um tempo para um bate-papo com HT. Abaixo, você vê o que a atriz tem a dizer sobre o filme, a comédia no Brasil, amor e traição.
Trailer oficial de “Loucas Pra Casar”
HT: O que você faria na posição da sua personagem? Se uniria às amantes do namorado para destruí-lo, tentaria conversar, abandonaria o barco de vez…?
SP: Eu tenho muita preguiça de homem que se acha safado, que se comporta como um fanfarrão sendo facinho, facinho. Perco o interesse imediatamente. Mas, nesta situação, estando apaixonada e tal, acho que eu ficaria péssima, curtiria minha tristeza e, depoism me levantaria linda e loura, usaria um vestido maravilhoso e daria um bom tchau para ele! (risos)
HT: Como se sentiu trabalhando com outros grandes nomes da comédia, como Tatá Werneck, Ingrid Guimarães e o próprio Marcelo Saback?
SP: Achei maravilhoso. Foram meses de aprendizado e diversão. A Ingrid e eu já queríamos trabalhar juntas. E o Marcelo Saback, que me indicou para fazer o filme, nos deu esta possibilidade. O [Roberto] Santucci, diretor, foi um grande encontro para mim, desde a primeira leitura. Gostei muito de trabalhar com ele. Nos afinamos bem.
HT: Como vê o atual estado do gênero no país? Acha que a comédia está super saturada ou há espaço para todo mundo?
SP: Acho que, no Brasil, assim como em todo o mundo, precisamos ter os filmes chamados “comerciais” e também o cinema de “autor”. Sem esses dois lados da moeda, o Brasil jamais terá uma indústria cinematográfica de fato. Não acredito em saturação da comédia. Uma boa história, bem interpretada, bem dirigida e bem produzida, sempre agrada ao público que quer entretenimento de qualidade.
HT: Você já trabalhou tanto com drama, quanto com comédia. Concorda com o ditado popular de que é mais difícil fazer o público rir do que chorar?
SP: Não concordo. Porque o que é difícil é ter a atenção do público. São muitas possibilidades de escolha e se o público opta por prestigiar – seja comprando ingresso para a peça ou para o filme ou não mudando de canal quando você aparece -, então, você pode começar a considerar que a qualidade do que apresenta pode se tornar algo relevante e longevo dentro do ofício de atuar. O público brasileiro é muito sensível e percebe na hora se você está de verdade ou não em cena. Com relação aos gêneros, eu gosto de mesclar trabalhos em comédia, drama, filme comercial, de autor, novela, teatro, internet etc. Porque se eu ficar batendo em uma só tecla, meu “parque de diversões” fica restrito e me dá um tédio monumental.
Suzana Pires na peça “De Perto, Ela Não É Normal!”
HT: Qual filme de comédia você acha inesquecível, como um ícone do gênero que tenha a influenciado como atriz?
SP: “Mulheres à beira de um ataque de nervos”, do [Pedro] Almodóvar. “Zelig”, do Woody Allen. [A atriz] Mary Tyler Moore, que comprei a caixa de coletânea em DVD. “Absolutly Fabulous”, seriado da BBC. “O Gordo e o Magro”. “Thirty Rock” da Tina Fey.
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