As viagens ao passado em “Espelho da Vida” são a tônica da trama. Na novela, que é a mais assistida da plataforma Globo Play, a protagonista Cris tem o hábito de voltar no tempo, revisitando sua vida anterior. De uma dessas viagens, porém, a mocinha ainda não retornou, com o objetivo de entender melhor a sua realidade como Júlia Castelo. Nós, do site HT, fizemos questão de visitar o casarão da jovem, localizado nos Estúdios Globo. E não é que a atriz Vitória Strada, que interpreta Cris e Júlia, decidiu voltar pelo espelho para conversar conosco? Durante o papo, ela abriu o jogo sobre os mistérios da novela e também sobre a sua vida pessoal.
No ar com suas queridas personagens desde o ano passado, Vitória demonstrou estar tão envolvida com a trama que nem acredita que o tempo passou. “Esses dias me falaram que faltam poucos dias para acabar e eu respondi: ‘Não diz isso’. Tem tanta coisa para acontecer ainda e eu continuo na mesma empolgação de pegar os textos novos para ler. É uma novela que podia ser uma série, sabe? Ela é repleta de acontecimentos e a gente sempre quer saber o que está por vir. É muito gostoso tanto de ler a história quanto atuar”, revelou. Ainda que a atual história de Elizabeth Jhin seja apenas o segundo trabalho de Vitória, e orgulhosamente o segundo protagonismo também, ela aceitou logo de cara o desafio de interpretar três realidades diferentes. “Quando me falaram que eram três personagens eu fiquei meio assustada. Tem sido um desafio muito grande, porque é complexo contar essa história sob vários ângulos. Tem a visão da Cris, da Júlia e da Cris fazendo a Júlia. É uma bagunça deliciosa”, informou.
Em meio a tantos figurinos diferentes e falas para decorar, a atriz admitiu que alguns sacrifícios precisaram ser feitos com relação a sua vida pessoal: “É bem complicado, eu tive que me dividir e confesso que, às vezes, eu fico perdida. Eu me acho mais nos meus personagens atualmente do que na Vitória mesmo. Eu a deixei um pouquinho de lado para dar conta dessas meninas”. E continuou contando sobre uma ocasião em que foi parada na rua para falar sobre as nuances da história: “Eu fui ao médico, recentemente, e um senhor me abordou perguntando: ‘É você que faz aquela novela maluca?’. Respondi: ‘Sou eu mesma’”. Porém, ainda que a confusão e as horas dedicadas ao trabalho não tenham fim, Vitória assumiu que tem aprendido dando vida às mocinhas: “Eu sempre fui muito racional e esquematizei tudo para pôr em prática. Às vezes, acabo deixando de lado o meu coração para me dedicar ao trabalho. Só que eu me deparei com um trabalho que me faz agir com o coração. Muito mais do que colocar em números e listas, estou aprendendo a sentir mais. É um momento de expansão muito lindo”.
Além da introspecção que a faz, como dito acima, evoluir enquanto trabalha, alguns colegas de elenco também são responsáveis pelo crescimento de Vitória. “Não tenho palavras para dizer o que a Suzana Faini faz em cena. É um trabalho impecável. Já a Irene Ravache é a minha melhor amiga aqui. Ela é um grande presente que eu ganhei esse ano. E também tem o núcleo familiar que virou família mesmo. Eu chamo a Júlia Lemmertz de ‘mãe’. É lindo ver esses seres humanos por trás de grandes atores e eu posso dizer que são seres incríveis demais”.
Para além das experientes atrizes citadas por Vitória, a jovem também convive muito com João Vicente de Castro e Rafael Cardoso, com quem sua personagem forma um triângulo amoroso polêmico. “Eu vejo que o Alain está evoluindo muito e está tendo essa chance errando e tentando acertar. A Cris, inclusive, tem esse olhar de compaixão com ele. De ver que ele é um cara que quer fazer o certo mesmo que por caminhos errados. Só que o amor tem várias formas, né? Quando ela encontra com o Danilo no passado, ela sente algo novo e muito puro”, afirmou a libriana.
Porém, por mais que Vitória ainda esteja em dúvida no que diz respeito ao coração da mocinha, a internet está completamente posicionada e cada grupo defende com unhas e dentes um final para Cris. “Me deparei nessa novela com alguns fãs clubes, cada um torcendo para um lado diferente. Uma vez, eu entrei no Twitter e tinha uma menina brigando comigo e dizendo que eu não podia tomar partido, mas eu nem tinha falado nada, eu nem tenho um lado favorito”, revelou. E prosseguiu pontuando que, escondidas atrás de um perfil online, as pessoas podem ficar extremistas demais: “Realmente estou me dando conta da proporção das redes sociais, porque as pessoas parecem que esquecem que tem um ser humano ali, sabe? Se eu fiz um vídeo com o Rafael Cardoso não é porque eu odeio o Alain, quanto mais o João Vicente”.
Dessa forma, com muita opinião e sinceridade, a jovem de 22 anos está ainda aprendendo a lidar com algumas consequências da fama, como a inveja. “Nem eu sabia da minha história e eu nem sei como será daqui há alguns anos. Então, como alguém pode querer ter a minha vida? É algo tão individual. Se a gente pensar que cada um tem o seu caminho e que podemos brilhar individualmente, por que a inveja?”, questionou. E voltou a explicar com mais detalhes a situação tão pessoal: “Estou em um momento em que é como se estivessem estourado alguns fogos dentro de mim e estou tendo que lidar com tudo ao mesmo tempo. Desde “Tempo de Amar” está sendo assim. Eu não sei explicar direito, mas são momentos bons, difíceis e tensos. Eu preciso aprender a relaxar também”.
Agora, a jovem se despedirá do atual trabalho e poderá encarar o espelho sem voltar no tempo. O que, segundo ela, é muito necessário: “Eu acho que eu vou entender o que é a Vitória quando eu tiver um tempo depois da novela, sabe? Estou me dedicando tanto que não consegui viver a minha vida, porque atualmente a minha rotina é ou um pouco Cris ou um pouco Júlia. Eu trabalho diariamente e quando chega domingo procuro dormir um pouco mais para acordar e pensar no que eu vou fazer para estudar”. O cansaço, entretanto, não a impede de rir da agenda lotada de afazeres: “Vou me permitir relaxar mais porque para a Irene Ravache dizer para uma menina de 22 anos que ela precisa sair, o negócio está bem sério, viu?”.
Brincadeiras à parte, o espaço de reflexão, porém, não deve durar muito, já que a mente inquieta e jovem de Vitória anseia por movimento e evolução cada vez mais. Para o futuro, ela deseja se manter na arte, seja da forma que for. “Eu tenho tantos desejos e eu digo que essa profissão entrou na minha vida como um ofício, uma salvação e uma terapia mesmo. A arte me permiti sentir, viver, experimentar e eu amo cada vez mais fazer isso. Quero poder viver um pouco de cada, não consigo separar o teatro do cinema, por exemplo, porque para mim tudo é arte. Enquanto eu puder viver como artista, eu estou feliz”, concluiu.
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