* Por Junior de Paula
O novo Programa do Gugu tem dado audiência e muito o que falar. Apesar dos furos de reportagem – questionáveis, mas ainda assim um feito – como a entrevista com Suzane von Richthofen, condenada pelo assassinato dos pais, e sua namorada Sandra, também presa por sequestro e assassinato, e das atrações que todo mundo adora ver na TV, como Valesca Popozuda e Wanessa, o programa ainda está muito longe de ser uma referência de qualidade na TV.
Se na tal entrevista mais falada dos últimos tempos o áudio de Suzane estava péssimo – o que causou até a demissão do responsável pelo problema – , a coisa não foi muito diferente quando Wanessa foi ao palco do programa na noite desta terça-feira (3/3). A cantora, que prefere se apresentar com a sua banda ou fazer um Live P.A – quando um DJ solta a base e o artista canta ao vivo -, topou fazer o antigo e constrangedor playback, porque a produção, de última hora, disse que não teria estrutura para fazer de outro jeito.
Na hora do vamos ver, tudo saiu pior do que a encomenda. Enquanto as pessoas em casa ouviam a música, no estúdio imperava o silêncio e Wanessa, desesperada, começou a improvisar qualquer coisa, para tentar salvar a apresentação, já que os segundos se passavam e a canção que ela teria que dublar não começava a tocar. No ar, ao vivo, uma bagunça: uma música tocando de fundo, ela cantando outra, e todo mundo sem entender nada. Para esclarecer a loucura, a própria Wanessa conta o que aconteceu.
“Saí do programa, de certa forma incomodada – pois nada acordado foi acertado -, mas a surpresa maior foi ver o que tinha realmente acontecido. O que parecia ter sido apenas um pequeno contratempo, controlado pelo meu improviso maluco, na verdade foi um King Kong. E pior, pago por outras pessoas e dado para mim. Afinal, a cara na frente da câmera era a minha. Como é que uma rede de televisão do porte da Record e um programa de um dos maiores nomes da televisão podem cometer um erro tão primário e amador? Enquanto eu cantava a acapella no silêncio constrangedor e, repito: CONSTRANGEDOR do estúdio, o público em casa ouvia perfeitamente a música durante quase um minuto. Como ninguém vem avisar? Dar um grito, sei lá. Me desculpe, mas esta conta não é minha. Com humildade e todo respeito e carinho que tenho por vocês: melhorem, invistam, ensaiem. É inadmissível vocês deixarem os seus convidados passarem por tamanho desconforto – sendo eu, que já tenho os meus 15 anos de carreira e mereço o meu respeito – como qualquer artista que se pré dispõe a sair de sua casa, para pisar em vossa casa”, disse a cantora.
HT, aliás, assina embaixo. Para a qualidade do Programa do Gugu ser ruim, é preciso ainda muito esforço, porque o que se vê no ar é muito amador. Nos primeiros programas, aliás, ele tentava fazer uma brincadeira que consistia em ligar para a casa das pessoas e quem atendesse não poderia dizer alô, tinha que cantar “Pintinho Amarelinho” (!!!). Sim, se já não bastasse a ideia bizarra, a execução da coisa toda não funcionava. Gugu passou cinco minutos tentando conseguir linha no telefone que mandaram para ele, depois outros bons minutos tentando ligar e… nada. Até que ele abortou a ideia e chamou um outro quadro qualquer. Tão ruim quanto.
Gugu é uma lenda da televisão, um apresentador que se comunica como ninguém, mas é preciso que ele se lembre que os anos 1980 e 1990, onde era permitido errar, ficaram para trás. Hoje em dia, a não ser que a estratégia seja a de chamar a atenção e virar meme por conta dos erros grotescos, não há mais espaço para amadorismos. Ou você entrega um produto aceitável ou, no fim das contas, só vai servir para virar piada. E nisso, o programa do Gugu, é preciso dizer, tem sido imbatível.
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