*Por Alexandre Schnabl
A nova incursão cinematográfica do escritor John Le Carré – autor de “O Espião que Veio do Frio” e “A Casa da Rússia” – tem foto divulgada, mas trailer embargado, sem a menor explicação. Trata-se de “O Homem mais Procurado” (A Most Wanted Man), produção que tem Philip Seymour Hoffman (Capote, Perfume de Mulher, Jogos Vorazes: Em Chamas), Rachel McAddams (Sherlock Holmes, Questão de Tempo) e Robin Wright (Intrigas de Estado, Forrest Gump, De Corpo Fechado) no elenco. Ou seja, é filme de suspense e espionagem com elenco de bambas, o que garante meio caminho andado.
“O Homem mais Procurado” tem direção a cargo do holandês Anton Corbijn (Um Homem Misterioso, Control), que começou como diretor de videoclipes nos anos 1980, trabalhando para bandas como Depeche Mode, Echo and The Bunnymen, Front 242 e Art of Noise e, depois que caiu no cinemão, na década passada, se firmando como cineasta sabe conduzir esse tipo de filme. No mínimo, com a competência que tem para os clipes musicais, deve garantir um filme com ótima trilha sonora, bem eletrizante.
A história se baseia livremente no fato ocorrido com o turco Murat Kurnaz, residente legal na Alemanha, capturado pelas autoridades norte-americanas, com conhecimento o governo alemão, e levado preso para Guantânamo, ficando em cárcere por dois anos, até ser solto em 2006 sob nenhuma acusação. No Brasil, o livro foi publicado em 2008 sob a chancela da Record.
Foto: divulgação
O autor britânico, conhecido por saber transitar bem pelo universo ficcional da Guerra Fria, também domina obras de cunho político, como “O Jardineiro Fiel” (The Constant Gardener), levado ao cinema por Fernando Meirelles em 2005, com Ralph Fiennes, Danny Huston e Rachel Weisz, que ganhou o Oscar de melhor atriz pelo trabalho. O último livro de Le Carré a chegar à telona foi “O Espião Que Sabia Demais” (Tinker Taylor Soldier Spy), estrelado por Gary Oldman, Colin Firth, John Hurt e Ciarán Hinds em uma direção confusa – e superestimada! – de Tomas Alfredson. Muita tensão, clima soturno e conteúdo abordado de forma inadequada, onde a história se perdia sob sacadas pseudo geniais de fotografia e atmosfera de tensão incompreensível pelo grande público. Ainda assim, rendeu indicação ao Oscar de “Melhor Ator” para Oldman. Resta saber se, agora, a nova transposição do escritor para o cinema funciona ou deixa a desejar.
Como sempre, os produtores investem em um casting de peso, com atores de quilate interpretativo, perfeitos para dar cabo das peripécias cerebrais do autor, dignas de partidas de xadrez. A começar pelo próprio Seymour Hoffman, sempre brilhante e um dos melhores atores de sua geração, cuja participação neste filme andou perigando. A “Variety” andou divulgando, em agosto de 2012, que Hoffman seria substituído por Willem Dafoe (A Última Tentação de Cristo, Manderlay, Anticristo), o que não aconteceu. E, agora, o trailer que seria divulgado junto com a foto, foi abruptamente tirado do ar a pedido da distribuidora internacional, que não divulgou o motivo. Suspense digno de Le Carré. O filme está programado para estrear em 20/6.
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