Juliana Alves é de fato um mulherão. Não que a atriz esteja muito preocupada em ostentar o título de beldade do ano, já que tem consciência de que todo esteriótipo exige cuidados e limitações severas demais para uma artista livre como ela. E fechar sua janela criativa para o mundo é algo que ela não quer. Apesar de sua beleza indiscutivelmente brasileira, carisma e espontaneidade típicas de uma rainha de bateria nota 10 – que dirão os simpatizantes da Unidos da Tijuca, a moça mostra mesmo sua força ao compartilhar suas ideias. E ela surpreende! Por ter ingressado no curso de psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ju, como é chamada pelos mais íntimos, sabe que pode mudar o mundo através de uma boa conversa. Atividade, por sinal, que ela domina como ninguém.
Boa de papo, a tijucana está prestes a voltar à TV para contar uma nova história: desta vez, na pele de Dora, uma pescadora caiçara que vive na comunidade de mulheres nômades, em sua maioria composta por descendentes de negros e índios, em “Sol Nascente”, próximo folhetim das 18h, na Rede Globo, que, em tempos de intolerância, abre a pertinente discussão para a pluralidade do nosso país. Durante uma exclusiva sessão de fotos para o site HT, no Hotel Royal Tulip Rio São Conrado, com cliques de Daniel Benassi, styling de Anderson Vescah e beleza do jovem Titto Vidal, a atriz se despiu de todo o pudor e soltou o verbo em uma conversa descontraída que você confere agora!
Sobre o novo trabalho, Juliana adiantou que apesar de ser uma mulher doce, batalhadora e apaixonada pela natureza, Dora pode acabar tendo uma mudança repentina de personalidade por conta de alguns dramas durante sua vida na fictícia Arraial do Sol Nascente. “Minha personagem é completamente apaixonada pelo marido Thiago, que é interpretado pelo Marcelo Melo Junior, e vive ao mesmo tempo uma paixão pela cultura e suas tradições. Há um resgate a toda sua ancestralidade, mas com o desejo de ter uma vida melhor ao lado desse homem. Ela é uma mulher carinhosa, amorosa, determinada e honesta, mas haverá momentos na vida pessoal em que ela vai se ver sem chão ao longa da trama”, revelou a atriz, que mesmo não tendo contato com integrantes da comunidade Caiçaras, passou por algumas experiências, digamos, curiosas para entender melhor esse universo.
“Engraçado, porque tem acontecido o mesmo comigo. Esse mesmo resgate do contato com os animais e a natureza. Me remete a coisas que eu já não conseguia mais praticar por conta da vida corrida da cidade. Mas nesse processo tive experiências com colônias de pescadores, workshop de pesca, a gente foi até aprender a pegar caranguejo no mangue, que, por sinal, ganhei um corte na mão de brinde e, em outro momento, bebi bastante água do mar tentando aprender a mergulhar como as mulheres, uma loucura”, recordou ela, aos risos. “Eu sou carioca, sempre frequentei praia, mas nunca tive o hábito de nadar. Esse ambiente subaquático da minha personagem é a casa dela. Estamos indo”, adiantou.
Bem diferente de Valeska, sua personagem barraqueira de “Babilônia” que abusava dos batons coloridos, a atriz vai aparecer diante dos espectadores da próxima novela com a pele mais natural possível e os cabelos cacheados, valorizando sua beleza. “Está sendo ótimo viver uma personagem mais desprendida de maquiagem e de grandes produções. Eu observei que a equipe do figurino dá até uma envelhecida nos tecidos para mostrar essa característica de quem vive das praias. O que acaba dando um desgaste das peças. Já o meu cabelo ficou mais crespo e com mais volume ainda. Eu adoro. Hoje as pessoas estão realmente começando a enxergar o black, o crespo e o volume como algo belo. E entendendo que o belo, muitas vezes, se aproxima da sua natureza. Eu acho gratificante quando eu percebo que as pessoas me contam que se encorajaram a assumir o cabelo porque me viram usando o meu do jeito que ele é.”, destacou Juliana, comentando que, assim como foi com os batons de Valeska, já aposta que os assessórios da personagem virarão tendência na moda praiana.
“Isso não quer dizer que ela não seja vaidosa. Tem uma pulseirinha que vai do tornozelo ao pé, por exemplo, que ela não tira. Eu acho lindo e espero que vire moda. Além dos brincos enormes que ela traz também. A Dora se arruma muito mais quando ela está em casa do que quando está trabalhando. Ela quer ficar bonita para o marido”, adiantou. Mas falando em marido, Juliana está amando e muito feliz, obrigada! Em relacionamento sério com o diretor de cinema Ernani Nunes, com quem trabalhou no longa “Gostosas, Lindas e Sexies”, previsto para estrear no início de 2017, a atriz revelou que namoro para ela é coisa séria. E assim como Dora, ela se joga de cabeça quando está apaixonada. “Eu sou bem parecida com ela. Eu não namoro simplesmente para estar com alguém. Quando estou junto de uma pessoa é porque realmente eu quero compartilhar minha vida. Tem que ser alguém que me motive e que me faça bem. Eu sempre tendo a querer ser muito generosa e acho importante que haja uma entrega mútua nos meus relacionamentos”, disse.
Além de Ernani, outra grande paixão de Juliana é passarela do samba. Criada na Tijuca, bairro tradicionalmente conhecido por ser o berço das escolas do Rio, a atriz, que começou sua carreira artística como bailarina do “Domingão do Faustão”, é considera uma das rainhas de baterias mais atuantes em ensaios para o carnaval. E não é de hoje que a morena se encanta com a Avenida. A bela desfila desde de 2001 no Sambódromo carioca.
“O samba sempre esteve comigo, mas o carnaval foi consequência. O samba é, na verdade, uma questão cultural de família. Ver todo mundo reunido cantando, colocando para tocar nas festar lá de casa, as tias dançando… é tudo muito vivo na minha memória afetiva. Todas as nossas festas eram abastecidas por samba. E como morava na Tijuca, era meio inevitável que eu vivenciasse esses ambientes. Eu morei perto da Rua Conde de Bonfim por muito tempo, e as escolas ensaiavam lá. Eu ficava assistindo tudo de muito pertinho, o que alimentou o meu desejo de fazer parte daquele universo”, recordou ela, admitindo que os cuidados com o corpo não estão como prioridade para a grande festa.
“Existe um período para esses cuidados. Se eu falar que eu penso nisso o ano inteiro eu vou estar mentindo. O samba eu curto o ano inteiro, lógico, mas os preparativos para o carnaval têm o seu tempo. Porque seria um pouco desgastante, existe uma doação. Mas, na verdade, comigo acontece muito naturalmente. A minha preparação é feita sambando mesmo. Porque, depois que eu subo no palco, não quero descer nunca mais. E para eu me sentir um pouco mais confortável, eu também faço o treinamento aeróbico para melhorar o condicionamento físico. Recentemente eu comecei a fazer pilates para dar uma equilibrada na minha coluna e no alongamento e gosto de exercícios funcionais”, revelou Juliana, que durante uma clique e outro se manteve firme na dieta à base de frutas, suco natural e biscoito de polvilho. Afinal, vida de rainha não é nada fácil.
No entanto, quem vê a atriz brilhando na telinha da Globo e durante todo o carnaval há mais de 13 anos, nem imagina os perrengues que a musa já teve que passar. Nascida em uma família de classe média baixa, Juliana sempre esteve envolvida em projetos culturais, mesmo não acreditando que um dia poderia se tornar de fato uma integrante do seleto núcleo de atores da emissora carioca. Mas com os pés nos chão continuou sonhando. “A gente nunca passou fome, mas os perrengues e momentos de dureza aconteciam. Mutas vezes ficava fazendo hora no mesmo lugar para não ter que transitar pela cidade e gastar mais com passagem. A minha família tanto por parte de pai quanto por parte de mãe é composta de pessoas bem humildes. Hoje, eu gostaria de proporcionar mais conforto para a minha família, Mas eu vejo que minha mãe e meu pai ficam bem orgulhosos da minha carreira. O conceito de felicidade passa por isso também: ver minha família feliz e tendo condições de uma vida digna”, comentou ela visivelmente emocionada, que apesar das dificuldades sempre foi incentivada a se envolver com projetos culturais.
“A arte chegou antes da vocação e antes da carreira. Eu sempre fui totalmente impregnada e influenciada por conta da minha família e da minha mãe me incentivar a fazer escola de dança e teatro. As atividades culturais sempre foram muito presentes na minha vida. Mas eu não tinha pretensão de ser atriz, porque eu não acreditava muito que um dia eu pudesse viver disso e que fizesse da arte sustento. E ao longo da carreira fui tendo oportunidades e observando sinais de que isso tudo era possível. Acho que o universo foi conspirando e as coisas acontecendo muito naturalmente”, avaliou. Para quem não lembra, Juliana foi uma das participante do “Big Brother Brasil 3″. Foi ali que a atriz começou a perceber que o momento de investir na carreira, finalmente, tinha chegado.
“O Big Brother veio para me agregar no fator sorte. Eu tive a sorte de ser vista por muita gente e, principalmente, por pessoas que poderiam me dar boas oportunidades. E quando eu entrei no programa eu já estava nessa construção para engatar uma carreira. Na época, eu já fazia teatro amador e tinha o início de uma estrada. E com isso as coisas se tornaram mais viáveis”, ponderou ela, que não acredita ter mudado muito desde que participou do reality show, no ano de 2003. “Eu considero que é muito mais uma diferença de experiência de vida e trabalho, mas a pessoa Juliana não sofreu muitas alterações na sua essência. No entanto, hoje percebo que tenho muito mais segurança e propriedade para saber o que eu quero e para me desapegar de outras coisa que eu queria antes, mas que hoje não fariam o menor sentido. Arrependimentos eu não tenho, acho que todas as coisas precisam ser vividas. Acho que nada é por acaso, eu sou dessa filosofia”, refletiu a artista.
E parece que não mudou mesmo. Muito consciente de seu papel na sociedade, Juliana participa desde seus 18 anos da ONG Criola, onde até hoje segue em parceria, na qual luta contra o preconceito à mulheres negra. De acordo com ela, é importante que casos como o da jornalista Maju, das atrizes Taís Araújo e Sheron Menezes e das cantoras Ludmilla e Preta Gil sejam sempre divulgados. “O racismo não é algo novo. É algo constante nas nossas vidas. Todas as pessoas negras já viveram isso ao longo da vida, umas com mais consciência outras com menos consciência. Eu fui criada para prestar atenção sempre, porque você estando atenta e posicionada, estará forte para mudar. Mudar internamente e externamente. Ao longo da vida eu já passei por algumas situações chatas e hoje passo nas redes socais. A divulgação do problema é importante, mas é preciso ir além. A ONG Criola, onde eu trabalhei durante toda a minha adolescência, e ainda continuo atuante, tem um projeto que se chama ‘Racismo Virtual, as Consequências São Reais’, que denuncia exatamente esse tipo de crime. Esses casos que aconteceram agora só servem para gente deixar claro para as pessoas que não acreditam que o Brasil é um país racista. O racismo é real, sempre aconteceu e vai continuar acontecendo enquanto não houver mudança de mentalidade, cultura e educação”, afirmou ela, que acha inaceitável o negro ainda ser apresentado apenas como escravo na rede de ensino. “As escolas deveriam mostrar a verdadeira história do negro e não martelar que somos apenas descendentes de escravos. Isso aconteceu? Claro, mas é preciso mostrar que essas pessoas também têm o seu valor e não podem ser tratadas como mercadoria”, comentou.
Falar sobre engajamento social com Juliana, aliás, rendeu assunto. Em tempos de movimentações culturais e manifestação sobre o direito do próprio corpo, a atriz não abaixou a cabeça para o machismo e relatou que vivemos em um país misógino. “Existe muita deturpação do que é o feminismo hoje em dia. Tem gente que acha que a mulher feminista tem ódio de homem, é mal amada, não e raspa o sovaco… mas não é bem assim. Existe muitos preconceitos, quando na verdade, o movimento propõe uma consciência de que as mulheres não estão atrás nem subordinadas aos homens. Elas merecem um espaço igualitário, boas oportunidades e condições melhores na vida. Seja em casa, no trabalho, na sociedade… Se você se opõe a isso, naturalmente você é machista. Existe diversidade entre as mulheres. Mulheres que têm escolhas diferentes e caminhos diferentes. E cada uma dessas escolhas precisam ser respeitadas”, pontuou ela, que ainda comentou a sexualização da mulher nas grandes mídias, inclusive na televisão e no cinema. “A mulher pode ser o que ela quiser ser. Quando eu falo isso tudo, eu me preocupo que aquela atitude que essa pessoa está tomando, seja algo que ela esteja respeitando a vontade dela. Se ela está em uma postura sexualizada, eu acho que está valendo. Ela só não pode se flagelar em prol de uma coisa que desrespeite a sua alma”, ponderou. E Juliana é dessas que sabe que pode ser aquilo que quer.
Agora, voltando a falar um pouquinho mais sobre os trabalhos da moça, apaixonada pela arte de atuar, Juliana revela que sente falta de voltar para os palcos, mas atualmente acha difícil conciliar o teatro, televisão, e mais dois filmes que está prestes a lançar. “Gostosas, Lindas e Sexies”, longa dirigido pelo namorado, conta a história envolve quatro gordinhas Cacau Protásio, Lyv Ziese, Caroline Figueiredo e Mariana Xavier e foi inspirada na série norte-americana “Sex and the City”, além de “Comédia Divina”, filme de Toni Venturi e estrelado por Mônica Iozzi e Murilo Rosa. “Eu tenho muta vontade de voltar para o teatro. É o que eu mais gosto de fazer, mas é o quer menos faço. É o local onde eu me sinto mais feliz. Mas não posso reclamar, porque toda vez que eu estou pensando em um projeto eu sou chamada para algo na televisão ou no cinema. Artisticamente eu prefiro fazer uma coisa de cada vez”, completou ela.
Créditos:
Foto: Daniel Benassi
Styling: Anderson Vescah
Beleza: Titto Vidal
Agradecimentos:
Hotel Royal Tulip
Onde encontrar:
http://www.leader.com.br/
http://www.cavalera.com.br/
https://pt-br.facebook.com/
joalheriaterezaxavier/
https://www.usereserva.com/
http://www.animale.com.br/
http://www.laboratoriofantasma.com/
http://www.abrand.com.br/
http://www.zibba.com.br/
http://www.martu.com.br/
http://www.ambicione.com.br/
http://www.morenarosa.com.br/
Artigos relacionados