Prestes a estrear ‘Pantanal’ Bruna Linzmeyer diz: ‘Nadei no rio onde tinham ariranhas. Lá, nós é que somos intrusos’


A atriz, junto de parte do elenco, do autor Bruno Luperi e do diretor Rogério Gomes, bateu um papo sobre a estreia de ‘Pantanal’, no próximo dia 28. Além de falar da personagem, Bruna dividiu curiosidades: “A parte dos jacarés é linda demais, eles não são um perigo pra gente. Não vi sucuri e nem onça. Mas vi a ariranha e foi intenso (risos). Quando ela passava, eu saía do rio. Essa sensação de nos sentirmos um ‘animal humano’ é uma inversão de lógica e é uma sensação importante de sentirmos hoje. Lá, nós somos os estranhos, os intrusos”

Prestes a estrear 'Pantanal' Bruna Linzmeyer diz: 'Nadei no rio onde tinham ariranhas. Lá, nós é que somos intrusos'

*Por Brunna Condini

Um novelão daqueles para arrebatar corações. A partir do dia 28, o remake de ‘Pantanal’ entra com essa proposta na grade da Globo. O folhetim, originalmente escrito por Benedito Ruy Barbosa há 32 anos, agora é a grande aposta do horário nobre da emissora, que rejeitou a trama no passado. Adaptada por Bruno Luperi, neto de Benedito, a obra traz como mote a frase ‘a maior força da natureza é o amor’. “A ideia é que a dramaturgia desenvolvida pelo meu avô há três décadas seja trazida para luz do nosso tempo. Acho que conseguimos, que o trabalho está à altura dele. É um obra prima. O grande desafio foi justamente preservar o texto original, trazendo-o para o presente”, diz Bruno, em coletiva realizada nesta segunda-feira (14), em que também estiveram presentes o diretor Rogério Gomes, parte da equipe criativa e do elenco. “Essa novela foi um divisor de águas na carreira do meu avô. Fora o sucesso, é a prova que ele estava certo. ‘Pantanal’ tinha que ter sido feita na Globo, foi concebida na emissora”, completa, sobre a novela que foi realizada pela primeira vez em 1990, na extinta Rede Manchete.

Bruna Linzmeyer (Madeleine), Renato Goés (José Leôncio) e Filó (Letícia Salles): viverão triângulo em 'Pantanal' (Divulgação)

Bruna Linzmeyer (Madeleine), Renato Goés (José Leôncio) e Filó (Letícia Salles): viverão triângulo em ‘Pantanal’ (Divulgação)

“Meu avô me deu total apoio para esta adaptação, me deu sua benção. Está com 91 anos, lúcido, bem, falando sobre trabalho. É um momento especial, não só na minha carreira. É um privilégio poder me dedicar dois anos a um projeto dele, uma forma de retribuir tudo que fez por mim, pela nossa família. É uma terapia que faço com esse texto. Ele até chorou quando eu disse que isso tudo, é como na música de abertura, do Marcus Viana: “Os filhos dos filhos dos filhos/Dos nossos filhos verão”. Vai acontecer isso agora. Os netos, bisnetos verão esse projeto”.

Bruna Linzmeyer falou sobre sua Madeleine, vivida na primeira versão da novela por Ingra Lyberato, e na atual por Bruna, em uma primeira fase, e mais tarde por Karine Teles. Madeleine conhece José Leôncio (Renato Góes) no Rio de Janeiro e se envolve com o boiadeiro. O casal se apaixona e tem um filho: Jove. Eles decidem, então, se mudar para o Pantanal. Mas a personagem de Bruna não se adapta ao ambiente e decide retornar ao Rio com o filho – que anos depois decide retornar ao Pantanal para restabelecer uma conexão com o pai, José Leôncio (Marcos Palmeira).

Em um primeiro momento, Madeleine abandona tudo por amor. Você deixaria a vida que tem para viver um amor em outro lugar, começar uma nova história? “Estou aqui por amor. Voltei para o Mato Grosso do Sul para fazer um filme, gravei até tarde, estou sem dormir direito, mas estou muito emocionada de estar aqui falando da novela, por amor. Estou fazendo a Madeleine por amor. Tudo que faço na minha vida é por amor”.

 "Estou fazendo a Madeleine por amor. Tudo que faço na minha vida é por amor, faço tudo por amor" (Divulgação)

“Estou fazendo a Madeleine por amor. Tudo que faço na minha vida é por amor, faço tudo por amor” (Divulgação)

A atriz também comentou sobre a construção da relação de irmãs com Mallu Rodrigues, a personagem Irma na trama. “Foi muito lindo. Só nos encontramos para gravar no Pantanal mesmo, e desenvolvemos essa intimidade, rolou uma conexão. Tivemos tempo de conviver, foi uma farra. A relação das irmãs na ficção, é muito intensa e paradoxal. Ao mesmo tempo que se amam e têm uma à outra, é complexo. Têm inveja, ressentimento”, detalha. “Deixamos fluir essa raiva e ao mesmo tempo essa paixão que uma irmã tem pela outra, coisa de irmãs mesmo. Tudo isso está impresso nas nossas personagens”.

Família na ficção: Irma (Mallu Rodrigues), Madleine (Bruna Linzmeyer), mãe, Mariana (Selma Egrei), e o pai Antero (Leopoldo Pacheco) na primeira fase de 'Pantanal' — (Foto: João Miguel Júnior/Globo)

Família na ficção: Irma (Mallu Rodrigues), Madleine (Bruna Linzmeyer), mãe, Mariana (Selma Egrei), e o pai Antero (Leopoldo Pacheco) na primeira fase de ‘Pantanal’ — (Foto: João Miguel Júnior/Globo)

Provocante e subversiva por natureza, Madeleine não dá a mínima para qualquer convenção social. “Tenho alguma conexão com ela, essa coisa de querer ir embora. Assim como eu quis ir embora de onde cresci e nasci”, contou a atriz, nascida em Corupá, Santa Catarina. Na coletiva, Bruna falou ainda sobre momentos no Pantanal que poderiam ser considerados ‘perrengues’. “Talvez o maior era o abrir e fechar da porteira no local onde estávamos instalados. E o deslocamento diário. Fora a logística para este deslocamento, que era de uma hora e meia para ir e voltar. Ou de carro ou em um aviãozinho, que tínhamos medo de pegar (risos)”, recorda Bruna.

"Estava muito encantada pelo Pantanal, é muito exuberante. Ao mesmo tempo, tentava olhar para o lugar com os olhos da Madeleine, porque ela não tem um bom encontro com o lugar" (Reprodução)

“Estava muito encantada pelo Pantanal, é muito exuberante. Ao mesmo tempo, tentava olhar para o lugar com os olhos da Madeleine, porque ela não tem um bom encontro com o lugar” (Reprodução)

“A parte dos jacarés é linda demais, eles não são um perigo pra gente. Não vi sucuri e nem onça. Mas vi a ariranha e foi intenso (risos). Quando ela passava, eu saía do rio. Essa sensação de nos sentirmos um ‘animal humano’, é uma inversão de lógica, e é uma sensação importante de sentirmos hoje. Lá, nós somos os estranhos, os intrusos”.

E comenta sobre a complexidade de sensações dessa experiência para o resultado da personagem. “Estava muito encantada pelo Pantanal, é muito exuberante. Ao mesmo tempo, tentava olhar para o lugar com os olhos da Madeleine, porque ela não tem um bom encontro com o Pantanal. Queria passar as angústias dela, essa sensação de isolamento, lá é um horizonte sem fim. Para Madeleine, o lugar representa angústia, solidão. Para Bruna, era um deslumbramento. Então vivi esse conflito”, analisa.

“Estar em uma locação tão poderosa quanto o Pantanal também favorece essa essa imersão, também é sobre respeito. Eu falava com os encantados e encantadas que existem lá. Pedia permissão, tenho essa vivência espiritual grande, então pedir para entrar naquele universo era importante. Outra coisa que me ajudou na vivência da Madeleine, foi conhecer outras ‘Madeleines’, ‘Filós’ por lá. Havia uma vila perto de onde estávamos e batíamos papo com as pessoas. Encontrar esses personagens da vida real foi muito importante. Ficava impactada com as histórias que ouvíamos, sou grata por essas pessoas terem nos recebido em suas casas e dividido isso. Estou muito emocionada com esse trabalho”.