Uma juíza durona. Um cara malandro e apaixonado. Um filho adolescente com muitas dúvidas. Uma sonhadora. Uma faxineira. Esses e outros 36 personagens participam do cenário inusitado em que se passa o filme ‘Ninguém Entra, Ninguém Sai’, dirigido por Hsu Chien. Na comédia que estreia dia 4 de abril, várias pessoas desconhecidas são obrigadas a conviver dentro de um motel bem-conceituado que entrou em quarentena. A loucura começa quando um funcionário é diagnosticado com um vírus desconhecido. Para que a doença não se espalhe, os hóspedes temporários e alguns empregados são impedidos de sair. Em um grande caldeirão de histórias, algumas situações se completam e se interligam no filme. “A maior preocupação que eu tive foi de trabalhar com tantos personagens, cada um com personalidades muito impactantes e fortes. Além disso, o nosso elenco conta com os melhores humoristas que existem no mercado. Cada um veio de uma escola de humor e geração diferente”, contou o diretor originário do Taiwan. Apesar disso, as diferenças entre os estilos de comédia poderiam ser um problema para Chien. A receita do sucesso foi definir uma linha humorística para que o entrosamento dos atores funcionasse, sem prejudicar a trama. “De esquizofrênico já basta a narrativa”, afirmou ele. Por causa disso, o improviso foi pouco requisitado pois poderia gerar uma confusão nas regras impostas.
O lançamento está acontecendo em um momento em que o mercado brasileiro possui muitas opções diferentes de comédias. Mas o elenco garante que a qualidade deste filme surge pela junção de diferentes feras do gênero. “Esse filme tenta buscar um pouco das comédias antigas, da época dos Trapalhões. Tem uma volta para essa escola. Apesar de se passar em um motel, é leve e delicioso. Não é agressivo. O diferencial é juntar várias idades e vertentes em um mesmo espaço. A gente se divertiu trabalhando, viramos uma família. Trabalhar se divertindo muda o contexto. É possível ver a felicidade na tela, principalmente no cinema, que fica gigante”, brincou a atriz Danielle Winits, que interpreta a juíza Leticia que é dominatrix e, por coincidência encontra o filho na mesma situação, trancafiado junto dela. João Côrtes, que interpreta o garoto na trama, completou: “Este longa-metragem ocupa um lugar muito particular da comédia que eu adoro. Uma pegada anos 50, personagens trapalhões. É um humor lúdico, do absurdo, leve e despretensioso. Não queremos mostrar a realidade. A proposta é entreter, puramente”, explicou.
Já atriz Mariana Santos contou que seu papel foi um diferencial na sua carreira. “A Margot é virgem, não se enquadra nesse mundo do motel e acaba caindo numa cilada. Ela é muito fora da casinha, está à procura um grande amor e acaba se apaixonando loucamente nesse confinamento que é obrigada a ficar. O que me encantou nela é o lado humano. É uma personagem muito fofa e diferente das que já fiz. Me possibilitou não fazer comédia por fazer, porque tem uma pegada sentimental muito forte”, informou.
Para o diretor, foi complicado criar um filme que pudesse se destacar das outras comédias do mercado. Hsu Chien resolveu abordar uma narrativa diferente da que, segundo ele, é muito comum e esperada. “Os temas desse gênero, geralmente, envolvem pessoas que querem ficar ricas. Quero trazer a ideia de ser feliz. Quando essas pessoas são obrigadas a ficar em uma quarentena se transformam humanamente. Tem um lado romântico e dramático muito interessante. Além disso, a gente cutuca a questão política e socioeconômica do Brasil. Ataca todos os lados”, salientou. Dessa forma, o foco da narrativa iria além do riso. Fazendo parte do elenco principal, o ator Emiliano D’Ávila concorda com ele. “É um humor puro. Além de não ser apenas comédia. Há trechos de romance e suspense”, lembrou Emiliano que na trama faz o garanhão, Edu. O rapaz é apaixonado pela namorada Suellen, interpretado por Letícia Lima. Na pré-estreia que rolou no dia 25 de abril, a atriz se recusou a dar entrevistas. A cantora e namorada da atriz, Ana Carolina, marcou presença para prestigiar Leticia no dia.
Durante a narrativa, de acordo com Danielle, várias histórias particulares são expostas. Cada pessoa possui seus questionamentos que tentam ser resolvidos durante aquele período de dias em quarentena. “Ele é tranquilo, travado e tem algumas questões com a sexualidade, está se descobrindo. Tem alguns desafios para superar, como uma relação com a mãe e com a Bella Piero, que é a namorada, que precisam ser resolvidas. Para completar, o meu personagem é menor de idade e está no motel na ilegalidade”, afirmou Côrtes.
Completando a festa, o cantor Sidney Magal é o dono da trilha sonora do longa. Além disso, atua como o dono do motel. Infelizmente, ele só aparece em uma cena. No entanto, acredita estar sendo homenageado. “O meu papel foi muito pequeno, não tive tempo de curtir o personagem. Assim como ele, eu cheguei no final quando a brincadeira e a confusão já estavam instaladas no set de filmagens. Para mim, quando tocam uma música minha é uma homenagem. Saber que os personagens estão curtindo o som é um presente, como cantor. A minha participação é pequena, mas divertida porque a história é sensacional”, contou.
Foi quase um mês de gravação, em março do ano passado. O cenário foi criado especialmente para a produção. “A gente se entrosou muito bem. Cinema dá trabalho e acabamos convivendo muito juntos”, assegurou Mariana Santos. João Côrtes concorda com ela e afirma que durante esse tempo, pareciam estar vivendo uma quarentena. O grupo passava o dia todo gravando. “Já tive um caso parecido com esse do filme, também. Fiquei preso no elevador durante umas cinco horas. Eram seis pessoas, mas, graças a Deus, o elevador era grande. Não nos conhecíamos e acabamos virando amigos”, lembrou.
A classificação ainda não foi indicada, mas o elenco garante que é um humor para todos, apesar da trama se passar em um motel. “É um filme para a família toda. As pessoas podem esperar se divertir com um elenco maravilhoso. Sou muito fã deles e a direção é muito boa. É o cinema da melhor qualidade”, afirmou Guta Stresser. A atriz faz a faxineira do motel, Francisca. “Ela fica chateada por ser obrigada a ficar confinada naquele estabelecimento depois do horário de trabalho. Mas ao longo do filme se revela outra pessoa”, lembrou.
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