Perto de estrear seu primeiro projeto internacional, Deborah Secco inaugura loja sob a ótica da economia circular


Com 16 novelas no currículo, atriz investe em sua verve empreendedora e inaugura a “Peça Rara”, loja no segmento de moda e vestuário que aposta no second hand como forma de valorizar o consumo consciente e a sustentabilidade.  Atriz celebra o seu primeiro projeto internacional, a série “Codex 32” – coprodução entre a RTP, a SPi e a Globoplay – com gravações previstas para o mês de julho. Deborah Secco relata ainda que a pressão estética sobre si já foi tão intensa que ela evitava de ir à praia a fim de que não pegassem um ângulo que a pudesse desfavorecer. Aos 42 anos tenta mandar às favas a cobrança que recai, especialmente sobre as mulheres. Embora tenha estreado na TV ainda antes dos 10 anos, Deborah fala-nos sobre um desejo da sua filha, Maria Flor: “Ela manifesta o interesse, sim”

*Com Vítor Antunes

Em um fim de semana movimentado, Deborah Secco ficou na ponte aérea entre Parintins, Rio de Janeiro e Fortaleza. Na cidade do interior amazonense, a atriz curtiu o primeiro dia do Festival Folclórico de Parintins. Ela, que nunca havia ido à capital do boi bumbá, emocionou-se com a tradição da disputa entre os bois Garantido e Caprichoso que compõem a festa. E na qual este último foi declarado campeão. Deborah prometeu voltar a Parintins, levando o marido e a filha à festa. Tão logo deixou a cidade amazonense, guiou-se ao Rio de Janeiro, onde inaugurou um novo braço sob o guarda-chuva dos seus empreendimentos: Peça Rara, uma loja de second hand, e voltada para a economia circular em prol da sustentabilidade. A atriz conversou com a gente com exclusividade sobre novos projetos: A série “Codex 632”, uma coprodução da Globoplay com a produtora portuguesa SPi e a RTP. Este não é o seu primeiro projeto para o streaming, mas outro também, “Rensga Hits“, que deve estrear ainda este ano. Além dela, seu marido Hugo Moura também está no elenco.

Deborah Secco inaugura loja no shopping Downtown (Foto: Agnews)

A contrário das férias, que inclusive está experienciando agora junto à família, no Beach Park, em Fortaleza, Deborah Secco continua nas telinhas. Pouco tempo depois da exibição de “Salve-se Quem Puder“, a atriz encontra-se novamente no ar, em decorrência da reprise de “A Favorita“, seu primeiro trabalho com o autor João Emanuel Carneiro.

Deborah investe no segmento da beleza para todos os corpos e reconhece estarem havendo progressos na diminuição da cobrança por padrões: “Estamos caminhando para se livrar dessa pressão estética, que cria protótipos de perfeição. A gente teve sempre de se mostrar perfeito publicamente e, no campo pessoal, nunca pude mostrar meus erros, meus tropeços. Eu tentava evitar de mostrar fotos na praia, porque podiam não me pegar no melhor ângulo, mas hoje eu estou bem liberta. Eu sei que há um julgamento e um tribunal nas redes sociais, mas eu estou mais focada em não julgar o próximo, em olhar o outro com empatia amor, compreendendo os nossos defeitos. Eu não dou importância aos haters e aos tribunais da rede sociais na internet. Estou me aceitando cada vez mais como humana sujeita a erro e aprendendo a lidar com isso tirando a pressão da perfeição. Cada vez mais eu entendo que sou o melhor que posso ser”, contemporiza.

Hugo Moura, Maria Flor e Deborah Secco na inauguração da “Peça Rara” (Foto: Daniel Pinheiro/AgNews)

Inauguração de novo empreendimento e a verve empresária

“Peça Rara” é a primeira loja da atriz a trabalhar com a venda direta ao consumidor, sendo o seu quarto empreendimento. Além da filial carioca da “Peça Rara”, a atriz é investidora e diretora criativa da Singu, uma startup voltada para manicures; é proprietária da Espaço Facial, uma empresa voltada para estética do rosto, e a “Mais Cabelo”, que se destina aos tratamentos capilares, tanto através do transplante como do tratamento dos fios.

Deborah Secco e filha, Maria Flor (Foto: Agnews)

Sobre a nova loja, que investindo no segmento second hand, tendo como protagonista a moda circular. Deborah Secco conta-nos que “Vinha procurando empresas para investir e fiquei interessada em apostar na verve empreendedora. Esse é um tema que faz muito sentido pra mim, que é o de fazer a economia circular através do consumo consciente. Eu acho cada vez mais necessário pro mundo e para o planeta (discutir este tema), e isso começou a fazer muito sentido pra mim. Procurei por algumas empresas e gostei demais da “Peça Rara” não só em razão de ela pregar esse propósito, mas de vivê-lo. Como eu sou uma pessoa muito ‘de verdade’, eu gosto de coisas que são ‘de verdade’”.

Oriunda de Brasília, a “Peça Rara Brechó”, cuja CEO é Bruna Vasconi, está espalhada pelo Brasil e tem grande abrangência de produtos, como artigos de vestuário adulto e infantil, além de brinquedos e móveis. A maioria dos fornecedores dos produtos das lojas são os próprios clientes.

Bruna Vasconi, a CEO da “Peça Rara” e Deborah Secco. Parceria na leitura de uma moda que passe pelo conceito da economia sustentável (Foto: Daniel Pinheiro/AgNews)

Projetos novos, streaming, o futuro da TV aberta e a reexibição de “A Favorita”

Respeitando o ofício que a fez famosa, a atriz fala sobre as novidades em sua carreira artística. Dentre as quais, “Codex 632”. O projeto trata-se de uma série de seis episódios, baseada no livro homônimo do jornalista José Rodrigues dos Santos. O roteiro coube ao português Pedro Lopes, vencedor do Emmy de melhor telenovela por “Laços de Sangue”, em 2011. O projeto, uma coprodução, envolve a produtora portuguesa SPi, a TV lusitana RTP e a Globoplay, terá gravações em julho e contará, além de Deborah Secco, com Paulo Pires nos papéis protagonistas. Animada com um projeto desse porte, a atriz destaca ser esta “sua primeira experiência internacional. Quem sabe não vai ser o meu primeiro passo para uma longa carreira?”, sinaliza.

“Codex 632” trata-se do segundo trabalho de Deborah Secco voltado para o streaming. O primeiro, “Rensga Hits”, tem previsão de lançamento para o este segundo semestre deste ano. Com uma carreira toda pautada em trabalhos para a TV aberta a atriz ainda está analisando a revolução de linguagem oriunda das multiplataformas: “A gente está num momento de transformação com a entrada dos players de internet no nosso país. Não apenas aqui, mas no mundo inteiro. Porém, a TV aberta ainda tem um público grande e específico e ainda vamos entender, no futuro, para onde vamos”.

Atualmente, Deborah pode ser vista na reprise de “A Favorita”. A novela, exibida em 2008, foi a primeira de João Emanuel Carneiro na faixa das nove. Embora tenha tido um affair com Cassiano, vivido por Thiago Rodrigues, a personagem viu-se no centro de uma polêmica por haver ficado noiva de Orlandinho (Iran Malfitano), que era assumidamente gay.  Inclusive, o fato do personagem haver sido incluído no núcleo cômico, que mais tarde receberia a personagem de Secco, não foi bem vista pela crítica na época. Todavia, o casal “moderno” ganhou apelo popular, e o pessoal do sofá passou a torcer para que eles terminassem juntos. “A Favorita” encontrou problemas de audiência em seus primeiros capítulos quando da primeira exibição, mas engrenou logo em seguida. Dez anos mais tarde, atriz e autor trabalharam juntos em “Segundo Sol” para a faixa das nove de novelas da Globo.

Em “A Favorita”, Deborah Secco viveu Maria do Céu, que teve affair com Cassiano (Thiago Rodrigues), e causou polêmica por ficar noiva de Orlandinho (Iran Malfitano), que era gay (Foto: Divulgação TV Globo/Ivone Perez)

Deborah e Maria Flor: O desejo de ser atriz nascido na infância

A necessidade de equilibrar a vida pessoal – maternidade e casamento – a uma carreira muito produtiva é um grande desafio, do qual a mãe de Maria Flor, de 6 anos, enfrentou: “É uma loucura! Tal qual a vida de mais de 90% das mulheres, e talvez até sejam mais, que vivem de equilibrar pratinhos e se adaptar a diversas frentes de pensamentos, trabalhos e preocupações. Mas não tenho dúvida de que a maternidade é o melhor de mim. A profissional que sou hoje se moldou muito em razão do fato de eu ser mãe. Faço muitos trabalhos pensando no exemplo que vou dar para a Maria”.

Na mesma faixa de idade, aos 7, Deborah Secco, contra a vontade da mãe, ligou insistentemente para a TV Manchete pedindo emprego. Articulada, a garota conseguiu falar com a produtora de elenco da extinta emissora e a convenceu a ser contratada. De modo que o primeiro trabalho da mãe de Maria Flor na TV foi na abertura do programa “Clube da Criança”, que Angélica apresentava na TV dos Bloch. Pouco tempo depois, fez seu primeiro papel importante na Globo, na novela “Mico Preto”, aos 10.

Deborah Secco aparecia na abertura de “Clube da Criança”, em 1985, por dois segundos. Na época, a atriz tinha quase a mesma idade de sua filha (Foto: Reprodução TV Manchete)

Aliás, no que depender da filha de Deborah, o caminho trilhado pela mãe pode se repetir. A menina aponta também querer ser atriz: “(Maria) manifesta sim em interesse em fazer atividades artísticas, mas ela é muito novinha para a gente bater o martelo. Eu, como mãe, e farei esforços para viabilizar os desejos, tentar ser ouvido e, se possível, realizar todos os sonhos dela para tudo o que ela deseja”. A menina, inclusive, já fez uma participação em “Salve-se quem puder”, ao lado da mãe.

Como diz a música de Caetano Veloso, “O tempo não para e no entanto ele nunca envelhece”. A ‘força estranha’ que levou Deborah aos palcos parece ser a mesma que estimula sua filha a seguir os seus passos. Se trata-se de uma referência ou de uma reverência de um chamado ou de uma vocação, só o tempo dirá. Ele, que não para, nunca envelheceu para a perseverante mulher que tem de idade quase o mesmo de carreira. Sempre protagonista da própria história.

Maria Flor e Deborah Secco em cena de “Salve-se quem Puder”. A mãe diz ainda ser cedo para “bater o martelo” sobre a estreia definitiva da filha em trabalhos artísticos (Foto: Divulgação/TV Globo)