Paulo Betti e o sucesso de Téo na reprise de Império: ‘Na rua perguntam até para minha mulher se sou gay’


O ator estará na faixa das 18h, na Globo, na próxima novela ‘Além da Ilusão’. Atualmente, ele está noivo de Dadá Coelho e pode ser visto na reprise de ‘Império’, onde encarnou o controverso blogueiro Téo Pereira. “Quando eu estou andando na rua as pessoas acenam e falam: ‘curuzes’ e ainda ‘como o Paulo foi fazer aquele personagem?’ ‘Será que ele é gay mesmo?’ Às vezes perguntam isso até para a minha mulher”. E mais: Paulo Betti fala da relação com as ex-mulheres: ‘Seria um desastre realmente se a gente não se entendesse’

Téo (Paulo Betti), o blogueiro que deixa todos os poderosos da família do Comendador (Alexandre Nero) com cabelos em pé com suas matérias (Foto: Divulgação/TV Globo)

O ator Paulo Betti, que quarta-feira completa 69 anos, atualmente está sendo visto na reprise de Império, de Agnaldo Silva, exibida originalmente em 2014. No folhetim, o artista deu vida a Téo Pereira, um blogueiro maldoso, sedento em expor a vida alheia, que mesmo tendo atitudes um tanto quanto inescrupulosas, conquistou a popularidade dos espectadores. Gosto muito do personagem, quando vejo eu me divirto e penso assim: ‘que maluco que eu fui de fazer dessa maneira?’ No início houve uma estranheza, porque o personagem é muito exagerado. O Téo é exagerado. Eu o fiz assim dessa maneira, e hoje eu vejo com muita alegria, porque na pandemia o personagem provoca riso e isso é bom. Quando eu estou andando na rua as pessoas acenam e falam: ‘curuzes’ ou ‘como o Paulo foi fazer aquele personagem?’ ‘Será que ele é gay mesmo?’ Às vezes perguntam isso até para a minha mulher”, revelou em podcast para o GShow.

Até então, o personagem seria do ator José Wilker, morto em abril de 2014 após um infarto fulminante. Paulo Betti reviveu a construção de Téo. “Quando eu fui fazer o personagem, lá na fase de criação eu fui ler um especialista em fofocas que escreveu um livro fantástico que é ‘O Tratado Geral Sobre a Fofoca’, de José Ângelo Gaiarsa, um psicanalista muito famoso. O livro dele tem essa tese de que 80% do que a gente faz e fala é tudo fofoca. Se não me engano é o sexto trabalho que faço com o Agnaldo Silva”, conta.

E acrescenta: “Então, na hora que ele me passou o papel me deu preocupação inicial, um sentimento de estar recebendo algo que era de alguém muito meu amigo que tinha morrido. Me lembrei que  fui dirigido por Wilker em ‘Transas e caretas‘, que foi ele, junto com o Paulo Ubiratan que me trouxeram para a Globo. Ele também me dirigiu em ‘Perversidade sexual em Chicago‘, no teatro, e eu o dirigi em ‘Assim é, se lhe parece‘. Fomos parceiros na casa da Gávea, mas o que me tranquilizou definitivo foi que lembrei que passei para ele, de bandeja, a direção  da peça ‘Sábado, domingo e segunda‘. Pronto: eu já podia fazer o Téo. Wilker tinha feito um personagem gay em uma peça de teatro e ganhou todos os prêmios naquele ano com aquele trabalho. Era um ator com quem trabalhei muito”, relembrou.

Téo (Paulo Betti) e Érika (Leticia Birkheurer), a repórter. Até onde vai a ética do blogueiro? (Foto: Divulgação/TV Globo)

Recentemente, Betti pediu a atriz e humorista Dadá Coelho em casamento, durante uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro. O casal está junto há cinco anos. Ele ainda falou com carinho da sua relação com as suas ex-mulheres, as atrizes Maria Ribeiro e Eliane Giardini.  “Nada é fácil. Tudo é uma construção que passa por processos diversos da dor, da raiva, do ódio, do amor romântico, do folhetim. Minha parceria com a Eliane é bíblica. Nós estivemos 25 anos juntos e, no começo da carreira, fomos suportes um para o outro. Fomos tudo! Tenho duas filhas com a Eliane, e seria um desastre realmente se a gente não se entendesse.” Afirmou, relembrando a última parceria com Eliane no folhetim Órfãos da Terra, exibida em 2019.

Sobre Maria Ribeiro, o ator contou uma curiosidade envolvendo a atriz recentemente. “Outro dia estávamos assistindo futebol na casa da Maria, com o Caio Blat, e o atual namorado da Maria. Eu com meu filho, João, Caio com o filho dele, Bento, e o namorado da Maria com o filho dele. A Maria não estava! Ela tinha ido filmar no Rio Grande do Sul. Isso não é fácil de conseguir. Tem que trabalhar, aceitar o outro”, observa.

O ator, autor e diretor que está comemorando niver, lembra com carinho do início da carreira com teatro amador. Eu tinha um professor na escola de teatro, Paulo Mendonça, ele dizia: “um sujeito com 40 anos que não pensa pelo menos uma vez por dia na morte é um idiota!” Desde a minha meia-idade eu sempre pensei muito na morte e convivi muito, porque eu fui filho de pais velhos. Então eu vi meu avô morrer, minha avó morrer. Naquela época morria em casa, era no quarto, então me lembro de cenas relacionadas com a morte, eu com 10 anos vendo meu avô segurando uma vela, rezando, num quarto escuro.”

Ano que vem, Paulo vai fazer 50 anos de carreira e estará na faixa das 18h, na Globo, na novela Além da Ilusão, de Alessandra Poggi. A preparadora é tão maravilhosa e a autora da novela entraram na roda e estão participando junto com os atores. Me dei conta que estou inseguro, não sei se isso é gostoso, mas mostra que estou vivo como ator”, enfatiza.

Ele completa criticando a falta de artistas veteranos nas produções atuais e como se cuida prestes ser um setentão. “Desde que entrei na televisão sempre fui ligado aos atores com muita experiência. Desde lá atrás quando comecei no teatro amador, eu ficava observando como cada um atuava nas peças. e recebia conselhos, indicavam livros e falavam muito sobre a arte de atuar. Os autores tem que entender que as pessoas também tem avós, parentes, tios, pais. Eu procuro me cuidar do ponto de vista físico, não me exceder, procuro ter uma disciplina com relação a aeróbica e procuro me manter sempre atuante. Tenho sempre assunto e dá pra você falar um monte de coisas, porque você já passou situações parecidas”, frisa.