Quem acompanha a novela das seis, da TV Globo, ‘Nos tempos do Imperador’, tem dado boas risadas com a família Pindaíba. A matriarca Carlota Maria Pindaíba, mais conhecida como Lota, é vivida por Paula Cohen. Ela é casada com João Batista (Ernani Moraes) e mãe de Bernardo (Gabriel Fuentes) e Nélio, (João Pedro Zappa). A deslumbrada Lota, que morava em Pindamonhangaba com o marido, se mudou para o Rio de Janeiro sonhando em ter um título de baronesa, ou ‘baroa’, como ela mesma faz questão de dizer. “Lota é dona de uma ética própria, que é medida por uma régua muito particular. É uma personagem cheia de camadas, pois tem uma obsessão pelo título de nobreza, pela questão social das aparências, status e poder. Ela é muito voltada para si e passa por cima do que tiver que para conseguir o seu título de baronesa de Fervedouro”, revela a atriz.
A atriz, que recebeu o papel de Vera Holtz, que foi escalada incialmente, mas precisou deixar a novela por conta a pandemia, agradece pelo esse grande presente. “A Vera é uma grande inspiração. Por acaso, cursamos a mesma escola de teatro, a de Arte Dramática de São Paulo. Vera era uma das referências de grande atriz quando entrei lá. Tive a oportunidade de fazer a série ‘Eu, a vó e a Boi‘ (2019), do Globoplay, com ela e foi incrível vê- lá trabalhar”. Uma atriz brilhante, mulher inquieta com seu tempo, está sempre se questionando, se posicionando, performando. Acho ela o máximo! “, pontua.
A matriarca representa os novos ricos do Império e faz de tudo para demonstrar em sua aparência, beirando a cafonice, a Commedia Dell’ Arte e corte francesa, no século XVIII, deslocada da realidade. A caracterização traz muito pó de arroz, as bochechas redondas, assim como, a peruca remetendo à Maria Antonieta. Recém-chegados do interior, compram tudo o que é novidade, mas têm de aprender a usar, sempre buscando seguir o exemplo da nobreza. Lota nunca está natural com suas roupas e Batista passa por isso também. “Lota usa e abusa de perucas e apliques diferentes. Era a época do cabelo dividido ao meio e dos cachos. Ela usa roupas com recortes em andares, crinolina, armação de baixo, mas toda caracterização da Família Pindaíba representa o exagero”, conta a figurinista Beth Filipecki.
Filha de uruguaios, que chegaram ao Brasil em busca de emprego, Paula Cohen nasceu aqui, mas conta que só aprendeu a falar português quando entrou na escola. “Na minha casa só se falava espanhol. Fui criada indo muito para o Uruguai, e sinto essa necessidade de estar sempre lá, uma conexão com o local, com as raízes. Tenho um grande desejo de voltar em breve”. E comenta como acabou construindo uma sólida carreira nos palcos: “Eu tenho a liberdade de produzir o que eu crio, o que acaba sendo maravilhoso. Sempre fiz cinema e televisão também, mas desde a Rosicler, de ‘I love Paraisópolis’, 2015, comecei a ter mais oportunidades na TV”, frisa.
A atriz conta que a pandemia alterou bastante a sua rotina. “Eu me mudei e fui morar no mato, logo eu que sempre fui muito urbana. Sinto que vivi muitas transformações internas, me voltei para dentro, hoje em dia eu acabo olhando tudo com mais profundidade, tendo novas perspectivas”, revela.
A atriz revela que a preparação para viver Lota Pindaíba foi muito intensa. “Eu escrevia cada a cena num caderninho, como uma decupagem e ficava treinando. O que se tornou um mergulho interessante para ir ao encontro com os outros atores. E a Lota é uma personagem obcecada pela ascensão social, uma rica deslumbrada, uma mulher das aparências, que tem uma origem humilde e quer ser nobre a qualquer custo. Acabei trazendo um tom de comédia, que a personagem pedia. Estou muito honrada em fazer parte dessa obra de tanto sucesso e, principalmente, pela dimensão de poder contar um pouco da nossa história e proporcionar a reflexão e o senso crítico sobre figuras tão reais “, explica.
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