* Por Carlos Lima Costa
Uma das maiores estrelas da Globo nas últimas quatro décadas, Patricia Pillar, apesar de não ser mais contratada da emissora desde outubro do ano passado, vem sendo presença constante nos canais do grupo, graças às reprises da novela Renascer, no canal Viva; no Globoplay, com O Rei do Gado, e, agora, no Vale A Pena Ver de Novo, com A Favorita, na qual Flora, a primeira vilã de sua carreira, se tornou um de seus papéis mais marcantes, com cenas inesquecíveis com Donatela, rival da história, interpretada por Claudia Raia.
Quando a personagem se revelou foi uma surpresa para o público devido a narrativa construída desde o início da trama. “Foi uma grande virada, mas não foi nada forçado porque estava tudo ali construído no texto. A força da imagem pré-concebida que o público tinha de cada uma das duas despistou as verdadeiras intenções de Flora e Donatela. Essa brincadeira levou o público a fazer uma aposta errada”, diverte-se sobre a trama de 2028.
Isso subverteu a forma tradicional como as novelas são escritas, quando de imediato costuma ficar claro quem são os vilões. “Essa provocação do autor João Emanuel Carneiro foi de grande originalidade e uma aposta arriscada que me agradou muito. Ele construiu uma trama surpreendente e para os atores abriu o campo de atuação trazendo muita liberdade”, recorda.
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Patricia e Claudia precisaram construir a dualidade das personagens de forma que os espectadores ficassem em dúvida sobre o caráter de cada uma. O que resultou em um processo estimulante para ambas, neste primeiro encontro profissional em cena. “De cara tivemos uma cena difícil: O reencontro das duas depois que a Flora saiu da prisão. Ali já senti que seria um jogo muito gostoso”, frisa. Para ela, três cenas da novela ficaram bem marcadas em sua memória. A saída de sua personagem da prisão, a visita de Flora a Donatela na cadeia, onde diz que tomou tudo que era dela, e quando Flora confessa a inimiga que é uma assassina.
Vibrando com a reprise, desde o início desse mês, Patricia fez algumas postagens em sua página no Instagram exaltando esse grande sucesso, assim como fez falando de outros trabalhos que vem sendo exibidos como O Rei do Gado, que estreou no Globoplay, em novembro. Trabalhos marcantes a acompanham desde o início de sua trajetória na emissora, onde estreou em 1985 na icônica Roque Santeiro. A supersérie Onde Nascem os Fortes, exibida até julho de 2018, marcou o final da longa parceria marcada por trabalhos como Sinhá Moça, Rainha da Sucata, Salomé, As Noivas de Copacabana, Renascer, O Rei do Gado, O Rebu e Ligações Perigosas (atualmente pode ser vista no Globoplay). “Foi uma relação de respeito mútuo durante todo esse período. Deixo muitos amigos, uma bela história construída em parceria e a porta está aberta para novos projetos”, afirmou ela, ao site Metrópoles, na época em que o contrato não foi renovado.
Por sua trajetória profissional, Patricia recebeu uma emocionante homenagem em 25 de janeiro deste ano, na reinauguração do Cine Bijou, na Praça Roosevelt, Centro de São Paulo. A sala de exibição de filmes do espaço, que estava fechado há 26 anos, foi batizada como Sala Patrícia Pillar. “Fiquei muito feliz e honrada com essa novidade”, destacou em entrevista exclusiva ao site que você pode conferir abaixo:
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Nas últimas semanas, aliás, ela esteve entre os artistas que em suas redes sociais estimularam os jovens, que vão estar com 16 anos até 2 de outubro, a tirar o título de eleitor para participarem das eleições em outubro. Patrícia está sempre dando luz a causas sociais, a temas relevantes. “Defender os Direitos Humanos é um papel de toda sociedade. É garantir dignidade independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, religião ou qualquer outra condição. É proteger os que são desiguais em oportunidades. Já tivemos avanços, mas precisamos estar sempre alertas e somando forças para que o futuro que a gente sonha chegue mais rápido”, comentou certa vez.
Essa defesa virtual, até lembra o processo de construção da personagem em A Favorita. Como a novela iniciava com sua personagem sendo uma detenta, Patricia, na preparação, visitou o presídio feminino Talavera Bruce, para criar melhor o lado psicológico da personagem. “Uma pessoa que ficou presa por muitos anos precisa ter essa vivência impregnada em seu corpo e em suas atitudes. Então, conheci várias detentas, muitas histórias de vida que me ajudaram a entender a dureza que é viver essa experiência. E achei no boxe uma atividade física que serviu como meio para encontrar esse físico mais embrutecido”, recorda.
A Favorita teve como trama central a rivalidade entre Flora e Donatela, antigas parceiras da fictícia dupla sertaneja Faísca e Espoleta. Condenada a 18 anos de prisão pelo assassinato do marido de Donatela, Flora, na tentativa de provar sua inocência, ao deixar a prisão, acusa a ex-amiga do crime e afirma que foi vítima de uma farsa. “O clima nos bastidores era uma delícia! Trabalhávamos muito, mas era sempre em meio a muitas gargalhadas, momentos maravilhosos vividos com Claudia Raia, Ary Fontoura, Mauro Mendonça, Murilo Benício, Glória Menezes, Mariana Ximenes, Genésio de Barros, Carmo Della Vecchia…Guardo grandes recordações e agora vou matar um pouco dessa saudade. Não sou de assistir trabalhos antigos, mas A Favorita eu vou assistir muito!”
A novela teve ainda no elenco nomes como Lilia Cabral, Deborah Secco, Milton Gonçalves e Taís Araújo, além dos saudosos Tarcísio Meira (1935-2021) e Suzana Faini, que morreu no último dia 25 de abril, aos 89 anos.
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