*Por Júnior de Paula
Julia Rabello é nome quente para 2015. E olha que 2014 não foi nada mal para essa atriz que esteve quase onipresente – para nossa sorte! – neste ano que está acabando. Além dos vídeos do canal online Porta dos Fundos, que ninguém se cansa de ver, ela ainda aparece na sitcom “Vai que Cola”, do Multishow, e em “Os Homens São de Marte”, do GNT. Este último, aliás, continua sendo sua casa no ano que vem, já que ela acabou de assinar contrato para um programa só seu no canal a cabo. O formato ainda está em elaboração, mas já está tudo mais do que certo.
Além de tudo isso, Julia se prepara para estrear o longa “A Noite da Virada”, de Fábio Mendonça, com produção da 02 Filmes e muitos outros projetos que ela adiantou para nós. “Tem ainda o filme do Porta dos Fundos para o ano que vem e quero fazer um monólogo. E várias outras coisas, porque não gosto de parar”, contou a atriz que tem na parede de casa três diplomas de três faculdades diferentes. Quais? Teatro pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro, artes cênicas pela Casa das Arte de Laranjeiras e rádio e TV pela Faculdades Integradas Hélio Alonso. Para conhecer mais sobre essa polivalente cheia de talento, a gente foi bater um papo e deixar que ela mesmo contasse sua história. Vem!
HT: Se chegasse um ET na sua casa e pedisse pra você contar a sua história para ele em um minuto, de que forma você contaria?
JR: Daria uma gargalhada com lágrimas nos olhos.
HT: Você hoje é bastante requisitada e conseguiu consolidar sua carreira. Era nesse lugar que você imaginava estar quando começou a faculdade de Artes Cênicas?
JR: Sempre achei muito importante o movimento. Fazer, ir em busca, criar… não sei se ficava idealizando um lugar. Essa carreira é muito mutável, acho que se eu parar e acreditar que consolidei alguma coisa eu perco o mais importante que é a própria busca.
HT: Você ia fazer a novela “Geração Brasil” e acabou não conseguindo aceitar. Fazer novela ainda é uma desejo? E que papel gostaria de interpretar?
JR: Fiquei muito feliz com o convite da Maria de Médici para fazer a novela “Geração Brasil”, mas já havia me comprometido com outros trabalhos e não pude fazer parte deste. Novela é um patrimônio cultural e deve ser uma experiência muito interessante de viver. Vou ser clichê e dizer que o tipo de papel que eu adoraria interpretar era uma vilã divertida, tipo Nazareh Tedesco (Renata Sorrah, em “Senhora do Destino”), Carminha (Adriana Esteves, em “Avenida Brasil”), Flora (Patrícia Pillar, em “A Favorita”) etc.
Julia em “Sobre a Mesa”, um dos primeiros e maiores sucessos do Porta dos Fundos
HT: Porta dos Fundos é um sucesso estrondoso. Você teve medo em algum momento do tamanho que a coisa tomou? Ou foi só alegria?
JR: Nunca imaginei que medo pudesse ser bom, mas com a história do Porta tive um medo alegre maravilhoso! Muito bonita essa história e fico muito feliz em fazer parte dessa turma, testemunhando de perto uma história de realização tão legal e admirável.
HT: O humor atual é mais cínico e menos ingênuo. Acha que o humor que é feito hoje em dia é um reflexo do nosso tempo ou uma reação a ele?
JR: Acho que é um reflexo do nosso tempo. Acho que vivemos numa época muito tensa, rápida. O humor está dialogando com essa tensão e essa rapidez.
HT: Como é fazer humor em tempos tão caretas? Onde foi que erramos e viramos este mundo chato e cheio de pudores?
JR: Sinceramente, não sei. Acho que ficamos menos caretas em algumas coisas e mais em outras. Acho que estamos numa época que olhamos e escutamos muito pouco. O mundo está muito intolerante. Isso é perigoso. E intolerância não se resolve com intolerância.
HT: Ser associada ao humor é um rótulo que te incomoda?
JR: É um rótulo que me orgulha!
HT: Você é formada em três escolas (CAL, Cidade e Facha) , tem uma bagagem extensa e profunda. Como a formação tradicional te ajudou a ser uma atriz melhor? O que você tirou de melhor de cada uma delas para acrescentar ao seu trabalho?
JR: Eu amo meu trabalho e escolhi ser atriz muito cedo. Tudo o que estudei e estudo é para aprimorar o meu trabalho. Esse é o meu barato. Acredito muito nos estudos e na formação cultural sólida. Esse é um dos tesouros do ser humano.
HT: Você sempre trabalha com muita gente em coletivos (“Porta dos Fundos”, “Vai que Cola”). Como é administrar a convivência com tanta gente ao mesmo tempo nos bastidores? Você prefere assim ou não vê a hora de encarar um monólogo?
JR: Eu me integro muito fácil, gosto de grupos. Acho que monólogo é o meu desafio, que já estou começando a enfrentar. Não gosto de parar.
*Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura
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