Paolla Oliveira reflete sobre os temas abordados em especial da Globo, fala de amor e da relação com Diogo Nogueira


A atriz esteve junto com Taís Araujo no comando da apresentação, na Globo, de ‘Falas Femininas’, episódio batizado “Louca”, e por que esta palavra é associada às mulheres que sofrem em relacionamentos abusivos, abandono feminino e gaslitghting como forma de manipulação. Paolla também comenta sobre a atual relação e sobre a união com o sambista Diogo Nogueira: “Amar é e sempre foi respeitar. Não dá para ter amor sem partir desse princípio, o respeito às diferenças, gostos. Para amar o outro, é fundamental antes amar a si, porque se não soubermos quem somos, não conseguimos olhar para o outro com gratidão, leveza, solidariedade”

*Por Brunna Condini

Paolla Oliveira é uma das apresentadoras do especial ‘Falas Femininas‘, que foi ao ar nesta sexta-feira (8), acertadamente Dia Internacional da Mulher. Ao lado de Taís Araújo, ela comandou o episódio ‘Louca‘, que evidencia como a mulher é desacreditada e desvalorizada na sociedade —e o quanto esses fatores impactam na saúde mental feminina. Potência no seu ofício e voz para muitas mulheres através das pautas que abraça, Paolla fala diretamente para elas. “Saiba que você não é louca quando sente que não está sendo ouvida. Você não é louca quando se incomoda com uma cantada insistente, ou quando acha ruim um homem explicar alguma coisa óbvia. Você não é louca quando tem todos os motivos do mundo para desconfiar de alguém que traia sua confiança. Você não é louca quando é obrigada a aumentar o seu tom de voz para se impor em um ambiente masculino. E nem quando percebe que está exausta. Eu não sou louca porque decidi falar tudo isso aqui para vocês na TV”, alerta.

“Historicamente a mulher é chamada de louca em todos os lugares. Assim como também faz parte da história das mulheres a exaustão, o assédio – os vários nomes que existem para esse assédio velado, como o gaslighting –, o abandono e tudo mais. Tudo isso precisa ser debatido, precisa ser levantado, para que a gente realmente consiga sair de nossas bolhas e falar para o grande público, para o público que a televisão aberta alcança. É importante para que as pessoas consigam talvez ter o primeiro acesso a alguns assuntos, ou se aprofundem em alguns questionamentos feitos nesse especial. Com certeza chegar em tantos lugares é essencial”, completa Paolla, que voltou recentemente de férias nas Maldivas com o amado, Diogo Nogueira, que declarou já sentir-se casado com a atriz. Aqui, ela também fala sobre isso e sobre o que é amar na sua concepção hoje.

Paolla Oliveira comenta os importantes temas abordados no especial 'Falas Femininas'. Ela também fala de amor e da relação com Diogo Nogueira (Reprodução/ Instagram)

Paolla Oliveira comenta os importantes temas abordados no especial ‘Falas Femininas’. Ela também fala de amor e da relação com Diogo Nogueira (Reprodução/ Instagram)

“Amar é e sempre foi respeitar. Não dá para ter amor sem partir desse princípio, o respeito às diferenças, gostos. Para amar o outro, é fundamental antes amar a si, porque se não soubermos quem somos, não conseguimos olhar para o outro com gratidão, leveza, solidariedade”, define Paolla sobre como vê cada vez mais as entrelinhas do sentimento que une as pessoas em uma relação saudável.

Paolla e o sambista Diogo Nogueira estão juntos desde 2021 e viraram um casal ‘queridinho’ dos fãs que torcem pela união. Sempre discreta, a atriz não sucumbe a pressões externas sobre formalização de casamento, filhos e etc. O famoso ‘combo pressão social’. Ela é uma mulher livre, consciente e ao que parece e exterioriza, está plena e vivendo o amor bom:

Eu e o Diogo já fazemos uma cerimônia quase sempre. Renovamos os votos entre nós toda vez que estamos em um sambinha, com uma cervejinha (risos) – Paolla Oliveira

Paolla Oliveira e Taís Araújo apresentam o 'Falas Femininas' na Globo no Dia Internacional da Mulher (Reprodução/ Instagram)

Paolla Oliveira e Taís Araújo apresentam o ‘Falas Femininas’ na Globo no Dia Internacional da Mulher (Reprodução/ Instagram)

As falas femininas

“Tem muitas coisas que podemos desejar que não seja uma flor a não ser que venha acompanhada de outras coisas. Que esse programa possa ser instrumento de uma tomada de consciência para muitas mulheres, do que possam estar passando, da sua própria vida. Esse especial fez a gente ter ainda mais consciência de coisas que pessoas próximas possam estar passando, por exemplo, mesmo em um universo que acham que estão mais protegidas, por já terem esse aprendizado, imagina com outras mulheres?”, reflete Paolla, sobre a importância deste tipo de produção para estimular a reflexão.

“Todas nós já passamos por quase tudo o que foi retratado ali. Talvez em gravidades diferentes. Há quanto tempo o assédio é normalizado? E quantas vezes a gente ouvia uma piada e não tinha direito de revidar ou chamar a atenção? Sem falar que já fui chamada de ‘louca’ várias vezes em tom de brincadeira”.

Paolla: "Que esse programa possa ser instrumento de uma tomada de consciência para muitas mulheres" (Foto: Divulgação/Globo)

Paolla: “Que esse programa possa ser instrumento de uma tomada de consciência para muitas mulheres” (Foto: Divulgação/Globo)

Com a proposta de levantar esse tipo de debate sem perder a leveza, o especial abordou uma temática extremamente contemporânea: a exaustão da mulher – e assuntos relacionados como assédio, gaslighting e abandono. O formato escolhido foi o experimento social, que consiste na captação da reação de brasileiros a simulações de situações comuns, e, não por isso, menos absurdas, vivenciadas no cotidiano de tantos de nós. Ao longo de 45 minutos, as apresentadoras conduziram o espectador em uma ágil e provocativa jornada que desperta a reflexão da sociedade como um todo. “Famoso no mundo todo, seja na publicidade ou como parte de programas de TV, o experimento social tem a capacidade de refletir dilemas e convicções da sociedade. O ‘BBB’, talvez o maior case de experimento social televisivo, por exemplo, todos os anos, aborda diversos assuntos relevantes, fazendo o público debater, refletir e, eventualmente, repensar comportamentos. E é essa foi a nossa expectativa com o ‘Falas’: criar um programa que seja gostoso de assistir, mas que, ao mesmo tempo, traga reflexões para temas muito presentes na vida das mulheres. O uso do xingamento ‘louca’ como título é proposital, uma forma de causar estranheza e chamar atenção para o termo, comumente utilizado para a descredibilização da mulher em muitas esferas”, complementa a diretora Antonia Prado. Ressaltando que não só no 8 de março, mas durante o ano todo precisamos ter reflexão e movimento em direção às lutas necessárias por mais respeito e equidade para as mulheres.

A voz do povo

A população também foi ouvida pelo programa como forma de evidenciar as diferentes percepções em torno dos temas abordados. Para isso, a criadora de conteúdo digital Anaterra Oliveira foi convidada a reproduzir no ‘Falas Femininas’ o modelo de trabalho que realiza nas redes sociais. “Eu entrevisto homens e mulheres sobre um mesmo assunto, para mostrar que existem diferenças na forma como os dois gêneros enxergam o mundo. Um dos questionamentos é ‘o que você faz quando chega do trabalho?’, que já fiz na internet e foi reproduzida no especial. Debater relacionamentos abusivos, abandono feminino, entre outros assuntos ligados à pauta feminina, já é comum em algumas ‘bolhas’ na internet. Mas, nas redes sociais, tem conteúdos que, por mais que ‘viralizem’, não saem de um mesmo grupo. Quando a gente trabalha esses temas na TV aberta, consegue acessar mais pessoas, tem a possibilidade de fazer com que mais gente refi ta sobre”, destaca Anaterra.
Entre outras perguntas, Anaterra questiona as pessoas sobre o significado do termo gaslighting, explicado no programa. “Gaslighting é uma forma de manipulação. É quando, por exemplo, alguém faz você acreditar que você é louca. Quando você viu alguma coisa acontecer, mas a pessoa insiste tanto, que você acaba duvidando da sua própria sanidade”, define a influenciadora.

Paolla Oliveira e Taís Araújo: mulheres empoderadas que dão voz a outras (Foto: Divulgação/Globo)

Taís Araújo e Paolla Oliveira: mulheres empoderadas que dão voz a outras (Foto: Divulgação/Globo)

Depois de deixar claro que tarefas relacionadas ao cuidado são, de forma geral, atribuídas às mulheres, o programa mostrou, através de depoimentos de anônimas e famosas e de dados estatísticos que, quando essas mulheres precisam de cuidados, muitas vezes, são abandonadas. Um dos depoimentos é o da cantora Preta Gil. “Nós já estávamos casados há nove anos e, quando fiquei doente, estranhei muito algumas atitudes dele. Como nós, mulheres, temos esse coração acolhedor, compreensivo, de tentar sempre entender os homens, eu colocava num lugar de ‘ele não está sabendo lidar com a minha doença, está muito difícil pra ele também’. (…) A gente idealiza muito esse amor romântico, deposita muita expectativa no outro, vai construindo essa relação de codependência, que é algo estrutural e algo que nos foi ensinado. E isso é muito cruel porque a gente ainda acaba sendo taxada de louca. A gente é chamada de carente, e só quer o mínimo, que é respeito”, defendeu Preta.