Paloma Bernardi relembra novela sobre tráfico de mulheres, vai viver Maria, na Paixão de Cristo, e quer ser mãe


A atriz é um rosto presente na TV há muito tempo. Na Globo, pelo menos desde 2009. Porém, agora, na fase em que se aproxima dos 40 anos, fala mais assertivamente sobre como enxerga a maternidade e por que optou por congelar os óvulos, assim como se revolta ao saber que ainda existe tráfico humano, tema da novela “Salve Jorge”. A atriz comenta sobre como foi escolhida para fazer a trama e o que a fez aceitar ser embaixadora da Yalea. A seu ver, uma marca que valoriza a mulher

*por Vítor Antunes

Há pouco mais de 20 anos, Ricardo Linhares escreveu uma novela cujo nome definitivo acabou sendo “Agora é Que São Elas”. A trama, inicialmente, não teria esse nome. Chamaria “Cidade das Mulheres“. Não, Paloma Bernardi não fez esta novela. Porém, ela tem uma forte relação com o feminismo, com essa ideia de que mulheres são tão poderosas e potentes que podem conduzir uma cidade e uma nação. “O avanço do feminismo é motivo de vitória. Tudo isso vai reverberar amanhã ainda. Se estamos hoje nessa sociedade machista e se olhamos para trás  e percebemos o quanto conquistamos espaços, mesmo de forma discreta, observamos o quanto isso está avançando. O futuro será maior para nós, especialmente no mercado profissional, no dia a dia. Eu busco esse lugar do feminismo de uma maneira mais leve, porém com atitude, presença e não ser mais que ninguém, mas estar num lugar igualitário onde passamos mostrar nossa personalidade, apesar de um mundo patriarcal”.Para este ano, a atriz estará fazendo uma participação no filme “Por Um Fio” dirigido por David Schurmann e com roteiro de Luiz Bolognesi. Além do longa, Paloma poderá ser vista na Paixão de Cristo de João Pessoa, na qual dará vida à mãe de Jesus.
Antigamente havia um olhar de hipersexualização para com a mulher. Hoje, nós busca-se a individualidade, a beleza única de cada uma delas, em suas diferentes idades, épocas, culturas e em como ela quer se apresentar para si e para o mundo – Paloma Bernardi
A atriz nos conta que pretende ser mãe, mas num futuro vindouro. “É um desejo meu, mas tudo tem sua hora. Congelei meus óvulos, já que estou próxima de completar 40 anos. Vejo que antigamente a sociedade compreendia a mulher como a uma procriadora, uma dona de casa que deveria amar o seu marido incondicionalmente. Hoje não, potencializa-se a mulher em outras vertentes, profissionalmente ou em outras questões que ela pode abraçar e não só restringindo-se à maternidade – que pode ser uma delas”.
Embaixadora da Yalea, marca de óculos que se associou à supermodelo Cindy Crawford como sua embaixadora internacional, a empresa prioriza inspirar-se na beleza e no empoderamento das mulheres em suas coleções. Cada peça presta homenagem a mulheres de diferentes culturas, idades, épocas e países, que se destacaram por suas realizações. E Paloma estará à frente de diversos projetos sociais apoiados pela label no Brasil, já que uma das premissas da marca é “promover uma feminilidade consciente e independente”. “Me sinto muito honrada em potencializar a beleza da  mulher brasileira. Sou paulistana, meu pai é gaúcho e minha mãe é pernambucana. Meu objetivo é abraçar essa diversidade de mulheres que existe aqui. Tanto brancas como ruivas, pretas, japonesas orientais e com corpos diferentes. É  mostrar sua particularidade”.
Estou me entregando ao meu trabalho à mulher que eu sou. A campanha da Yalea, eu estou estou amando fazer – Paloma Bernardi

Paloma Bernardi une o conceito do feminismo que a move á proposta da Yalea (Foto: Marco Maximo)

Paloma, que é míope, acredita que os óculos compõem personalidades. “Eles dão ao look uma energia que valoriza a mulher. Antigamente usava-se sem que importássemos com modelo, material e tamanho. Hoje o mercado é tão versátil que a mulher pode usar a peça para combinar com a sua roupa”.

MUDANÇA DE OLHAR

Em 2012, Paloma compos o elenco da novela “Salve Jorge“, que trazia entre seus temas o tráfico humano, especialmente de mulheres. Hoje é uma das mais valorizadas no Globoplay. “Esta foi uma trama que foi um virada de chave. As pessoas estavam acostumadas a me ver em papeis mais leves e esta me colocou num ouro lugar”. Conta-nos a atriz haver sido convidada pela própria autora da trama, Gloria Perez, e pelo seu diretor, Marcos Schechtman, que me mostraram essa possibilidade e me revelaram outras pessobilidades. Foi um trabalho que me arrebatou e do cinema. Acontecem coisas assim, como a que vemos na ilha de Marajó, de crianças sendo exploradas, vendidas, dói a alma. Conheci mulheres que passaram por essa situação, famílias que se perderam, se desmantelaram e ao mesmo tempo homens escrotos, políticos e polícia envolvidas na questão do tráfico humano”
Se existe o humano,  se existe o “produto”, é em razão de existir a procura. Essas pessoas pensam que algo não pode ocorrer com as filhas deles, com as amigas ou sobrinhas deles, mas se vêem no direito de fazer com outras mulheres? Saber disso me revolta, em especial por saber que é tudo por dinheiro, por prazer – Paloma Bernardi
Para este ano, a atriz estará fazendo uma participação no filme “Por Um Fio” dirigido por David Schurmann e com roteiro de Luiz Bolognesi. “David Schumann é meu amigo, fizemos uma webserie e já tínhamos o desejo de trabalhar juntos”. Além do longa, Paloma poderá ser vista na Paixão de Cristo de João Pessoa, na qual dará vida à mãe de Jesus. “Já fiz Maria em Caruaru e, agora, darei vida à ela na celebração de João Pessoa. É muito importante, já que sou devota de Nossa Senhora, tenho uma conexão espiritual, um trabalho para além do que aparenta. Para mim, este é o sentido real da Páscoa, o renascimento. E renasço ao sentir Nossa Senhora à flor da pele. Não há nada mais simbólico. É uma história conhecida mundialmente e, para mim é, sobretudo, a história de uma mãe que perde um filho”.
Paloma traça um paralelo importante sobre a montagem e a sociedade contemporânea. “Me sinto representando muitas mulheres que tal como Maria perderam seus filhos injustamente, curcificados de outras maneiras. É algo que eu chorava muito, é sobrenatural”, analisa. A atriz sonha em levar seu trabalho pra a Espanha. Tem estudado o idioma e se internacionalizar. “Estou estudando e jogado para o Universo o que tenho ouvido e quero reverberar isso”, projeta. Sua fala remonta a Pessoa quando diz “Viajar! Perder países! Ser outro constantemente, por a alma não ter raízes de viver de ver, somente

Salve Jorge. Novela polemizou ao falar de tráfico humano (Foto: Acervo/Globo)