“Mercenários 3”: Stallone confronta tropa de vovôs-garotos com a Geração Y, munida de gadgets e pomada para modelar cabelo


A terceira produção da franquia investe em metrossexuais e periguetes, mas também aposta no carisma de veteranos mainstream, como Mel Gibson, Harrison Ford e Antonio Banderas

Queridinho da indústria cinematográfica até se tornar gradativamente veneno de bilheteria nos anos 1990, Michael Sylvester Gardenzio Stallone, ou simplesmente Sylvester Stallone, descobriu que Hollywood é terra onde os fracos não têm vez, rapidamente descartados quando deixam de gerar o lucro almejado pelos magricelos de terno e gravata dos estúdios. Mas, como apesar da força bruta ele não é bobo, Sly deu a volta por cima escrevendo, produzindo e dirigindo “Os Mercenários” (The Expendables, Millenium Films e outros, 2010), pontapé inicial da série concebida para papar os trocados das gangues de espectadores pitbulls, para quem cinema só pode ser a maior diversão, sobretudo se esta se resumir à pancadaria. Vitoriosa na receita, a empreitada já rendeu duas continuações, a terceira, agora em cartaz nos cinemas. Os Mercenários 3″ (The Expendables 3, Millenium Films e outros, 2014) continua provando que a premissa de reunir todos os fortões oitentistas do cinema de ação em uma única película que traga um roteiro simples, frases de efeito que evocam seus antigos sucessos, referências conhecidas pelo público e um pouco de humor é ótima ideia, tanto do ponto de vista comercial, quanto cinematográfico.

O objetivo é trazer às salas de exibição aqueles garotões que eram adolescentes na época em que Stallone e companhia estava no auge, mas, como hoje eles estão todos acima dos quarenta (no mínimo!) e esse tipo de público sempre se renova, por que não dar uma passada básica na academia mais próxima e amealhar um punhado de halterofilistas novinhos, oferecendo ingredientes que tenham a ver com eles e fazendo com que também abram a carteira e comprem o ingresso? Assim, o longa pega carona naquela mesma velha fórmula dos antigos filmes-catástrofe: um punhado de estrelas em decadência contratadas a preço de banana, um mocinho que tem andado bem na fita – no caso, Jason Statham –, algumas participações especiais para abrilhantar o elenco e mais alguns nomes com potencial para crescer no mercado, mas que ainda são café com leite, todos reunidos num enredo que aposta na briga de foice entre veteranos acostumados a resolver tudo no muque e novatos da Geração Y, antenadíssimos com as novidades da tecnologia da informação.

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Fotos: Divulgação 

Está armado aí o barraco: de um lado, pesos pesados que sabem dar cabo de qualquer pepino na base da faca, verdadeiros maracujás de gaveta contratados há décadas pelas agências governamentais para por a mão naquilo que nem os figurões da CIA ousam meter o nariz, sob o risco de causar um imbroglio internacional. São vovôs-garotos cujas tatuagens hoje lhes cobrem as pelancas, mas cheios daquele velho charme que lotava as salas de cinema nos idos de 1980/1990: o próprio Sly, Arnold SchwarzeneggerDolph LundgrenJet LiWesley Snipes e outros menos cotados.

Na outra ponta da corda, novatos sem carisma algum, interpretados por desconhecidos do grande público para quem o uso de botox na testa não reduziria em nada sua capacidade de interpretação, mas encabeçados por Kellan Lutz, o bonitão que despontou na série “Crepúsculo” e que nos próximos meses surgirá na telona na pele do novo Tarzan e do novo Hércules em duas realizações que pretendem se tornar blockbusters. Nessa galeria de tipos, tem ás das internet, especialista nas mais modernas armas tecnológicas, praticante de parkour, metrossexual rebelde sem causa chegado a uma possante de duas rodas e até uma tchutchuca anabolizada, Ronda Rousey (de “Velozes e Furiosos 7”), espécie de Mulher Melancia que costuma sensualizar na boate, embalada a vácuo com vestidinho sumário e pronta para dar joelhaço no saco daqueles que ultrapassem o sinal vermelho. Portanto, uma galera meio “Missão Impossível”.

E, para conferir aquele gás de respeitabilidade, a vibe é completar o elenco com poderosos nomes de Hollywood que se fizeram no cinema de aventura, mas ganharam respeito mainstream e o direito de frequentar red carpets: Harrison Ford e Mel Gibson, também integrantes da turma para quem as rugas no canto dos olhos não são de recém-nascido. Soma-se a eles Kelsey Grammer, ótimo no papel de um scouter (descobridor de novos talentos) que faz o casting de trogloditas dispostos a perder a vida em missões de alto risco, e Antonio Banderas, astro que inclui produções do gênero ação em sua extensa filmografia. Nem é preciso dizer que o espanhol engole todo o elenco emprestando seu pysique du rôle latino ao mercenário que já não é mais novinho, mas que está super a fim de entrar para o time. Ator de recursos, ele faz a festa em meio a gente acostumada a mover pouquíssimos dos 23 músculos da face. Portanto, para quem não pretende perder tempo elucubrando teorias acerca da vida, o longa-metragem vale a espiada.

Trailer Oficial

Teaser