Olivia Torres é filha de Fernanda Torres em ‘Ainda Estou Aqui’, revela os bastidores com a atriz e a aposta no Oscar


Vivendo uma das filhas de Eunice e Rubens Paiva no longa de Walter Salles, que ultrapassou a impressionante marca de cinco milhões de espectadores no Brasil, a atriz compartilha os momentos emocionantes no set da produção, fala da relação com Fernanda Torres e opina sobre indicações do filme e da artista ao Oscar 2025. Ela também conversa sobre como estar em um filme desta magnitude já afeta sua trajetória, fala dos planos profissionais, conta como deve acompanhar a cerimônia no próximo dia 2 de março, e o que o elenco compartilha no grupo de whatsapp do filme. Sobre a torcida para ‘Ainda Estou Aqui’ levar as estatuetas pelas indicações de Melhor Filme, e também por Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (para Fernanda), Olivia, que também protagoniza o longa ‘Continente’ disponível no Globoplay, diz: “Estou partindo do princípio que, se estamos indicados, podemos ganhar. Sei que a Nanda e o Walter estão dizendo que não é a Copa do Mundo, mas eu estou super desobedecendo e animada com toda a festa que está ao redor dessa possibilidade da gente vencer”

*Por Brunna Condini

Ainda Estou Aqui’, de Walter Salles, ultrapassou a impressionante marca de cinco milhões de espectadores no Brasil, segundo a Sony Pictures, que distribui o longa por aqui. Olivia Torres, que vive uma das filhas de Eunice (Fernanda Torres) e Rubens Paiva (Selton Mello), na fase adulta, Maria Beatriz, a Babiu, celebra o sucesso de público e crítica tanto por aqui, quanto internacionalmente. A paulista de 30 anos, que já contabiliza 15 de carreira, responde se estar no elenco de um filme indicado ao Oscar e ganhador de tantos prêmios até agora, elevou seu patamar como atriz. “Sinto que as pessoas têm gostado muito do trabalho, de modo geral, e eu tenho ficado muito contente de estar junto. É um momento especial da minha carreira e me traz alegria participar de tudo que está envolvendo o filme. Aprendi muito no set, continuo aprendendo, observando tudo o que está acontecendo e recebendo o carinho das pessoas e conversando sobre o filme. Não sei muito dizer sobre isso (risos)”, desconversa Olivia sobre a pergunta. Ela também protagoniza o longa de terror ‘Continente‘, dirigido por Davi Pretto, que chegou ao Globoplay.

E apesar de ‘Ainda Estou Aqui’ não ter levado o Bafta 2025, o principal prêmio do cinema britânico, equivalente ao Oscar nos Estados Unidos, na categoria de Melhor Filme em Língua Não Inglesa (o premiado foi ‘Emilia Pérez“, da França); o filme é só motivo de orgulho: totalmente reconhecido! O longa continua no páreo do Oscar 2025, cuja premiação será realizada dia 2 de março, domingo de carnaval aqui no Brasil, diretamente do Dolby Theatre, em Los Angeles: concorrendo por Melhor Filme (é a primeira vez na história que uma produção brasileira disputa a maior categoria do Oscar); e também por Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda). Ao falar das chances de o longa levar as estatuetas, Olivia já não é tão low profile. “Estou partindo do princípio que, se estamos indicados, podemos ganhar. Sei que a Nanda e o Walter Salles estão dizendo que não é a Copa do Mundo, mas eu estou super desobedecendo e animada com toda a festa que está ao redor dessa possibilidade de a gente vencer”. A atriz também conta como deve acompanhar a cerimônia e revela o que o elenco compartilha no grupo de whatsapp do filme, entre outras curiosidades:

A atriz vive filha do casal Paiva em 'Ainda Estou Aqui', fala de expectativas para o Oscar, dos bastidores do filme e diz o que elenco compartilha em grupo de whatsapp (Foto: Larissa Kreili)

A atriz vive filha do casal Paiva em ‘Ainda Estou Aqui’, fala de expectativas para o Osca e o que elenco compartilha em grupo de whatsapp (Foto: Larissa Kreili)

Devo acompanhar a cerimônia do Oscar, provavelmente, com a galera do filme para podemos comemorar e nos abraçar, vai ser muito gostoso. Temos um grupinho de whatsspp. A gente fica trocando memes, figurinhas e matérias do que está saindo sobre ‘Ainda Estou Aqui’- Olivia Torres

Ainda sobre as expectativas para o Oscar, Olivia completa: “Estou empolgada. Mesmo a gente sabendo que as indicações já são muito importantes, tanto para o filme, quanto para o cinema brasileiro, para a arte no Brasil. As pessoas, de todos os lugares do mundo estão assistindo o filme, muito também por conta dessas indicações ao Oscar. Tenho recebido mensagens de pessoas da Itália, da França, de Londres, dizendo que todas as sessões estão lotadas, tem sido emocionante. Essas indicações criaram uma curiosidade em torno do filme. E se está indicado, pode ganhar”, torce a atriz, que já foi questionada algumas vezes sobre ser filha de Fernanda Torres fora da ficção, por conta do mesmo sobrenome.

Fernanda Torres e Olivia Torres em 'Ainda Estou aqui' (Divulgação)

Fernanda Torres e Olivia Torres em ‘Ainda Estou aqui’ (Divulgação)

Com os olhos do mundo voltados para Fernanda Torres, a estrela acessível, que vem ganhando cada vez mais reconhecimento global por sua interpretação de Eunice Paiva, quisemos saber como foi a experiência de conviver com a atriz no set. “Engraçado, é que tenho recebido perguntas sobre a Nanda e sempre acho muito complexo de responder, porque tudo que está acontecendo com a imagem dela, ao redor dela, é muito extraordinário. Acho que ela alcançou agora um tamanho no Brasil pouco visto antes. Ando na rua e vejo isso. Outro dia, estava na Avenida Paulista, indo ao cinema e vi uma placa dela imensa, e pessoas vestidas como ela no carnaval. E aí aparecem essas perguntas, acho que por conta dessa super indicação, dessa super exposição dela na mídia, enfim, ela venceu o Globo de Ouro, mas, na verdade, o que eu tenho mesmo para falar sobre a Nanda é tudo muito simples. Ela é uma pessoa muito tranquila, engraçada e doce. Não é uma pessoa que tem nenhum tipo de deslumbre sobre o trabalho, é uma operária da arte, que se precisar fazer mil vezes a cena, vai fazer com todo o cuidado e desejo de dar o melhor”, observa.

Fernanda Torres, Antonio Saboia (que faz Marcelo Rubens Paiva) e Olívia Torres no filme ‘Ainda estou aqui’ (Divulgação)

Fernanda Torres, Antonio Saboia (que faz Marcelo Rubens Paiva) e Olívia Torres no filme ‘Ainda estou aqui’ (Divulgação)

“E a gente dava risadinhas nos bastidores e, às vezes, trocava sobre coisas mais íntimas, como qualquer outra pessoa, sabe? Nanda é especialmente apaixonante, especialmente talentosa, mas é um trato muito fácil. Não tem nenhum tipo de ritual, pelo menos que eu tenha percebido, ou algum tipo de processo muito específico, e acho que é por isso que todo mundo se apaixona muito fácil por ela. Você se sente próximo dela com facilidade, porque não tem nenhum tipo de bloqueio ou hiperproteção dessas pessoas que são muito famosas”, conclui Olivia.

Emoção contida que arrebata

Ainda Estou Aqui‘ foi filmado em ordem cronológica, o que favoreceu um envolvimento profundo de toda a equipe com a história. “Desde que recebi o projeto e entendi o tamanho de tudo, foi muito comovente. Eu já tinha lido os livros do Marcelo Rubens Paiva, não só o ‘Ainda Estou Aqui’, e entendia a importância da família dele para a história do Brasil, para contar o Brasil. Mas quando você está fazendo ali no set, isso precisa ser um pouco suavizado, porque no final das contas, é a história de uma família que vive o dia a dia, que está aprendendo, que está tentando elaborar o trauma que viveram”.

E mais: “Se a gente coloca tudo isso em um contexto macro de Brasil, acabamos perdendo um pouco dessa sutileza da lupa. Então, foi entender isso e em cena ficar mais atento ao que era dito naquele momento pelo seu colega, às emoções, ao espaço da casa, a materialidade dos papéis, das fotos. Existe um trabalho de mesa de compreensão do macro e depois tem que diminuir, porque senão fica um trabalho quase impossível. Se você fica conscientemente tentando abarcar toda a imensidão de coisas que atravessaram essa família, acaba escapando a troca de cena, o trabalho pequeno, sutil, que o Walter tanto preza. Foi tudo muito comovente mesmo, e teve uma direção para não extrapolarmos a emoção, o que foi uma orientação superimportante para Nanda e para todos nós”.

"O que está acotecendo com a Nanda é algo extraordinário, mas ela é uma pessoa muito tranquila, engraçada e doce. Uma operária da arte" (Foto: Larissa Kreili)

“O que está acotecendo com a Nanda é algo extraordinário, mas ela é uma pessoa muito tranquila, engraçada e doce. Uma operária da arte” (Foto: Larissa Kreili)

Às vezes era difícil conter a emoção. Tem uma cena específica, em que a gente fica vendo as fotos do Rubens depois que pegamos a certidão de óbito dele, e eu pergunto para o para o meu irmão, o Marcelo Rubens Paiva, vivido pelo Antênio Saboia: “Quando você enterrou o papai?”. Ali tive que frear a emoção que veio forte. Aliás, tive que fazer isso em muitos momentos. Porque queria respeitar a direção do Walter, aquela energia não expositiva do drama. Foi um trabalho muito do detalhe – Olivia Torres

Maria Beatriz, a Babiu, uma das cinco filhas de Eunice e Rubens Paiva, vivida por Olivia, mora na Suíça e a atriz conta que não a conheceu: “Mas torço para que isso aconteça em algum momento. O Marcelo já encontrei, ele é muito divertido e a gente ficou de fofoca. Sei que toda a família gostou muito do filme. Para eles é muito emocionante a reprodução de época, ver aquela casa, ver a Nanda com uma energia tão parecida com a da Eunice, ver Rubens, ver eles próprios, deve ser uma catarse assistir o filme. E pelo que o Walter me disse, parece que a Babiu gostou muito do trabalho e que ficou muitíssimo emocionada. E isso já me encheu de alegria”.

Fernanda Torres e Olivia Torres são mãe e filha em 'Ainda Estou Aqui' (Reprodução/Instagram)

Fernanda Torres e Olivia Torres são mãe e filha em ‘Ainda Estou Aqui’ (Reprodução/Instagram)

Vem aí

A atriz também fala dos planos e trabalhos com estreias previstas para 2025. “Estou ensaiando uma série e no final do ano filmo outro longa. Este ano lanço outros filmes, o curta ‘Quem Se Move’, protagonizado por mim e rodado em Portugal, da Stephanie Hitch, que estreou no Festival de Rotterdam, na Holanda. Tem ainda as estreias dos longas ‘Futuro, Futuro‘, também do David Preto, que dirige o ‘Continente‘; e do filme ‘Privadas de Suas Vidas‘, que é outro longa de gênero que fiz, do Gustavo Vinagre e do Gurcius Gewdner; e ‘Aurora‘, do José Eduardo Belmonte, que é também um outro filme de gênero. Então, tem muita coisa legal acontecendo, estou feliz com o momento”.

"Estou partindo do princípio que, se estamos indicados, podemos ganhar o Oscar" (Foto: Larissa Kreili)

“Estou partindo do princípio que, se estamos indicados, podemos ganhar o Oscar” (Foto: Larissa Kreili)