‘O ódio das pessoas e o preconceito são viscerais. Precisamos de amor, tolerância e respeito”, frisa André Bankoff


Protagonista do filme “Bate Coração”, o ator fala sobre preconceito, sociedade e efemeridade do tempo. “O Sandro é vaidoso, julga as pessoas e é totalmente incapaz de enxergar a totalidade do ser humano, o que acontece com muitos em nossa sociedade. “Nosso tempo é precioso. Um dia estamos aqui, mas, segundos depois, podemos não estar mais. Muitos perdem o tempo com coisas que não trazem nenhum benefício para a sociedade”, relata

*Por Domênica Soares

Priorizando o amor, respeito e tolerância, o ator André Bankoff protagoniza novo filme “Bate Coração”. O longa, dirigido por Glauber Filho, chegou às telas este mês e leva muita reflexão ao público. O filme aborda a história de Sandro (André Bankoff), um homem preconceituoso que, no Ano Novo, sofreu um ataque de coração. Para escapar da morte, precisa urgentemente de um transplante e sua segunda chance de viver vem de Isadora (Aramis Trindade), uma travesti dona de um salão de beleza da periferia que acabara de morrer em um acidente. “No filme abordamos muitas questões e a principal delas é o preconceito. Também frisamos as oportunidades que a vida nos dá. O Sandro é vaidoso, julga as pessoas e é totalmente incapaz de enxergar a totalidade do ser humano. O que acontece com muitos em nossa sociedade”, relata André. 

Sandro e Isadora em cena no filme “Bate Coração” (Foto: Jarrod Bryant)

Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, o ato conta que no filme, seu personagem, a princípio, não queria aceitar que o coração que estava batendo dentro dele era de uma travesti, mostrando a arrogância e egoísmo em relação à sua própria vida. Contudo, esse cenário muda a partir do momento no qual Sandro começa a sentir a presença de Isadora, que ainda é apegada à vida material e permanece em espírito acompanhando seus passos. Ao decorrer da narrativa, o personagem de André Bankoff  encara a vida de novas maneiras ao passo que vai reconhecendo as mudanças em seu comportamento, desconstruindo até mesmo suas ideologias equivocadas que antes estavam enraizadas.

Para André, o preconceito existente na sociedade ainda é muito forte e cada vez mais as pessoas estão perdendo o tempo de vida delas tomando conta e julgando indivíduos que não possuem pensamentos e ideologias semelhantes aos seus. “Nosso tempo é precioso. Um dia estamos aqui, mas, segundos depois, podemos não estar mais. Muitos perdem o tempo com coisas que não trazem nenhum benefício para a sociedade. O preconceito está em todos os lugares e classes sociais. Na internet, o ódio disseminado é visceral. É necessário mais amor, respeito e educação. Atualmente, alguns só aceitam quem pensa de forma semelhante a eles. E, quando surge uma opinião diferente, já perdem a cabeça. Quando não sabemos respeitar começa a ser criada a ofensa, violência, humilhação e hostilização”.

André Bankoff fala sobre sociedade e preconceito (Foto: Jarrod Bryant)

Segundo o artista, hoje em dia, as pessoas estão olhando somente o lado individual e esquecendo do próximo. Ninguém quer mais saber a essência de cada um, por quais lutas já passou, se já foi excluída pela família, como é seu trabalho e sentimentos. Tudo isso mostra que no cenário presente existem muitos que estão perdendo seu tempo com a maldade. “É uma utopia dizer que nunca vai ter preconceito. Acho que estamos caminhando para uma evolução, mas os problemas ainda existem e são muitos. É triste presenciar e viver nesse ambiente. Eu tive a sorte de ter uma mãe que me educou para respeitar todas as pessoas, mas infelizmente isso não acontece com todos”, pontua.   

O filme aborda a doação de órgãos que ainda é vista como tabu (Foto: Jarrod Bryant)

Outra abordagem no longa-metragem é a doação de órgãos. De acordo com André, esse tema ainda é mistificado hoje em dia, mas ele afirma: “Temos que salvar vidas. Eu já comuniquei à minha família que sou doador, quero ajudar as pessoas”. Nessa pegada, o filme fala também sobre a espiritualidade, um ponto importante que alinhava todos os aspectos abordados. De acordo com André, atualmente muitos na sociedade dizem que pregam o amor, contudo esses mesmos indivíduos ou instituições religiosas acabam levando o preconceito em abundância. “Deus não segrega ninguém. Uma vez que alguma religião prega exacerbadamente o amor ao próximo como se fosse a supremacia do saber, ela é também a primeira que exclui e age com preconceito”. Ele conta que com o filme as pessoas vão poder refletir e repensar suas atitudes e dessa forma é esperado que as mesmas se transformem a aprendam formas melhores de viver ao longo de sua caminhada, assim como o Sandro. 

 

O artista frisa que o amor, respeito e educação é essencial na sociedade (Foto: Jarrod Bryant)

André nasceu em Americana, cidade no interior de São Paulo, estudou comunicação social e se mudou para o centro com o intuito de começar a carreira de modelo. Após um tempo, foi morar no Rio de Janeiro, onde cursou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), até integrar a Oficina de Atores da Globo. Na emissora fez grandes participações, como em “Mad Maria”, de Glória Perez e “Bang Bang”, de Carlos Lombardi. No ano de 2005 viveu na Record, o protagonista da novela “Bicho do Mato”, passando por “Amor e Intrigas” e “Poder Paralelo”. Após seis anos, voltou para a Globo atuando em “Morde e Assopra”, de Walcyr Carrasco, entre outras. Em paralelo, foi escalado para a série “O Negócio”, na HBO, em 2014. Além disso, participou de inúmeros filmes também.

E André criou seu canal no YouTube “André Bankoff”. “Aproveito esse espaço para falar sobre muitos assuntos, como amor, traição, sexo entre outras questões. Levo sempre o humor para deixar mais descontraído, quero crescer bastante com esse meio e estar presente nessas redes é de extrema importância em minha trajetória”. Ele aproveita para explicar que o humor que faz é leve e com respeito, comenta que as pessoas precisam ter cuidado com a forma que pretendem fazer as brincadeiras, porque pode acabar machucando alguém. “O humor é bacana, mas temos que tomar cuidado porque o controle emocional psicológico de cada um é diferente. Não podemos influenciar de forma negativa”.

Sobre seus novos projetos, ele adianta que em 2020 irá estrear dois filmes, “Reação em Cadeia”, de Bráulio Mantovani, e “Tais e Taiane”, do Augusto Sevá. E ainda divide que está gravando uma série de uma plataforma de streaming que atuará como protagonista. “Vai ser incrível, temos muitas novidades para o público”, frisa.