*Por Brunna Condini
Dizem que um é pouco, dois é bom e três é demais. Em se tratando de “Minha mãe é uma Peça 3”, terceiro filme da franquia de maior sucesso do cinema nacional – os dois primeiros filmes levaram mais 13 milhões de espectadores aos cinemas e arrecadaram R$173.798.332,00 – o “demais” aqui, está relacionado com advérbio de intensidade: o longa, que estreia hoje, é “demasiadamente” aguardado pelos fãs de Dona Hermínia, que devem lotar “muitíssimo” as salas pelo Brasil para assistir a nova produção.
Paulo Gustavo, que dá vida à personagem central, uma mãe inspirada na sua (Déa Lúcia), que lembra, e muito, as mães brasileiras, diz que está ansioso pela recepção. “Quase infartei com aqueles números todos dos anteriores. Em qualidade, acho o terceiro longa o melhor de todos. É difícil fazer um terceiro filme, da mesma história, do mesmo personagem, mas eu me surpreendi com o resultado. Trabalhamos exaustivamente no roteiro e na edição. Estou muito orgulhoso. Fizemos um filme que ficou incrível e acho que o público vai amar”, garante.
Já com críticas positivas e promessa de novos recordes, o novo filme da franquia traz para a telona uma Dona Hermínia enfrentando o desafio de se reinventar, já que seus filhos estão formando novas famílias: Marcelina engravida do namorado e Juliano anuncia que vai se casar com Tiago (Lucas Cordeiro). Além disso, Carlos Alberto (Herson Capri), seu ex-marido, se muda para um apartamento vizinho ao seu. Ela vai encarar a síndrome do ninho vazio com a autenticidade que lhe é peculiar. “Ela fica cheia de dúvidas e angústias. Será que Marcelina vai deixá-la cuidar do neto? Ela vai poder ajudar no casamento de Juliano? Ela vê os filhos formando suas famílias e precisa se redescobrir. Como toda mãe, ela acaba invadindo o espaço dos filhos e atropelando as coisas”, conta o ator, e confessa, que tem vivido situações similares na sua vida pessoal. “ Estou vivendo isso agora. Se eu deixar, minha mãe se muda para a minha casa e vira mãe dos meus filhos (ele e Thales Bretas são pais dos gêmeos Romeu e Gabriel, nascidos por meio de uma barriga de aluguel em agosto deste ano). Acabei tirando graça dessa situação, abordando no filme esse momento delicado com o meu olhar de humor. Como autor, levo situações da minha vida para os meus projetos. Homenageio minha família em todos os filmes, mas neste, especialmente, no final, realmente abro aspas ali e falo coisas diretamente para eles, com fotos e tal”
Ele destaca a inclusão do tema do casamento homoafetivo na atual produção. “Minha maior inspiração para esta cena foi o meu próprio casamento. A função dela é mostrar o casamento do filho pelo olhar da Hermínia, e ela vê que Juliano escolheu o caminho do amor. E aceita esse amor como é. Tive uma experiência maravilhosa, mas sei que não é a realidade de todo mundo. Então, pensei: por que não falar desta experiência e tentar tocar o coração de outras pessoas? Fizemos uma cena sensível e a coloquei como vejo: com naturalidade”, diz Paulo, que está casado com Thales desde 2015.
Ainda falando sobre a emocionante cena que é um dos pontos altos do filme dirigido por Susana Garcia, com roteiro de Paulo Gustavo e Fil Braz – que rendeu críticas antes até de seu lançamento, pela ausência de um beijo gay, depois que o ator Rodrigo Pandolfo comentou em setembro, que não aconteceria beijo entre os noivos – Paulo Gustavo esclarece: “A cena ficou muito bonita. Aquela confusão que teve na internet não me pertence. Julgaram a partir de uma frase do Rodrigo em uma festa em São Paulo. E algumas coisas viraram verdade e as pessoas julgaram sem ter visto, sem saber. É aquela velha história: a internet no meio de tantas coisas boas, também proporciona esse tipo de coisa desagradável. O filme é muito maior que um beijo e tenho o meu trabalho como cidadão gay, militante, todo dia. Minha vida é um livro aberto, sou uma bandeira ambulante e tenho orgulho de tudo que sou e conquistei. Espero com esse filme possa tocar o coração de muita gente, porque ele foi feito da forma mais linda possível”.
O ator revela ainda, que tem muitas criações para saírem do papel para as telas. “Mas essa franquia, acabou aqui como filme, e vai virar um seriado de 45 episódios no Globoplay. Então, haja história, mas mãe tem sempre história. A minha, por exemplo, sempre rende muitas engraçadas. Ela me inspira todos os dias”.
E o que vai herdar da sua mãe que deseja transmitir para os seus filhos? “ O sentimento de justiça, honestidade e ética. Ela foi e é uma mulher batalhadora, guerreira, que se “vira nos 30”. É uma mulher forte e empoderada, acho que esse é o maior legado dela para mim”.
O Natal foi em família com os gêmeos e o marido, já a virada do ano, será passada ao lado da amiga e modelo Carol Trentini e sua família, no Sul do país. “Estou muito feliz de ser pai. Claro que minha vida gira agora toda em torno deles e com o maior prazer”, diz. E a responsabilidade da paternidade, pesa? “Sempre fui um cara responsável, maduro e agora só estou colocando mais tudo isso em prática. São dois “serumaninhos” que dependem em tudo de mim para o resto da vida. Eu agora, por exemplo, estou te dando essa entrevista e correndo na farmácia porque Gael está gripado”, conta. “ Mas ser pai é isso: meu olhar vai para onde eles estão olhando, sempre. O Thales é um paizão também. E além de tudo, eles têm de brinde, um pai que é médico (dermatologista), que é uma coisa ótima. Ele é atencioso e carinhoso. Cada dia que passa, tenho certeza que eu tive meus filhos com a pessoa certa e fico mais apaixonado”.
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