*Por Brunna Condini
Uma frase conhecida de William Shakespeare (trecho de “Hamlet”), diz que “estar pronto é tudo”. Nando Brandão, no ar como o ambicioso Lucas, em “Amor de Mãe”, está vivendo essa experiência. O ator colhe os frutos de ter se preparado até aqui, e estar pronto para contracenar com nomes como Taís Araújo e Irandhir Santos, saboreando a virada do personagem que parecia uma coisa, mas se revelou outra. “Foi uma surpresa. Quando me chamaram para o teste, sabia eu seria o advogado assistente da Taís Araújo, mas não a proporção dele na trama. Então, o Lucas tem sido uma descoberta diária, desde o início”, conta. “Era um personagem que estava ali, de pano de fundo, e de um capítulo para o outro, se transformou neste cara ambicioso que não pensou duas vezes quando viu a oportunidade de se dar bem”.
Em sua terceira novela e fazendo o primeiro papel “com camadas”, ele se surpreendeu com a repercussão da “tirada de máscara” de Lucas, já que o advogado deixou Vitória (Taís Araújo) na mão, para se aliar a Álvaro (Irandhir Santos). “Ele está usando toda a sua inteligência para articular essa virada e crescer ali. Lucas descobriu que a Vitória está por trás da ação coletiva contra a PWA, então, se sente seguro”, diz. “Tenho acompanhado muito a repercussão no Twitter. As pessoas andam dizendo que o Lucas não é tão bom advogado quanto a Vitória, mas discordo. Acho que vai ser uma briga de gigantes, ele está mostrando a que veio. Lucas deseja ser o titular das causas importantes da empresa. Ele está com sangue nos olhos”, avisa o ator, que na sua preparação conversou com um amigo advogado e viu séries como “How to Get Away with Murder”, protagonizada pela icônica Viola Davis, na pele de uma advogada competente e ardilosa.
E se o personagem está pesado e tem “sangue nos olhos”, Nando é suave e alto astral. “Ele é muito diferente de mim. Sou tranquilo, otimista. Meus amigos estão estranhando muito. Sou o amigo que coloca os outros para cima, me sinto muito amado”, revela. “É a primeira vez que as pessoas estão vendo esta camada minha. Como ator, empresto o que tenho. Mas estou usando um personagem para descobrir coisas novas, é muito bom. Estou exercitando esse lado cínico, sonso. As pessoas que me conhecem bem, estão com ranço de mim”, diverte-se.
Ele conta ainda, que até os amigos próximos, estão com um certo “ranço” do personagem. “Tenho um amigo há 15 anos, que até demorou a responder umas mensagens minhas, e que embora torça por mim, confessou que não está curtindo nada ver essa versão minha. O Lucas trouxe esse olhar para um outro lado. Fazemos escolhas, mas acredito que tem tudo dentro da gente. O lado sombrio existe, não dá para ignorar. É uma escolha diária ser um cara do bem, fazer o bem”.
Aos 33 anos, o ator lembra sua trajetória até aqui. “Comecei a fazer teatro com 11 anos, sou o único artista da família. Eu tive a inciativa. Atuava, dirigia, pensava no figurino, desde cedo”, diz. “Com 18, descobri a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e foi tudo para mim. Sai com 21 anos de lá, outra pessoa. Era um menino de Jacarepaguá, peguei um buzão e fui descobrir a zona Sul, fazer teatro. Depois, fiz faculdade de cinema também. Quero dirigir um dia, mas antes, quero atuar muito”.
Nando Brandão foi descoberto pela Globo no teatro musical, e de lá fez produções como “O rebu” (2014) e “Pega pega” (2017). “Sou um ator que canta e dança. Tudo começou lá. Mas gosto de ser livre no palco, ser o Nando cantor, que sempre esteve junto, mas como diversão. Tenho vontade de cantar mais, posto na internet meus vídeos, um até bombou por conta do Hugo Gloss e de outros famosos que postaram, comentaram. Quero fazer mais shows e gostaria de pensar em um EP também”.
E se pintasse um convite para o “Popstar”, encararia? “Com certeza. É um lugar em que seria feliz”.
Da relação com Taís Araújo e Irandhir Santos, ele não joga confete, mas fala com admiração da troca, que tem sido intensa. “Olha, é muito aprendizado. Mas é lindo, porque me sinto de igual para igual. Claro que sei que são eles, e às vezes penso: uau! Mas estou ali porque estou preparado para isso. Sinto que estou crescendo desde a primeira cena. Me sinto mais seguro, porque estou muito entregue que nunca”, contabiliza. “E aprendo muito vendo. Irandhir é um gênio. Aprendi com ele a não ter medo do set. É o meu ofício, se tiver que dar três cambalhotas antes de dar o texto, faço. Se tiver que ficar em silêncio, idem. Aprendo também, a não ter medo de errar, me jogar e experimentar. Da Taís, que é uma parceira generosa, investiga, também me tornei amigo fora da novela. Ela me recebeu de braços abertos”.
Apesar da rotina mais intensa de gravações e do mergulho no universo televisivo, ele garante que continua levando uma vida simples. “Estou morando no mesmo lugar, fazendo minhas coisas. Saindo para os mesmos lugares, mas agora, sendo reconhecido na rua”, comenta. “Tem sido bacana essa relação com as pessoas. Na rua, ficam na dúvida, quando me veem. Acho que por conta da minha postura ser muito diferente da do Lucas. Me acham mais jovem que na TV também, e me dão conselhos para sair do lado do Álvaro”.
Solteiro, mas com “alguns crushs”, Nando também fala sobre o assédio que aumentou nas redes sociais. “Recebo uns directs, né? Tem de todo tipo”, entrega. “São mensagens de mulheres e de homens, está equilibrado. Não me incomoda. Te digo, que tenho um público masculino grande, principalmente de homens negros”.
Se a versatilidade do ator está sendo evidenciada na novela das 21h, em breve poderá ser vista também nas telonas. “Estou no elenco de “Quem vai ficar com Mário? ”, dirigido pelo Hsu Chien Hsin, um coreano que está no Brasil há alguns anos. Faço o Xandy, um ator de uma companhia de teatro musical. No filme, atuou em um trio com a Nanny People e o Victor Maia, e nos apresentamos pelo país. Ele é gay e vive um amor platônico pelo personagem do Rômulo Arantes Neto”.
Artigos relacionados