*Por Brunna Condini
Ela é camaleoa na vida e na arte, e isso está além das mudanças de visual por conta dos personagens. Julianne Trevisol é plural no cardápio de papéis que vem desempenhando na carreira. Até a chegada da pandemia do Coronavírus, ela gravava a novela “Gênesis“, da Record, como a vilã Nidana. A trama é baseada no livro homônimo da Bíblia, e pretende contar a história da criação até o período do povo hebreu do Egito. Mas com a necessidade de distanciamento social por conta da Covid-19, o trabalho está em suspenso, e para surpresa da atriz ela voltou ao ar em duas tramas diferentes, de emissoras distintas.
Na Rede Globo, ela é a assistente, blogueira e it girl Lu, na reprise compacta de “Totalmente Demais”, na faixa das 19h. Já em “Mutantes”, na Record, ela faz uma antagonista, a mutante Górgona. “São trabalhos muito diversos mesmo! Mas é muito bom poder rever papéis que marcaram. O público pode me ver e relembrar também. Estou adorando”.
Ela recorda com carinho da personagem, que era assistente da Carolina, protagonista vivida por Juliana Paes na revista que dá nome à trama: inteligente, talentosa e bem atrapalhada “Sou muito diferente da Lu, mas se tem algo da Ju na Lu, foi essa espécie de ingenuidade, pureza, que talvez eu nem tenha mais tanto hoje, mas já tive. Então, revisitei esse lugar mais puro e até bem sonhador. Quase alguém em uma fase adolescente. Uma época em que você ainda tem um encantamento por tudo. E A Lu tem também, um lado de imaturidade. Ela é uma jovem de 20 e poucos anos, promissora, vanguarda, quer se destacar no trabalho, mas no fundo tem uma imaturidade emocional grande, não sabe lidar com tanto sentimento que tem dentro dela”, detalha. “Quando fui interpretar a Lu, busquei uma Julianne de anos atrás. E tem a coisa dramática também, já tive uma fase assim”, confessa, aos risos.
Refúgio e Amor
Moradora do Rio de Janeiro, quando o trabalho em “Gênesis” foi interrompido, ela abandonou, por hora, as longas madeixas (aplique) da personagem na novela, e a cidade grande, para se entregar ao refúgio na natureza durante a quarentena, ao lado do namorado, o músico Amon Lima, da Família Lima. “Estamos na reserva Picada Verão, no Rio Grande do Sul. Vim assim que pararam as gravações. Acho que no geral esse período todo foi de muito aprendizado, estudo, conexão comigo mesma, com quem está à minha volta, com a natureza. Me mantive atenta acompanhando a gravidade de todos os acontecimentos no mundo, amparando quem pude e no que pude, mas escolhi olhar as coisas pelo lado positivo e aproveitar cada momento da melhor forma”, revela.
Estão juntos há quanto tempo? “Estamos namorando há 11 meses. Mas já nos conhecemos há 18 anos. Namoramos quando éramos mais jovens, e nos reencontramos, foi um ótimo reencontro. Estamos bem felizes, Amon é um excelente companheiro de vida!”.
Discreta quando o assunto é a vida pessoal, ela preferiu não falar mais intimamente da relação. Mas conta, que vem desenvolvendo projetos no período em que está recolhida no sítio com Amon, e também vem estudando para o seu desenvolvimento pessoal. “Com todo esse movimento na internet tem muito conteúdo interessante. O artista tem sempre muito para estudar, pesquisar, é o que venho fazendo. Mas não senti pressão para ter produtividade. Pelo contrário, meditei todos os dias. Aproveitei as oportunidades para me reciclar, repensar coisas, e acho que todos deveriam seguir assim, aproveitando oportunidades sem essa pressão geral! Cada um, e cada coisa no seu tempo. Temos que respeitar nossos limites, sentimentos”, aconselha. “Não sou uma pessoa ansiosa na vida, apesar desse momento ter deixado todos nós com esse sentimento. E creio que meditar, se conectar com suas crenças, seja a melhor saída para manter a mente sã”.
Empreendedora
A atriz inaugurou recentemente uma esmalteria, o Atelier Trevisol, na Barra da Tijuca. O projeto foi desenhado por Julianne e a designer de interiores, Dani Gonzalez, mas devido a pandemia, a festa de abertura teve que ser adiada. No entanto, após a flexibilização liberada pelo governo do Rio ao comércio, o atelier abriu em julho, cumprindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Os profissionais fazem a higienização completa e constante com álcool em gel, utilizam máscaras e luvas. Além disso, o atelier instalou cabines de acrílico privativas para atendimento individual, com horário agendado, quantidade simultânea de clientes reduzidas e os profissionais estão sendo monitorados com frequência”, diz.
Empreender em um momento como esse não deve ser fácil, como está tudo? “Não precisei reduzir quadro de funcionários porque estávamos no início, ainda fazendo a seleção. Abrimos para testes com amigos e nem chegamos a fazer a inauguração, já que tivemos que fechar”, conta a atriz. “Foi difícil porque os custos continuaram sem nenhum desconto. E não podendo ter clientes é quase impossível manter um negócio novo, em que se acabou de se investir e nem teve tempo de dar retorno”.
Ela comenta ainda sobre os outros planos que adiou por conta da pandemia: “Além das gravações, e de não conseguir fazer uma inauguração oficial para a minha esmalteria, eu estrearia um espetáculo em abril no Rio, a peça “Ao Anoitecer”, com o Marcio Kieling. Não temos previsão do retorno das gravações por enquanto. A esmalteria reabriu se adaptando com todos os procedimentos necessários e o teatro acho que será o último setor a ser liberado por conta da aglomeração”.
Os sonhos imediatos da atriz estão relacionados ao término da pandemia. “Gostaria que esse ano chegasse ao fim com a descoberta da vacina para a Covid-19 aprovada, e que com isso, que todos pudessem se abraçar como antes. Gostaria que tivéssemos sabedoria para lidar com esse novo momento carregando conosco todas as experiências e aprendizados do período. Que tivéssemos mais amor, menos preconceito, menos intolerância, mais olho no olho, menos corrupção, mais verdade”, deseja. “Tenho muitos sonhos. Espero ainda fazer muitas personagens bacanas em trabalhos que me desafiem. E quero ter sempre minha família unida, em paz e com saúde. E algum dia desejo formar a minha própria família também”.
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