*Por Brunna Condini
Se Flavia Alessandra pudesse traduzir sua personagem na trama de “Salve-se quem puder”, que estreia hoje, no horário das 19h, em um adjetivo, certamente seria misteriosa. A Helena, da novela de Daniel Ortiz, tem uma vida presente, aparentemente ajustada, e um passado, digamos, nebuloso. “Ela é uma empresária bem-sucedida, dona do “Empório Delícia”. Adoraria ter um lugar assim. Tenho um lado empresarial meu já realizado, o salão com o Marcos Proença, mas gostaria muito de ter um complexo gastronômico como esse”, revela a atriz. “A Helena tem uma família superbacana, é casada com o Hugo, que o Leopoldo Pacheco vive, e tem dois enteados que são como filhos para ela. Mas tem um buraco emocional, porque em algum momento, ela deixou uma filha para trás”.
Sob a direção de Fred Mayrink, Flavia dá vida à empresária, que esconde segredos, como o relacionamento que teve com Mário (Murilo Rosa) e a existência de Luna (Juliana Paiva), a filha que morava em Cancún, no México, e que abandonou. No presente, Helena é casada com Hugo, e tem adoração pelos enteados, Téo, interpretado por Felipe Simas, e Micaela, vivida por Sabrina Petraglia. Embora feliz com a sua escolha para a personagem, Flavia confessa, que quase não topou fazê-la: “Foi um grande conflito para mim. Quando li a sinopse, pensei: o que justifica essa atitude, de uma mãe abandonar uma filha? E aí, conversei com o Fred, o Daniel, e entendi, e isso acabou virando um motivo para aceitar. Pela primeira vez na minha carreira, estou fazendo um papel que não sei o porquê. Não sei a índole dela. Está sendo curioso e desafiador”, diz. “Quando você pega uma personagem, você quer entendê-la primeiro. É muito difícil você não saber sua índole para criar. Não consegui arrumar uma desculpa para a Helena, para essa atitude. Ela é o desconhecido para mim. Esse é o grande desafio, mas está sendo incrível”.
Aos 45 anos e com mais de 30 de profissão, Flávia conseguiu encontrar um caminho para viver a personagem-incógnita. “Em todos os capítulos, eu falo, que quero voltar para o México para socorrer o meu enteado, o Téo, que está lá no momento do furacão. E o meu marido diz que não posso voltar, não posso esquecer o que fiz. Aconteceu alguma coisa, eles sabem, mas eu não. Então, na minha interpretação, deixo um lado sombrio no ar, que pode ser qualquer coisa. Não sei se ela é do bem e do mal”, conta, e deixa escapar: “A filha, Luna, acaba vindo trabalhar aqui no empório, com a nova identidade, e também vai parar dentro da minha casa. Estou falando coisa que não podia, né? Mas a Luna vira fisioterapeuta do Téo. Então, num dado momento, a Helena é quase mãe e sogra. Pode isso? A trama é surpreendente”.
Flavia está com o visual renovado para a Helena, com cabelos curtíssimos. E embora esteja mais bonita do que nunca, ela afirma que não é radical no que diz respeito à alimentação e cuidados com o corpo. “Temos que buscar equilíbrio em tudo. Nos finais de semana me dou ao direito de comer mais e aproveitar a vida. Às vezes, durante a semana, quando uma amiga surge de férias também, não me privo”, diverte-se. “Depois tento dar uma compensada, malho mais e vamos seguindo”.
E o que hábitos tem? “Faço de tudo um pouco, em termos de exercícios. Minha busca é sempre o bem-estar. Sou uma pessoa que a vida inteira comi de tudo, gosto de comer. Tento ter mais equilibro hoje com a carne vermelha, comendo só duas vezes por semana, por exemplo”, conta. “Treino, mas nada pesado. Faço yoga, trilha, dança com o Justin Neto, que fico quebrada (risos). Vou variando, mas tento sempre ter alguma atividade”.
Há poucos anos de completar cinco décadas, a atriz fala francamente sobre o processo do amadurecimento. “Ficar mais velha influencia em tudo. O que mais mudou, acho que foi a questão do colágeno, de massa magra no corpo, que é característico. Então, acho que depois dos 40, tem que intensificar a musculação, porque vai balancear. A prioridade não é ficar sarada, é fortalecer, para não sentir dor, não sentir joelho. Graças a Deus, eu acordo e não sinto dor em nada”, garante. “Só sinto dor quando faço dança, por exemplo, mas é porque me empolgo. Não sinto dores porque invisto no fortalecimento da minha musculatura, isso é a base para tudo”.
E segue, dividindo sua experiência até aqui. “ Fiz dança a vida toda, o músculo tem memória também. Mas tem os hábitos. Minha mãe está com 72 anos, meu pai com 83, e estão muito bem. Meu pai, entrou na musculação há cinco anos, mudou tudo, até a postura dele. Voltou a ser meu pai, está com tônus muscular”, compartilha. “Minha mãe é sábia. Um dia me disse: filha, envelhecer não é uma maravilha. Morri de rir com ela. E começou a me dizer que tudo cai, cabelo, gengiva, vai dando um desespero. O lado da sabedoria, é claro que é maravilhoso. Mas o lado de perder a vitalidade, não. Mas tenho uma bisavó que está com 102 anos. Minha genética é boa, mas sabemos o que vamos perdendo com o tempo”.
Que procedimentos já fez? “Fiz botox, faço laser, não sei os nomes certos. Mas a maioria dos procedimentos de laser que faço, são voltados para o melasma, porque o meu tende a voltar, tive na gravidez e amo Sol. E sempre que trabalho melasma, trabalho o colágeno”.
Envelhecer a assusta de alguma forma? “Não. Me assusta a velocidade do tempo hoje. Piscou o olho, eu já vou estar aí velha. É impressionante essa velocidade. E acho o tempo algo precioso”, analisa. “Não sei se essa sensação de velocidade é porque estamos recebendo muita informação, estímulos, de todos os lados, atividades, corre-corre, o tempo todo. Isso é diferente de anos atrás. Mas isso, assusta. Tenho vontade de parar um pouco esse tempo, por exemplo, para poder admirar mais as minhas filhas. A Giulia vai fazer 20. A Olivia está quase do meu tamanho, com 9 anos”, completa.
E revela, que não teve crises de idade até hoje: “Se tive alguma, foi profissional, no passado. Quando entrei na faculdade, fiz Direito, minha carreira como atriz não decolava. Nunca tive crise de idade. Tive sobre o trabalho, e cheguei a pensar se conseguiria viver da profissão que amo, como atriz. Mas deu certo. Essa foi a crise: será que não vou conseguir viver de atuar ou vou ter que virar advogada mesmo para me sustentar? Essa foi minha grande crise”.
Está feliz com a mulher que vê no espelho? “Sou feliz, mas sempre fui. A única coisa que mudaria a vida toda, é tamanho e isso não dá para mudar, né? Então, vamos lá. A gente se descobre feliz, com o que tem, o que é”, diverte-se. E conta, que está adorando o novo visual: “Amo cabelo curto. Sou muito suspeita. Meu marido (Otaviano Costa) também está curtindo. E muito bom quando o companheiro incentiva. Na verdade, eu ainda queria ele mais radical. Quando acabar a novela, vou dar uma raspadinha do lado e botar ele mais blondie. Todo mundo diz que cabelo curto é um caminho sem volta (risos). É uma delícia, é prático. Amei estar com a nuca de fora, tem uma sensação de leveza”.
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