*Com João Ker
A data de estreia é emblemática. Enquanto o Brasil se prepara para, esta semana, conferir a nova temporada de moda na São Paulo Fashion Week, a partir desta segunda feira (31/3), no próximo sábado, 06 de abril – justo entre o término do evento paulista e a semana seguinte, que concentra os lançamentos no Rio e em Minas – chegas à telinha a aguardada 4ª temporada de Game Of Thrones na HBO. Quem, afinal, seria louco de negar que o seriado se consiste em verdadeira moda, capaz de mexer com comportamento, ainda que situe a ação em longínquos reinos medievais? Verdadeira febre, a atração é de fato um modismo contemporâneo para muita gente, inclusive entre fashionistas que, óbvio, amam os figurinos de época apresentados.
Para muitos, o hiato de quase um ano entre a última temporada e esta nova durou uma eternidade. E, quando se lê muitos, não é nenhum exagero. O último episódio da 3ªa temporada foi assistido por 5,4 milhões de pessoas (2,4 milhões a mais do que o piloto) e fez com que a série se tornasse a mais baixada da internet, com quase seis milhões de downloads.
Entre os fãs, está o presidente dos EUA, Barack Obama (que tem a mordomia de receber os episódios em DVD antes de eles irem ao ar, feito digno de suserano medieval) e a eterna Rainha do Pop, Madonna. Esta, por sinal, mexeu recentemente seus pauzinhos e pegou emprestado o figurino da atriz Emilia Clarke (Daenerys Targaryan), com direito a dragão e tudo, para ir a uma festa à fantasia neste início do mês, se constituindo no primeiro caso em que uma ex-sex symbol, agora candidata à dragão da quase terceira idade, homenageia aquilo que está se tornando na vida real, no figurino e em sentido literal.
Para quem nunca viu a série, deve ser difícil entender porque uma saga que acontece em uma realidade utópica, com dragões e magia negra, faz tanto sucesso assim. Mas acontece que a história, baseada nos livros “As Crônicas de Gelo e Fogo” , vai muito além da fantasia. O autor, o celebrado George R.R. Martin é considerado pelos fãs o Tolkien americano. Bom, óbvio que os americanos amam ter seu equivalente em tudo, mas os entusiastas têm lá suas razões. Na última Bienal do Livro, no Rio, em setembro passado, filas homéricas davam volta no estande da editora que publica os volumes no Brasil, com hordas de consumidores se esbofeteando para tirar seu selfie sentadinho no trono cenográfico chupado do seriado. A coisa durava segundos – prova de que, nunca, na história da humanidade, tantos monarcas foram destronados por infinitos sucessores em tão curto tempo, no estilo dos quinze minutos de Andy Warhol. Aliás, 15 segundos. Mas o fato é significativo e demonstra o quanto o seriado é moda. Seu enredo gira basicamente em torno de “poder”: como consegui-lo, como mantê-lo, como não sucumbir sob seu peso. Se o público da série viajar um pouquinho, conseguirá enxergar várias analogias sendo feitas em “Game of Thrones”, inclusive ao mundinho da moda, em sua essência, no que se refere à busca por um lugar ao sol. De preferência, no topo da cadeia alimentar fashion. E até outras comparações podem ser traçadas, no âmbito menos mundano do poder político (mas nem por isso menos “fogueira das vaidades”), comparando alguns personagens da série com o atual panorama político e estilos de governo do mundo inteiro, incluindo Dilma, Lula e sua turma de anões ambiciosos.
O mega fenômeno “Game Of Thrones” pode parecer coisa de nerd a princípio. E até é também, principalmente se analisadas as festas temáticas atuais, aonde fãs vão caracterizados como os personagens em versão gótica de cosplay. Mas o diferencial da série, se comparada com outras fantasias da telinha – como “True Blood”, “The Vampire Diaries”, “Grimm” e “Once Upon A Time” – é que, mesmo tendo uma penca de efeitos especiais, o roteiro não parece inverossímil e os personagens mantêm decisões concisas com suas respectivas personalidades. Em “GoT”, não importa se a ação acontece em volta de uma fogueira mágica ou em salas de tronos em castelos medievais. Esses cenários são surpreendentemente próximos de ambientes do cotidiano dos tabloides, como Brasília. Assim, é possível traçar analogias e relacionar os personagens e seus dramas para a dura realidade fora da tela. E ainda há verdadeiras lições universais sobre honra, família, amor, superação e nobreza.
Depois da sequência sangrenta conhecida como The Red Wedding no penúltimo episódio que foi ao ar (onde praticamente metade do elenco foi assassinada, tipo mix de Noite de São Bartolomeu com frenesi de Freddy Krugger), os fãs do programa que ainda não leram os livros estão mais perdidos do que estariam se houvessem desembarcado na ilha de “Lost”. George R. R. Martin, autor dos livros, quebra tabu na tevê, assassinando personagens que são queridos do público e que geram audiência. A partir de agora, tudo é possível. Como se não bastasse, os atores da série têm afirmado em entrevistas recentes que a 4ª temporada será a mais obscura até então.
Enquanto o dia 06 de abril não chega, os fãs podem conferir abaixo um trailer que a HBO liberou para a temporada. Nele, surge luz sobre alguns dramas que ficaram pendentes ao som de “The Devil Inside”, gravada pela banda London Grammar.
Vídeo (Divulgação)
Por conta mesmo da febre e aproveitando o badalo em torno da nova temporada, o Shopping Village Mall, no Rio – templo de consumo de luxo – exibe a famosa exposição internacional “Game Of Thrones – The Exhibition”. Aberta ao público entre os dias 05 e 09 deste próximo mês, a mostra traz 100 peças reais que foram usadas na série, inclusive alguns figurinos inéditos dessa quarta temporada. E ainda há a chance de entrar na pele de Jon Snow e subir um elevador que simula a Muralha, com vista para toda Westeros (pra quê Vieira Souto, né, meu bem?). Tudo indica que a fila vai ser grande, já a HBO transmite esse primeiro episódio da nova fornada de episódios simultaneamente aos EUA. É material para fã nenhum reclamar, certo? Abaixo você confere uma galeria com alguns dos itens que estarão expostos no Village Mall.
Fotos (Divulgação)
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