* Por Junior de Paula
Foram dois os grandes nomes femininos na televisão na última semana: Isis Valverde e Tatá Werneck.
A primeira tinha dois trabalhos ingratos quando começou a minissérie Amores Roubados: superar a resistência de grande parte do público que a vinha maldizendo desde que surgiram os primeiros boatos de que ela seria o pivô – como se existisse pivô para estas coisas! – da separação de Cauã Reymond, seu parceiro quente de cenas mais quentes ainda, e Grazi Massafera; e, mais do que isso, ela precisava mostrar fôlego para se destacar como atriz em meio a feras como Patrícia Pillar, Dira Paes e Cassia Kis Magro, sem ser engolida pela força de suas companheiras de cena.
Ao fim de Amores Roubados, que teve seu último capítulo exibido nesta sexta-feira, podemos dizer que Isis sai destas batalhas invicta, intacta e ainda mais forte do que entrou. Quem torcia o nariz para o casal da ficção – que parece ter mesmo transposto a história para a vida real – agora já torce para que dê tudo certo e que os dois atores fiquem juntos, já que química, meus queridos, a gente percebeu que não falta ali.
E para quem ainda tinha dúvidas em relação ao trabalho de Isis, apontada por muitos como uma das mais talentosas de sua geração, é hora de dar o braço a torcer, pegar o banquinho e sair de fininho, já que ela não deixou nada a dever em nenhuma das cenas em que se transformou em protagonista absoluta. Desde as tórridas sequências de sexo até as de desespero total, raiva e todos os sentimentos pelas quais ela circulou no decorrer desta história, Isis foi a dona da tela, a dona da história e de uma força impressionante para jogar um jogo que começou com uma goleada de Dira Paes.
Já Tatá Werneck chegou ao ápice de sua Valdirene, a personagem piricomédia de Amor à Vida, ao entrar para o Big Brother, nesta semana, encarnada na personagem e assim ficar, sem nunca se desmontar, por cerca de 12 horas. Ao fim da maratona interpretativa, Tatá mostrou que não tem para ninguém e confirmou aquilo que quem a acompanha, desde os tempos de vacas magras na MTV, já sabia: trata-se de uma das maiores atrizes de comédia surgida na última década.
Essa mesma turma que a segue desde sempre, aliás, havia ficado com medo quando soube que a moça tinha sido contratada pela Globo. Medo em relação ao que ela iria se transformar, se iam engessá-la, censurá-la e amordaçá-la até que só restasse a geladeira, como muitos exemplos que vimos surgir e sumir nos últimos tempos, tentando se adequar ao padrão Globo de caretice. Tatá não só conseguiu se manter fiel ao seu espírito nonsense e sem pudores, como injetou frescor em uma novela que teve muitos mais baixos do que altos. Não é incomum e nem raro ouvir as pessoas – de todas as classes sociais – dizendo que só assistem essa novela por conta das peripécias de Valdirene. E não temos como julgá-las. Ela é mesmo a responsável por muitos dos poucos pontos altos da trama.
Que seja, aliás, o primeiro de muitos sucessos globais de Tatá, que, além de ótima atriz, improvisadora e comediante, tem uma preocupação social do seu trabalho e está à frente de um grupo de teatro chamado Os Inclusos e Os Sisos, que tem como bandeira criar ferramentas e espetáculos que possibilitem o teatro chegar ao maior número possível de espectadores, mesmo aqueles que possuem alguma deficiência visual, auditiva, motora e afins.
Vida longa a Isis, vida longa a Tatá!
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.
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