No ar em ‘Lugar Incomum’, Didi Wagner aguarda a retomada das viagens investindo em canal no Youtube sobre música

*Por Brunna Condini

Na temporada de “Lugar Incomum” no Multishow, que estreou hoje, Didi Wagner começa sua aventura pelo Chile, antes da pandemia do novo coronavírus. São oito episódios exibidos de segunda a sexta, em que a apresentadora explora pela primeira vez no programa o país da América Latina. Didi falou com o site direto do isolamento social que mantém ao lado do marido Fred Wagner, e das filhas Laura,16, Julia,14, e Luiza,11, no litoral de São Paulo. “Gravamos em novembro de 2019, e a estreia estava prevista para maio, mas com a pandemia, o Multishow optou por adiar, e decidimos estrear agora”, conta.

“Gravamos em novembro de 2019, e a estreia estava prevista para maio, mas com a pandemia, o Multishow optou por estrear agora” (Foto: Lais Bartolli)

Na nova aventura, Didi que é apaixonada por viagens, explora os extremos da natureza chilena, curte esportes radicais, saboreia a gastronomia do país e conhece a herança indígena e cultura local. No roteiro estão cidades como Santiago, Valparaíso, Torres del Paine, Puerto Varas, San Pedro de Atacama, Valle del Elqui e Bahía Inglesa. “Já conhecia o Chile, tinha ido umas quatro vezes. Mas não conhecia a Patagônia Chilena, por exemplo. E mesmo conhecendo Santiago, as experiências foram novas, até porque vamos mudando ao longo do tempo”, observa a apresentadora, que estava no país quando os protestos por mudanças sociais e manifestações contra o governo estavam acontecendo: “Era um momento de tensão, de turbulência. Pegamos algumas greves pelo caminho, tinha um clima de ebulição. Nossa chegada em Santiago foi assim. Mas confesso, que tirando a questão logística do cronograma de trabalho, não sentimos maiores apreensões. As notícias de confrontos eram muito mais pela repressão policial, do que pela população. Nosso primeiro destino foi Puerto Varas, depois fomos para a Patagônia que é mais isolada, um lugar em que a natureza se impõe. Quando começamos a subir no roteiro, as coisas estavam mais calmas. Foi interessante estar lá em um momento histórico. Não somos um programa jornalístico, mas falamos com as pessoas, abordamos o que estava acontecendo. Foram as maiores manifestações desde Pinochet, desde 1990. Mais de 15% por cento da população foi às ruas. O que posso dizer, é que para isso acontecer, tinha uma grande massa insatisfeita, e isso é sempre legítimo. Quando tomaram as ruas, não saíram mais”.

Didi no Deserto do Atacama: “Gravar uma temporada na América Latina era uma vontade nossa há muito tempo. Trouxe sentimento de pertencimento” (Divulgação)

E destaca: “Gravar uma temporada na América Latina era uma vontade nossa há muito tempo. Finalmente concretizamos isso no Chile, e foi muito legal porque trouxe um sentimento de pertencimento. Mas, por outro lado, foi interessante constatar que, apesar da proximidade geográfica, as diferenças culturais entre o Brasil e o Chile são muito significativas. O que mais me marcou também foi o fato de o país ser o mais longitudinal do mundo. O Norte é muito diferente do Sul, por conta da distância entre as regiões. Cada lugar tem suas especificidades marcantes, com variações climáticas e uma diversidade incrível de paisagens, com montanhas, deserto, praias”.

A apresentadora comenta ainda sobre o lado mais radical de sua viagem e conta que se arriscou no sandboard nas Dunas de Concón, fez rafting pelo rio Petrohue, entre outras aventuras. “Durante o rafting, um dos instrutores me propôs a pular de uma pedra de cinco metros de altura direto no rio, cuja água estava em degelo, em uma temperatura fria. Eu encarei o desafio, subi na pedra à margem do rio e pulei – não sei se estava com mais medo do salto ou da correnteza me levar para a Argentina. O rafting em si também foi incrível, a água é cristalina e de um lado podíamos observar a vegetação e, do outro, as montanhas com pico nevado. Foi prazeroso observar essa vista de uma natureza preservada e participar de um esporte radical que também é sustentável: nada do rafting ameaça o ecossistema local”, conta Didi, que sempre busca mostrar as pessoas que moram no país retratado e trazer temas atuais.

Didi fazendo rafting pelo rio Petrohue. “Pulei de uma pedra de cinco metros de altura direto passando por um rio, cuja água estava em degelo. Eu encarei” (Foto: Barbara Heckler)

Mundo incomum

Desde março em quarentena, ela fala sobre o período. “Quando começamos esse isolamento, não tínhamos noção que se estenderia tanto e da gravidade do vírus. Aqui em casa ficamos totalmente isolados até junho, porque fui ver meu pai em São Paulo, era aniversário dele, abri essa brecha”, recorda. “Ver São Paulo com ruas tão vazias, deu uma melancolia. Mas quem pode, deve manter o distanciamento. O Brasil bateu a marca de quase 100 mil mortes, mais de dois milhões de infectados, a curva ainda não achatou”.

Do que você tem mais medo? “Acho que como todos, de que alguém perto contraia o vírus. Testei há pouco tempo e deu negativo. Mas o que mais me angustia é pensar que posso estar assintomática e passar inadvertidamente isso para alguém. Ser uma disseminadora desse vírus sacana e cruel”.

“Às vezes me sentia culpada por estar angustiada, como se não tivesse “direito” de me sentir assim porque tem gente pior. Trabalhei isso na terapia” (Reprodução Instagram)

Didi comenta sobre as apreensões do longo período de distanciamento social. “Somos privilegiados por termos um esquema de vida que sublimou algumas coisas. Às vezes me sentia culpada por estar angustiada, mal, como se não tivesse “direito” de me sentir assim porque tem gente pior. Trabalhei isso na terapia (online), porque entre tantos sentimentos que vem neste momento, sentir culpa também não dá, né? Entendi que preciso entender as dificuldades até para ajudar as pessoas. Me acalmei um pouco quando entendi isso. Fortaleci minhas relações com instituições que já ajudava e profissionais liberais das minhas relações. Isso deu algum alento”.

Casada há mais de 20 anos com Fred, ela fala sobre a convivência intensiva em família no período. “Às vezes as meninas têm uma oscilação de humor, o que é normal. Com todos os privilégios que temos, é difícil explicar para uma adolescente que ela precisa ficar trancada em casa. Mas elas são ótimas, têm passado bem por tudo”, diz. “Não tenho a audácia de dizer que imaginei ter essa família que tenho, me sinto afortunada. São três filhas muito bacanas. E minha relação com Fred é de muitos anos, acho que a beleza do nosso relacionamento é sempre procurar um norte para traçar nossa rota juntos. Temos esse pacto de construir juntos. Um sentimento mútuo de fazer uma vida. De vez em quando tem percalços, mas essa fase da quarentena trouxe a constatação que gostamos de estar juntos, nem sempre no maior love (risos), mas reafirmamos no sentimento e propósito”.

“Temos esse pacto de construir juntos. De vez em quando tem percalços, mas essa fase da quarentena trouxe a constatação que gostamos de estar juntos” (Reprodução)

Didi revela que já vinha conversando sobre a próxima temporada de “Lugar Incomum” no Canadá, mas que tudo está em suspenso no momento. “As duas vertentes do meu trabalho são grandes festivais de música e viagens. Vi os dois focos paralisados. Acho que as viagens vão ser retomadas antes dos festivais, das aglomerações. Mas temos que aguardar o que vai acontecer”, diz. “Estou retomando as gravações de um canal que tenho no Youtube, fazendo uns vídeos sobre música. Fiz todas as funções, já que a gravação é remota. Valorizei ainda mais as equipes técnicas, salve! Ainda em agosto a programação nova estará disponível. Vou falar das lives de música que tomaram conta da quarentena, dos algoritmos dos serviços de streaming musicais e da sugestão das músicas novas. Além de música e fofoca”.

Quando surgir a vacina para combater a Covid-19, e a pandemia for controlada, o que mais deseja fazer? “Tem que sair a vacina e ser acessível para todos, por que isso é muito importante, que seja disponibilizada para toda a população, sem distinção. Neste contexto, aí sim, quero muito celebrar, juntar as pessoas que amo. No cenário “com toda a segurança”, partiu aglomeração”.

“Tem que sair a vacina e ser acessível para todos, sem distinção. Neste contexto, aí sim, quero muito celebrar” (Divulgação)