*Por Karina Kuperman
Estava no destino de Carol Macedo viver a história de Inês em “Éramos seis”. Isso porque sua mãe já era apaixonada pela trama antes dela nascer. E a força do pensamento tem poder: ela foi convidada para dar vida à mocinha forte da trama das 18h enquanto estava de férias. “Terminei a novela ‘O tempo não para’ e aproveitei para viajar e cuidar mais de mim, já que vinha emendando os trabalhos desde ‘Malhação viva a diferença‘. Até que me convidaram para fazer a personagem Inês. Fiquei muito feliz, pois sabia que seria um trabalho especial, além da personagem ter uma história de grande importância na trama”, conta ela, que não chegou a assistir nenhuma das seis versões anteriores. “Apesar de conhecer bem a história eu preferi não assistir. A minha personagem corresponde a da Carmencita nas outras versões, mas ela vem com o nome e a história escrita totalmente diferente”, diz.
Para Carol, o segredo do enorme sucesso da trama é a identificação: “A Lola (protagonista, vivida por Gloria Pires na atual versão) é uma personagem que o público se identifica bastante com a história, independentemente da época ou da classe social das famílias. É real! Acho que isso fez com que a trama fizesse tanto sucesso desde o livro, passando por todas as versões”, analisa. “Sabemos que temos uma linda história nas mãos e de grande sucesso! Por isso nos preparamos muito e nossos diretores têm muito carinho e cuidado em cada cena. Isso é muito perceptível quando você assiste a novela, fica nítido que há uma dedicação especial desde a edição, a luz, a direção, o figurino, indo até a interpretação dos atores. Vejo como um sinal de respeito ao público e as outras versões”, explica.
Ambientada nos anos 30, a novela fala sobre temas como machismo e aborda uma sociedade patriarcal. Apesar de muito ter mudado de lá para cá, Carol destaca a importância de falar sobre o tema. “A novela retrata a realidade daquela época, onde o machismo e a sociedade patriarcal eram a norma. Acredito ser importante para os mais jovens (inclusive eu) entenderem como nossos pais e avós viveram e ver que isso já não se encaixa mais nos dias de hoje. Já avançamos muito, mas infelizmente ainda há pessoas que pensam e agem como naquela época. Então é relevante utilizarmos todos os meios de comunicação para falar e debater sobre esses temas. O mundo mudou, mas parece que muitos estão de olhos fechados e regredindo cada vez mais. Precisamos acompanhar essa mudança e evoluir junto com ela”, diz ela, que apoia o feminismo atual cada vez mais forte. “Não sou totalmente ativa nas causas feministas, mas sou uma mulher que luto pelos meus direitos, e que busca sempre aprender mais sobre o assunto. Procuro também ter como referência mulheres fortes e que fazem eu me sentir bem representada”.
Em comum com Inês, Carol destaca a determinação: “A Inês é uma menina muito a frente do seu tempo. Ele se encaixaria muito bem nos dias de hoje, pois é super contemporânea. Dedicada e determinada são duas das qualidades dela que também tenho”, diz a atriz, que precisou desapegar das longas madeixas para a personagem: “Apesar de amar um cabelão, eu sou super desapegada com a aparência quando se trata de trabalho. Empresto totalmente meu corpo para aquela personagem e quando o trabalho acaba, volto com os meus gostos particulares”.
Falando em gostos, a atriz é apaixonada por moda. Poucos minutos de visita às suas redes sociais já entregam. Ela faz, inclusive, o styling de seus próprios looks e tem planos de lançar uma linha de roupas. “Tenho a moda como meu segundo amor. Há alguns anos comecei a me interessar mais sobre o assunto, então assinei revistas de moda, segui alguns blogs e tive um olhar muito mais atento nos conteúdos para realmente aprender e entender melhor. Gosto de ficar atenta às tendências, principalmente nas semanas internacionais de moda. Sinto muito prazer quando escolho o look que vou usar, sendo ele para malhar ou para uma festa de gala. Me arrisco inventando algumas peças e tenho uma costureira maravilhosa que embarca nessas minhas loucuras. Foi daí que surgiu essa minha vontade de lançar uma linha de roupas. Mas quero esperar o momento certo para me dedicar”, adianta ela, que já teve problemas de autoaceitação.
“Essa fase de não aceitar o meu corpo foi rápida, porém um período chato na minha adolescência. Sentia vergonha de ser muito magrinha. Apesar de nunca ter sofrido bullying por esse motivo, eu queria ser como minhas amigas que já tinham um ‘corpão’ para aquela idade. Minha mãe sempre fez questão de conversar comigo, e com a minha irmã, sobre a aceitação e de como nos tornarmos mulheres bem resolvidas. Isso foi fundamental. Fui aprendendo a me olhar no espelho e me amar mais. O problema da aceitação vem com a vergonha de não estar dentro dos padrões impostos pela sociedade. Mas porque sentir vergonha? Cada um tem a sua beleza própria e isso é o mais importante. Quando nos amamos, a nossa confiança fica nítida e não existirá opinião alheia que te faça se sentir menos do que é”. Assinamos embaixo.
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