*Por Brunna Condini
Stella Maria Rodrigues conhecida pelos musicais brasileiros, como ‘Emilinha e Marlene, as Rainhas do Rádio’, ‘A Ópera do Malandro’ e ‘Noviças Rebeldes’, volta às novelas em grande estilo: como mãe de Paolla Oliveira, a Pat de ‘Cara e Coragem‘. Na trama de Claudia Souto, ela interpreta Nadir, casada com Joca (Leopoldo Pacheco), uma mulher feliz na relação, que vê na vida em família sua maior alegria. O que ela não imagina, é que o marido tem outra, e uma filha fora do casamento. Para a atriz, casada há 15 anos com o empresário Luis Fernando Fernandes, e mãe de Gabriel e Filipe, de 32 e 19 anos, o ponto é justamente o acordo de lealdade desfeito entre o casal na trama, e o contrato não realizado, de que neste casamento entraria mais uma pessoa. “O discurso dele é de que ama as duas, mas esqueceu de combinar isso com elas! Eu realmente espero que essa discussão venha à tona. Não é uma relação aberta, é um casamento tradicional. Essa traição, com certeza, vai abalar muita gente. Não podemos esquecer todas as mulheres envolvidas que vão sofrer com esse discurso do Joca”.
Ela menciona que no passado já se relacionou com alguém que estava em outra relação, e diz que a experiência não foi boa: “É uma situação desconfortável. Na época eu não estava com ninguém, mas de qualquer forma acho desonesto, então não evoluiu”.
Aos 56 anos, Stella exalta a luta histórica das mulheres por respeito e equidade, e pontua passagens da existência feminina em nossa sociedade. “Que dor e que delícia experimentar tantas transformações em uma só vida. Acho que a luta é árdua, às vezes cansativa, mas já demos muitos passos e tivemos muitas conquistas. Se você pensar, a mulher desquitada era considerada quase uma prostituta, e num tempo nem tão distante assim. As atrizes passavam pelo mesmo, imagine. É preciso falar sobre isso tudo, não podemos aceitar o assédio de jeito nenhum, ter culpa por usar mini saia ou batom. O ‘não’ sempre foi, e sempre será, ‘não'”, frisa.
E fala da mulher de 50+: “Ela já atravessou uma vida inteira de mudanças e flutuações emocionais. Sangrou, viu crescer seios, pariu, viu seus cabelos ficarem brancos, teve rugas, parou de sangrar. A maturidade traz certezas! Traz ousadia! Trouxe uma nova mulher, que pode tudo o que quiser. Sinto que não tenho tempo a perder. Vivo mais o hoje, o presente. Eu costumava ficar muito ansiosa em relação ao futuro. Hoje é um dia de cada vez”.
A atriz torce por uma virada na trajetória da sua personagem, que na realidade tem uma vida diferente da que imagina ter. “Acho que ela nem desconfia da traição. Tem um casamento sólido e eu acredito que o Joca ame a Nadir….do jeito dele, mas ama. Não dá para saber o que vai acontecer quando ela descobrir a outra família do marido. As pessoas são surpreendentes quando confrontadas com situações limites. Nadir é amorosa, gentil, mas não podemos esquecer que a filha é uma mulher forte, decidida. De onde será que veio essa força? Nadir já deu a entender que é ciumenta, acho que podemos esperar surpresas”.
Uma vida dedicada à arte
Atriz, cantora e produtora com 37 anos de carreira, Stella ficou conhecida do grande público em 1997, quando fez Zilá, a fiel escudeira de Susana Viera em ‘Por Amor‘, na TV Globo. De lá para cá, protagonizou muitos musicais brasileiros, e na TV esteve pela última vez na novela ‘Novo Mundo‘ (2017). “Eu sou uma mulher do teatro. Sempre fui e sempre serei. Minha primeira novela foi ‘Por Amor‘, onde fui muito feliz. A parceria com Susana, brilhante como Branca, foi inesquecível. Branca e Zilá ainda são memes hoje! Na minha trajetória foram muitas peças, musicais, fiz participações incríveis. Depois dessa pandemia é muito bom estar viva e trabalhando. Estou extremamente feliz e grata”, diz.
“Sou grata especialmente à Natália Grimberg, nossa diretora, à Claudia Souto, nossa autora, e à Paolla Oliveira, a filha que qualquer mãe gostaria de ter. Ela é linda, solar, delicada e ao mesmo tempo firme. É um presente do Universo para mim essa Dona Nadir”, conclui a artista.
Com uma vida dedicada à arte, Stella reflete sobre o movimento – que tem gerado insatisfação de alguns colegas – de influenciadores e ex-participantes de realities, por exemplo, que têm migrado para atuação. “Acho que a carreira artística precisa daquele dom, do desejo que nasce com o artista de se comunicar. Mas é um ofício, uma profissão. E como toda profissão, precisa de uma formação, de estudo, de prática. Se essas pessoas têm esse dom, acho lindo. Sejam bem-vindos! Mas penso que é fundamental estudar, estudar e estudar. O ator é um fingidor. Somos contadores de histórias, formadores de opinião. Quanto mais mergulhamos no universo da interpretação, mais ferramentas temos para contar essas histórias”, opina.
E manda um recado aos jovens atores e atrizes que vem almejando seus lugares ao sol: “Leiam muito! Estudem mais! Leiam mais ainda. Vão ao teatro sempre e se joguem! É um ofício árduo, que requer muita disciplina, estudo e dedicação. Boa sorte!”.
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