*Por Domênica Soares
Gabriel Contente tem 23 anos e possui e bagagem artística de sobra. Atualmente, no ar em “Bom Sucesso”, ele interpreta o personagem Vicente, que já ganhou seu espaço nas telinhas e está dando o que falar nas conversas do público. O papel interpretado é de um jovem playboy, rebelde e mimado, mas não com mau caráter. Ou seja, tudo que ele faz e diz, advém de ignorar as realidades distintas e de um egoísmo nutrido e justificado pelos seus pais, que o tratam como se fosse uma pessoa incapaz de tomar suas próprias decisões. Ainda assim, os pais continuam realizando todos os caprichos do rapaz, que no final das contas, só contribuem para o tornar reativo e explosivo. Gabriel conta que é bem diferente do personagem que interpreta e diz que está aprendendo muito com as cenas que protagoniza: “Acho que tenho percebido que todos nós, seres humanos, estamos contaminados de preconceitos e opiniões tortas. Para fazer o Vicente, tive que procurar em mim mesmo, momentos onde fui preconceituoso e isso é um lugar muito doloroso de acessar, principalmente para pessoas, que como eu, lutam contra isso diariamente”. E completa dizendo que o primeiro passo para lutar contra os preconceitos é admitindo que ele está dentro de cada um e espera que o personagem desperte a reflexão nas pessoas que o assistem provocando para a mudança de perspectivas.
Mas não é só em “Bom Sucesso” que o ator ganhou destaque. Recentemente atuou em “Malhação – Vidas Brasileiras”, no qual deu vida ao Felipe Kavaco, que rendeu ótimas críticas e uma repercussão por interpretar o namorado de uma menina que foi diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica, mais conhecida como “ELA”. Além disso, na TV Globo, já participou também das novelas “Totalmente Demais”, “Rock Story”, “Novo Mundo” e “Os Dias Eram Assim”. Gabriel também se destaca nos telões de cinema e em peças de teatro, que foi o lugar que abriu as portas para sua carreira. Começou na companhia “Gente que faz”, com 13 anos, administrada pela atriz Letícia Cannavale, e fez alguns cursos para jovens na CAL – Casa de Artes de Laranjeiras -, no qual é formado. Além disso fez um curso livre com Hamilton de Oliveira. “Tive aulas com Letícia Cannavale, que me mostrou que o teatro é mágico. Que a arte muda a vida das pessoas. Ela me ensinou o que é ser um artista. Ela montou com a gente, adolescentes de 13, 14 e 15 anos, Otelo, de Shakespeare. Tive a oportunidade de interpretar Iago com apenas 13 anos. Também fui inspirado por uma série da Globo, chamada: Som e Fúria. Série repleta de atores que admiro, entre eles, meu ídolo, Pedro Paulo Rangel”, declara.
Sobre suas inúmeras participações, ele comenta sobre ter tido tantos feitos contabilizados até aqui e diz que o essencial para se tornar um artista foi pensar no todo, em um mundo mais solidário e harmonioso. Gabriel, então, reflete os projetos que já participou e não hesita em dizer que foi e é muito feliz em cada processo, peça, escola de teatro ou produção audiovisual das quais fez parte. “Sempre estive no lugar que eu queria, na hora que eu queria. Me sinto privilegiado de ter passado por tantos professores e diretores incríveis que me ensinaram tudo que sei sobre as artes cênicas, como Celina Sodré, Lourival Prudencio, Anderson Aníbal, Hamilton de Oliveira e Zé Alvarenga. E mais privilegiado ainda de estar conseguindo exercer a minha profissão e ainda ser pago por isso, o que está cada vez mais difícil em um país onde a cultura é desvalorizada”.
Em relação ao preconceito existente na sociedade, o ator reflete que a sociedade ainda precisa evoluir bastante para chegar ao ideal e conta que quando era pequeno sofria bullying por ser ‘gordinho’ e não conseguia se relacionar com as meninas por causa de um estereótipo que não deveria ser levado em consideração. “Meu primeiro beijo foi aos 13 anos, quando eu emagreci. Sempre bom lembrar que ser gordo não é sinônimo de ser feio, muito menos sinônimo de doença”, frisa.
Em entrevista ao site Heloisa Tolipan, Gabriel falou sobre outros talentos, para além do teatro, cinema e TV, citando que busca estar presente até mesmo atrás das câmeras e no mundo da música. “Sempre fui um artista, acho que a gente simplesmente nasce com esse dom. Sempre fui o menino da escola que criava textos, dirigia os colegas e gostava de subir ao palco. Hoje, procuro exercitar todos os meus lados artísticos. Coloquei minha primeira peça em cartaz em 2017, chamada “Natal”. Amo tocar violão e cantar e já fiz isso em dois trabalhos, no musical “A Very Potter musical” e no longa metragem “Intimidade entre estranhos”. Ainda em relação ao seu comportamento multifacetado, ele divide sua opinião sobre o novo investimento que a Rede Globo fez em três novos estúdios para as mais diversas produções e plataformas explicando que acompanhou toda a construção do MG4. Ele conta que é muito gratificante pensar que em um futuro breve, uma emissora brasileira, estará com uma produção digna de Hollywood. “Acho que o Brasil tem tudo para produzir conteúdo de alta qualidade. Estamos formando cada vez mais autores de qualidade, como os que escrevem ‘Bom Sucesso’. E abro um parênteses para elogiar Rosane Svartman, Paulo Halm e os colaboradores Felipe Cabral, Isabela Aquino, Claudia Sardinha, Charles Peixoto e Fabrício Santiago. E também diretores e atores de alto nível. Caminhamos, acredito eu, para um futuro com arte de altíssima qualidade, nos teatros, na internet, no cinema, na televisão e nas plataformas digitais. Isso claro, se ainda houver investimento nessa área. O país precisa de cultura, não podemos retroceder”, afirma.
Perguntado sobre seu maior sonho na vida artística e pessoal, ele fala que quer, através da arte, tornar pessoas mais empáticas e solidárias. Além disso, conta que tem um outro sonho, que é trabalhar pelo resto da sua vida com o que gosta. Gabriel mostra o quanto é grato por poder fazer o que ama e sua preocupação com a sociedade, e conclui contando um pouquinho do que ele é fora de todo esse mundo das telinhas e palcos. “Sou um menino tentando ser homem ou um homem que ainda conserva seu menino. Sou amor, sou sonho, sou poesia. Sou amante da natureza, irmão do mar e filho da lua. Sou forte pra batalhar pelos meus sonhos e fraco pra sofrer por amor. Choro com filmes, mas também choro quando vejo as pessoas morando na rua. Abomino as injustiças, a desigualdade e a miséria. Aprecio pequenos gestos de gentileza e sou grato com aqueles que me ajudam. Prezo as grandes amizades aproveito as grandes paixões. Busco a felicidade e todas as outras utopias, por que em um mundo tão frio, são os sonhos que nos esquentam. Tenho convicções fortes, mas estou sempre aberto a escutar os outros. Sou humano e por isso, repleto de defeitos, mas minha eterna busca é por ser justo e coerente com minha ética e meus princípios”.
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