*Por Brunna Condini
Nicolas Prattes comemora a leveza do novo trabalho. Depois de viver um personagem com carga dramática intensa em ‘Todas as Flores’, o ator está de volta em ‘Fuzuê’, próxima novela das sete da Globo, que estreia dia 14. Na trama, Nicolas encarna o jovem advogado Miguel, filho de Nero (Edson Celulari), considerado pelo pai como seu sucessor na loja que dá nome ao folhetim. “Estava sem fazer novela na TV aberta há cinco anos, Então estou oxigenando meu cérebro, me abrindo para todo esse processo novamente”, observa.
Ao conversar com a gente no lançamento da novela, o ator vestia uma jaqueta e calça jeans, com T-shirt branca por dentro, deixando uma guia espiritual à mostra no pescoço, ao lado de outro colar com uma medalhinha, e ficamos curiosos sobre sua espiritualidade: “Já tive várias religiões, mas acredito muito nos orixás, no candomblé, e pego tudo de positivo que a vida tem para oferecer e guardo dentro de mim. Essa guia é de Exu. Ao lado dela, aqui no peito, carrego essa medalhinha de São Bento e Deus sempre no coração”, revela.
Frequento a casa da minha mãe de santo desde os 10 anos. Em família sempre tivemos uma fé plural – Nicolas Prattes
“Na minha vida tudo é sobre fé, Deus, energia. Não separo as coisas. Não acredito em uma única religião. E não acredito em quem fala de religião, fé e tem preconceitos, cria divergências por isso. Trago tudo em uma forma de união. É uma coisa só, é sobre amor. Não vejo estas divisões que a sociedade criou com pensamentos extremistas muitas vezes. Parece que precisamos definir para colocar nas ‘gavetas’. Eu não fui criado assim e não pratico isso. Acredito em um pouco de tudo, é só olhar para o meu peito”, completa.
Nicolas fala da sua relação com o candomblé: “Ela aconteceu através da minha mãe de santo, mãe Nena. Frequento a casa dela desde os 10 anos. Em família sempre tivemos uma fé plural. Se cheguei até aqui, é por conta da força que a fé me dá, por Deus, pelos orixás que me carregam e me dão a energia para estar aqui, fazendo o que preciso”.
A fé cênica que tenho no trabalho se mistura a fé que tenho na vida, não dá pra separar – Nicolas Prattes
A primeira vez a gente não esquece
Com a novela, Nicolas faz sua estreia em uma comédia declarada e vem descobrindo a riqueza do gênero. “Já havia feito humor no palco, na TV ainda não. Estou me descobrindo à frente das câmeras. Junta isso com um personagem novo, que tem traumas, tiques, gagueja. A ideia é trazer empatia para as pessoas que têm dificuldade para se expressar. A gagueira geralmente é apresentada na ficção como uma ‘bengala’ para fazer alguém rir. O Miguel não é assim. Ele faz terapia, tem essa disfunção por conta de coisas que viveu e isso não é engraçado. O humor está nas situações em que se coloca. Perceber isso tem sido o exercício. Nosso texto é muito bom, está tudo nele, a piada já está ali”.
“Ele é diferente do que fiz até agora. Tem fragilidades e traumas expostos e se revela por amor. Vai passar por uma transformação grande. Era tudo o que eu queria agora”, diz, sobre o personagem que se envolve com Luna (Giovanna Cordeiro) na história.
Depois de viver o denso Diego, que assume um crime que não cometeu em ‘Todas as Flores‘, novela Globoplay, o ator volta a fazer um mocinho, mas um tanto atípico. “Ele é um galã que foge de estereótipos. Quando comecei a gravar, as pessoas falavam: ‘Nossa, faz tempo que não vejo o mocinho usando óculos’. Se soubesse já tinha sugerido o acessório para outro personagem. Uso óculos na vida real, é normalizar isso. O Miguel, embora esteja parecendo meio ‘Clark Kent’, não é um mocinho super-herói. O heroísmo dele está em ser alguém que não desiste de mostrar seu amor. O herói da vida real é um pouco isso: aquele que faz o bem, sem olhar a quem. Mas não é trouxa. A águia que está na loja Fuzuê, representa os Braga e Silva não a toa, eles enxergam de longe a iminência do mal. Essa novela não é sobre mocinhos contra vilões. Tem muita humanidade. Como não quero me repetir, está sendo muito bom”, conta o ator que também pode ser visto na série musical ‘Vicky e a Musa’ no Globoplay.
E conclui, falando sobre a identificação com o personagem: “Eu já sei que o maior tesouro que tenho é a minha família, o Miguel ainda vai descobrir. Além disso, não sou CDF como o personagem, que se formou em Direito em Coimbra. Pelo contrário, fui expulso de três escolas (risos). Também expresso o que sinto melhor que ele. Mas somos apaixonados pela vida. Sou taurino e arrisco dizer que o Miguel também. E me vejo um apaixonado pela minha profissão, pela minha namorada (Luiza Caldi). Definitivamente não sou morno”.
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