Nathalia Dill estará em duas novelas e fala das relações familiares que inspiram personagem em ‘Família é tudo’

*Por Brunna Condini

Após cinco anos, Nathalia Dill está de volta às novelas com uma heroína de folhetim como as que a consagraram em seus 19 anos de trajetória profissional – “Nossa, me dei conta agora de que ano que vem faço 20 anos de carreira”, constata, em entrevista ao site. Ela será Vênus em ‘Família é Tudo’, novela que substitui ‘Fuzuê’, no horário das sete da Globo. “Fiz ‘A Dona do Pedaço’ (2019) e já estava querendo emendar no projeto maternidade. Fiquei grávida, veio pandemia, minha filha nasceu (ela é mãe de Eva,4, da união com o músico Pedro Curvello), depois veio mais pandemia. E aí, quando a poeira foi baixando, voltei para o teatro, o que foi maravilhoso, um movimento de reconexão com a minha arte. Também fiz cinema e fui chamada para ‘Guerreiros do Sol’ – que estreia em 2024 na Globoplay e, depois, na TV aberta – , e agora estou empolgada para viver uma personagem tão contemporânea, que tem tanto da mulher de hoje”, celebra.

Na pele de Vênus Mancini, a neta mais velha de Frida (Arlete Salles), matriarca que centraliza a história, a personagem de Nathalia tem a missão de unir os irmãos Júpiter (Thiago Martins); Andrômeda (Ramille), Electra (Juliana Paiva) e Plutão (Isacque Lopes), após a morte do pai deles, Pedro (Paulo Tiefenthaler). Muito ligada aos próprios irmãos na vida, Vitor, 43, e Julia, 38, a atriz fala sobre essa conexão preciosa que constitui muito do que ela é:

Com a minha irmã sempre tive uma relação muito intensa. Compartilhamos o quarto, tivemos que aprender a dividir, negociar as coisas. Nos apoiávamos como aliadas, parceiras. Uma irmã é uma pessoa que consegue te entender por inteiro, que está ali experimentando praticamente as mesmas circunstâncias que você vive. Então, embora a gente seja muito diferente – sou um pouco mais devagar e ela bem mais acelerada – tivemos que aprender a nos equalizar, sempre com uma parceria muito forte. É um aprendizado grande, porque cada uma tem uma identidade bem definida – Nathalia Dill

Nathalia Dill volta às novelas na TV aberta e no streaming e fala das relações familiares que a inspiram na nova trama das sete (Foto: Divulgação/ Globo)

Sobre a relação fraterna, a atriz de 37 anos comenta ainda. “Meu irmão é mais velho, então a relação foi construída de outra forma, não era uma coisa de dividir tanto as coisas. Embora eu também pegasse as roupas dele para usar, como fazia com a minha irmã (risos). Na verdade, ele me influenciou muito com seu gosto musical. Comecei a gostar de algumas bandas, como Nirvana, Legião Urbana, de rock, a tocar violão, muito por conta dele”, conta. E fala sobre o fortalecimento do elo entre eles. “A chegada das crianças vem sempre para unir ainda mais a família, reconectar. É como se desse um refresh, uma atualizada, sabe? Eu e minha irmã engravidamos praticamente juntas, com um mês de diferença, então trocamos muito. Meu sobrinho e Eva são super entrosados, amigos. Agora minha irmã já tem outro filho de um ano. Meu irmão também tem um filho. Então é muito bonito ver a família se renovando”.

“Nossa, me dei conta agora que ano que vem faço 20 anos de carreira” (Foto: Divulgação/Globo)

Inspiração em família

Nathalia tem as melhores expectativas sobre ‘Família é Tudo’, folhetim criado e escrito por Daniel Ortiz, e dirigido por Fred Mayrink, autor e diretor com que já esteve em outros trabalhos que marcaram sua carreira, como a novela ‘Alto Astral’ (2014). “Estamos fazendo uma história de família, então vai gerar identificação. E a minha personagem, a Vênus, tem questões muito maduras, interessantes. É uma heroína típica de folhetim, com o romance, as reviravoltas, mas com o complemento do amor pela irmandade. Tem isso como objetivo. Admiro esse olhar que ela tem sobre a família, a vida. Ela dialoga comigo neste sentido”.

Na trama Vênus é a neta da obstinada Frida, dona da gravadora Mancini, que desaparece, acaba dada como morta e a partir disso a história se desenrola. Ao pensar na ligação avó e neta, a atriz evoca a própria memória afetiva e fala da sua. “Minha avó Eunice, que chamávamos de ‘mamí’, era muito engraçada, falava tudo o que pensava, não tinha o menor filtro, era ótima”, lembra.

Os irmãos Mancini em ‘Família é Tudo’, que será a próxima novela das 7 (Foto: Globo/Manoella Mello)

E compartilha mais uma recordação da avó que foi uma inspiração: “Um dia fui falar com ela sobre signos, explicando o dela, que era Capricórnio. Disse que os capricornianos costumam ser objetivos, sabem o que querem e o que não querem, gostam do concreto, do material, enfim, fui dando uma resumida nas características principais. Sei, que em determinado momento, ela me interrompeu: “E a parte ruim?”, perguntou. Ou seja, estava amando todas as características objetivas, porque era muito ela, uma pessoa que não costumava ter dúvidas. A Eva tem o mesmo signo, então vejo muito de minha avó nela, nessa firmeza de decisão com as coisas, nessa autoestima”.

Posso dizer que ser mãe me faz expandir minhas possibilidades, aprendo todo dia e isso transforma o meu trabalho também – Nathalia Dill

Guerreiros do Sol

Escrita por George Moura e Sergio Goldenberg, ‘Guerreiros do Sol’ é inspirada na história de Lampião e Maria Bonita. Nathalia faz Valiana, uma mulher que se torna referência de força e resiliência nos anos 30 do sertão nordestino. “Vemos um desabrochar nesta personagem. É uma mulher muito oprimida, cercada por aquela sociedade, pelo marido, que ainda acaba morrendo, e ela fica mais desamparada, por conta da época. Enfim, acompanhamos essa mulher se fortalecendo. Valiana consegue se tratar do câncer de mama, uma doença que era desconhecida ainda no período, ganha uma sobrevida e floresce como mulher”, detalha.

Nathalia Dill como Valiana em ‘Guerreiros do Sol’ (Foto: Divulgação/Globoplay)

Essa novela retrata muito o feminino daquela época: como aquelas mulheres vivem e sobrevivem em um período onde os homens vão morrendo? A luta da minha personagem é travada também em como sobreviver socialmente, junto com uma doença que ninguém sabia lidar, que é o câncer de mama, cercado de estigmas – Nathalia Dill

Nathalia aproveita para comparar as suas duas personagens do momento: “Valiana e Vênus tem ‘V’ de vida (risos). Mas é isso, elas representam essa energia, a mulher do tempo delas. A Vênus é guerreira, batalhadora, e ao mesmo tempo tem um olhar humanitário, que é para onde o mundo está se voltando fortemente. Independente, dona da vida dela, uma mulher do hoje em dia. Já a Valiana, vai tomando as rédeas da própria vida, descobrindo sua potência. São mulheres incríveis de se retratar”.