“Não sinto pressão por ter pai diretor, mãe atriz e irmão ator. É estímulo”, diz André Matarazzo


O ator, filho do diretor Jayme Monjardim e da atriz Daniela Escobar, irmão do ator Jayme Matarazzo, conta que a vocação artística vai além do DNA, lembra como batalhou o teste para o papel em “Malhação – Toda Forma de Amar”, que chegou ao fim nesta sexta-feira, e revela o sonho de fazer cinema, dentro e fora do país: “Quero muito! Também sonho em trabalhar até ficar bem velhinho. Sempre sonhei em trabalhar nos Estados Unidos, em Hollywood, e acho que isso sempre vai vibrar forte. Mas eu sei o quanto é difícil, então se eu puder fazer o que mais amo até não conseguir mais, já está bom para mim”

*Por Brunna Condini

André Matarazzo, comemorou em isolamento o encerramento de “Malhação – Toda Forma de Amar”, sua estreia na TV, em que viveu o ambíguo personagem Marquinhos. A trama chegou ao fim na última sexta-feira, e por conta da pandemia do Covid-19, precisou ter seu desfecho acelerado. Tanto, que o elenco nem teve tempo de celebrar a conclusão do trabalho. “A primeira coisa que quero fazer quando essa quarentena acabar é encontrar todos de “Malhação”, toda equipe e elenco e me despedir direito deles. Não tivemos a oportunidade de fazer isso e faz muita falta para mim. Estou com muita saudade deles”, desabafa.

André Matarazzo e Gabriela Mustafá que faziam par romântico em “Malhação – Toda Forma de Amar” (Foto: Camilla Maia/ Globo)

Aos 21 anos, filho do diretor Jayme Monjardim com a atriz Daniela Escobar, irmão do ator Jayme Matarazzo, e neto da cantora Maysa (1936-1977), André tem no DNA o amor pela arte. Sempre acompanhando os pais nos sets, ele conta que o universo sempre o atraiu, tanto que ainda pequeno, fez o papel do próprio pai na minissérie “Maysa” sobre a história da avó, mas revela que só teve certeza do caminho artístico mais tarde. “Fiz teatro desde bem cedo e eu gostava muito. Na verdade, sempre sonhei com isso, mas na minha cabeça eu tinha que ter outros planos. Só no final da minha adolescência que tive a certeza, acho que eu precisei viajar e conhecer um pouco mais da vida para isso”.

“Sempre sonhei com isso, mas na minha cabeça eu tinha que ter outros planos. Acho que eu precisei viajar e conhecer um pouco mais da vida para isso”.(Foto: Vinicius Mochizuki)

Ter um pai diretor, uma mãe atriz, e um irmão ator, de alguma forma, colocou pressão na sua performance? “Eu considero os três grandes talentos, e as maiores influências para mim. Mas nunca senti essa pressão, é muito mais um estímulo que qualquer coisa. Faço o que faço pela paixão que tenho por essa profissão e nada mais. Se eu sinto pressão, e confesso que sinto toda hora, é porque quero que seja o mais real possível, mas isso é por mim”, garante.

O ator morou com a mãe no Estados Unidos por mais de cinco anos, e foi lá que não teve mais dúvidas, que para além da influência hereditária, precisava se preparar para as oportunidades que estava disposto a buscar.“Estudei por três anos a técnica de interpretação Meisner Technique, criada pelo diretor Sanford Meisner. Foi essencial. Eu nunca teria a coragem de ter tentado, muito menos ter feito a “Malhação” se não tivesse tido esse preparo antes. A Califórnia foi um momento de muito crescimento para mim, como ator e como pessoa, e vai ser sempre uma segunda casa. Meu sonho ainda é voltar e trabalhar como ator por lá”, revela André, que batalhou sozinho o teste para fazer o folhetim jovem. “Fiquei sabendo que estavam no processo de escalação para “Malhação” e resolvi mandar um teste pelo telefone. Eu tinha acabado de terminar o curso e queria trabalhar logo. Depois disso, fui chamado para um teste presencial, foi quando decidi voltar ao Brasil. Fiz mais alguns testes com outros atores, foi um processo longo, mas todos nós estávamos passando juntos por isso, então foi muito bacana ver todos se esforçando e se entregando”.

“Eu nunca teria a coragem de ter tentado, muito menos ter feito a “Malhação” se não tivesse tido esse preparo antes” (Foto: Vinicius Mochizuki)

Deu certo. A satisfação fica, mas o gostinho da comemoração pela sua estreia, vai ter que ficar para depois. André saiu da intensa rotina de gravações para o necessário isolamento social. “Queria muito ter ido viajar, sonho em conhecer a Europa há anos, e achava que ia poder fazer isso depois desse trabalho. Também queria continuar trabalhando e isso vai ter que ser adiado por mais um tempinho. Mas não estou preocupado com isso agora, o mais importante é todo mundo ficar bem e saudável nesse momento”.

E compartilha sua atual rotina em casa.Tenho colocado todas as séries em dia , entre elas “Mindhunter “, e estou terminando os livros que tinha para terminar. Tenho aproveitado para me aventurar mais na cozinha também, algo que agora tenho bastante tempo e que preciso melhorar! E estou na quarentena com meu cachorro Scott, mas sem deixar de ver meu irmão e meu pai que moram bem perto de mim”, conta André, e aproveita para falar da boa relação que tem com os irmãos: Jayme, de 33 anos, Maria Fernanda, 35Maysa, de 9. “Me dou muito bem com eles. Sempre dependi muito dos meus irmãos, até porque, além de meus irmãos, dois são meus padrinhos. Minha irmã (Maria Fernanda) é minha madrinha e meu irmão, meu padrinho (Jayme), então eles são tudo para mim. Adoro simplesmente estar junto com eles e jogar papo fora”.

André com a irmã Maria Fernanda (de pé), o irmão Jayme, com o pai Jayme Monjardim, e com a pequena Maysa (Reprodução/Instagram)

Para André, a trajetória que começa agora vai ser cuidadosamente construída. Ele sonha alto e faz questão de dividir: Quero muito fazer cinema. Também sonho em trabalhar até ficar bem velhinho. Sempre sonhei em trabalhar nos Estados Unidos, em Hollywood, e acho que isso sempre vai vibrar forte. Mas eu sei o quanto é difícil, então se eu puder fazer o que mais amo até não conseguir mais, já está bom para mim”.

Tem vontade de seguir os passos do seu pai na direção? “Sempre me interessei muito por direção e por escrever. São duas áreas que tenho muito interesse, mas que não pretendo focar tão cedo. Amo atuar e tenho coragem de me aventurar sempre nisso, já nessas outras áreas, acho que tenho muita coisa para aprender antes de explorar”.

“Sempre sonhei em trabalhar nos Estados Unidos, em Hollywood, e acho que isso sempre vai vibrar forte” (Foto: Vinicius Mochizuki)

Otimista, o ator espera por dias melhores diante da pandemia mundial, e prefere não fazer planos, apenas se preservar no momento. Acha que pode ser mais difícil para sua geração ficar em confinamento, já que são mais sociáveis e cheios de energia? “Pode ser difícil sim, mas por outro lado, acho que a minha geração tem tirado muita onda com todos os movimentos de solidariedade e carinho nesse momento tão complicado”, avalia. “Acho que os jovens de hoje estão incríveis e se mostrando responsáveis diante dessa situação, ficando em casa e estimulando que todos fiquem. E sempre achando um jeito de trazer as pessoas mais próximas, mesmo distantes, conectando-se com elas”.

“Acho que os jovens de hoje estão incríveis e se mostrando responsáveis diante dessa situação, ficando em casa e estimulando que todos fiquem” (Foto: Vinicius Mochizuki)