Nanda Costa precisa lutar pela própria vida em sua primeira vez em Hollywood


Filme “Monster hunter” marca a estreia internacional de Nanda Costa, que participou de um dos painéis da CCXP Worlds ao lado do diretor Paul W S Anderson e dos colegas de elenco Milla Jovovich e Diego Boneta. Longa-metragem, ainda sem data para chegar às telas do Brasil, foi retirado dos cinemas chineses sob acusações de racismo

*Por Simone Gondim

Fã de videogames desde a infância, Nanda Costa não teve medo de encarar monstros em seu primeiro trabalho em Hollywood. A brasileira está no elenco de “Monster hunter”, adaptação para os cinemas do jogo de mesmo nome. O longa-metragem, dirigido por Paul W S Anderson, traz Milla Jovovich como a Tenente Artemis, que é transportada junto com seu esquadrão de elite para um mundo paralelo ao nosso, dominado por criaturas gigantescas e perigosas. “Os monstros são muito parecidos com os do game, é impressionante a riqueza de detalhes que todos eles têm”, comentou Nanda, ao participar de um painel da CCXP Worlds sobre os bastidores da produção.

Na trama, Nanda Costa é Lea, que aparece falando Esperanto, língua internacional lançada em 1887 com o objetivo de ser neutra e facilitar a comunicação entre povos de diferentes culturas. A preparação para o papel incluiu, além de aprender diálogos em Esperanto, aulas de muay thai, a fim de encarar o ritmo intenso das cenas. “Eu ia matar monstros e nunca tinha feito isso. Fiz um treinamento físico porque sabia que era um filme de ação”, contou a atriz. “Não tem tanto chroma (key, recurso usado para viabilizar a inclusão de efeitos especiais). Eram um cenários gigantes. A maior parte das gravações era externa”, completou.

Nanda Costa como Lea, no filme “Monster hunter” (Foto: Divulgação)

A parte física do trabalho incluiu ser içada por cabos de aço em alguns momentos. “O Paul me levou para um treinamento, aí tinha um guindaste gigante e um cabo de aço de sei lá quantos metros. Olhei e vi os outros atores lá pendurados, os dublês e tal. Senti aquele frio na barriga, minha boca secou e eu falei: é alto para caramba!”, lembrou Nanda. Mesmo morrendo de medo, a brasileira não se intimidou e encarou o desafio, sem recorrer a uma dublê. “Eu me joguei, de cabo e tudo. Ganhei até mais uma cena, que não existia, porque tive a coragem de me jogar lá de cima”, revelou.

Além de Nanda Costa, estavam no painel sobre “Monster hunter” os colegas de elenco Diego Boneta e Milla Jovovich, bem como Paul W S Anderson. A intérprete de Artemis falou de um dos momentos mais difíceis durante as filmagens, quando o elenco ficou encharcado por causa de uma tempestade artificial. “Sofremos demais. Estávamos no deserto, por volta das 3 da manhã, e trouxeram as máquinas de chuva. Lembro de olhar para a Nanda ensopada e ver todo mundo tremendo no set”, recordou ela.

Milla Jovovich é a Tenente Artemis em “Monster hunter” (Foto: Divulgação)

O filme ainda não tem data para estrear no Brasil, mas vai chegar envolvido em polêmica. “Monster hunter” foi retirado de cinemas na China por uma cena considerada racista. De acordo com uma reportagem publicada no site da revista Variety, o trecho mostra o personagem interpretado pelo rapper Jin Au-Yeung conversando com um colega. “Olhe os meus joelhos”, diz Jin. “Que joelhos são esses?”, pergunta o outro. “Chi-nese”, responde Jin, em inglês, dividindo a sílaba da palavra para fazer piada com a sonoridade de “nese”, semelhante à palavra “knees”, que significa “joelhos”.

Os chineses associaram o diálogo a uma rima infantil de cunho racista: “Chinese, Japanese, dirty knees – look at these?”, cantada com a intenção de humilhar crianças de origem asiática. As legendas na China favoreceram essa interpretação, porque para adaptar ao idioma local a brincadeira feita por Jin Au-Yeung, os tradutores optaram por fazer da conversa uma referência a um ditado sobre como os homens devem ter dignidade e não se ajoelhar facilmente, dando a impressão de que estariam encobrindo, propositalmente, a ofensa contida no roteiro.