Um dos nomes mais importantes da Independência do Brasil, Maria Leopoldina também está representada no elenco de “Novo Mundo”. Na trama das 18h, que aborda este período da história do Brasil, a princesa da Áustria e mulher de Dom Pedro I é interpretada por Letícia Colin. Diferente da realeza que não era muito íntima da beleza e da estética, a atriz brilha nas telinhas com os figurinos, joias e caracterização típicos da época. Além da aparência, Letícia também trouxe o humor para a personagem. “Para a novela, a gente respeitou o recurso histórico e a essência que conhecemos da personagem. Mas eu acho que faz parte da contribuição do artista dar uma opinião nova e trazer uma nova cor para o imaginário da personagem”, apontou.
E essa contribuição de Letícia veio através da graça. Amante do humor, a atriz buscou achar a comédia na experiência de uma europeia em um país tropical recém colonizado. “Eu adoro trabalhar com o humor. Para mim, a graça e o sorriso curam e podem revolucionar ambientes e relações, de verdade. Então, quando eu vi que a Leopoldina poderia ter esse viés, eu me dediquei a explorar esse humor. Ela é uma personagem do exagero que acha tudo muito maravilhoso”, contou Letícia que se declarou apaixonada por Maria Leopoldina. “Depois que eu conheci a vida da personagem e a maneira como ela se reinventou, eu fiquei encantada. Ela veio para uma terra desconhecida, nunca mais viu a família, viveu deprimida por boa parte da vida… Não tinha como não amar essa história”, contou.
Para viver a princesa da Áustria, Letícia Colin precisou mergulhar em novas experiências. Além do laboratório para se ambientar aos costumes, trajes e dialeto da época, a atriz também fez aulas de caligrafia, piano, alemão, tiro e montaria. Toda esta entrega, comum à carreira de Letícia Colin, também tem uma explicação ideológica. Em “Novo Mundo”, o enredo traz a busca por novas expectativas e realizações em uma terra até então desconhecida. Não muito diferente, atualmente também vivemos um panorama de busca por novos pensamentos e reflexões na sociedade moderna. Sobre este paralelo, Letícia Colin destacou a contemporaneidade da obra que retrata o século XIX. “É muito doido pensar isso, mas eu acho que ‘Novo Mundo’ é uma novela extremamente atual. Na trama, a gente discute a formação do país e isso explica muitas questões que vivemos hoje. É muito legal a gente revisitar o passado para tentar entender o presente e construir um novo futuro”, argumentou.
No entanto, essa experiência de passado e presente ganha um novo tom quando se constata que não evoluímos tanto de lá para cá. Na verdade, como apontou Letícia Colin, em muitos aspectos, a sociedade moderna retrocedeu. “Quando a Leopoldina chega no Brasil, ela fica muito assustada com a escravidão e a forma com que os negros eram tratados. E hoje, nós não mudamos tanto. Eu acho que o negro ainda tem uma condição de muita luta aqui no Brasil. A gente acha que já evoluímos porque em alguns guetos a situação é melhor, mas não é assim. O mundo ainda não respeita as diferenças e opções de cada um, seja de raça, gênero ou opinião”, disse Letícia que acrescentou sobre a riqueza ideológica de “Novo Mundo”. “A novela traz uma reflexão bonita, séria e triste do nosso país. E assim que uma obra artística precisa ser: profunda e que passeia por várias sensações. ‘Novo Mundo’ veio para divertir, questionar e emocionar”, completou.
Com essa proposta, a novela pretende ensinar além de entreter. Muito mais que levar a diversão para a faixa das 18h da Globo, como apontou Letícia Colin, “Novo Mundo” também tem a missão de ser uma aula de história moderna sobre o nosso passado. Afinal, hoje, a televisão ainda é a forma de entretenimento para boa parte da população brasileira. Sendo assim, a atriz acredita que seja mais leve ensinar às pessoas sobre questões importantes e atuais pela novela do que por métodos mais tradicionais. “A novela entra na vida dos brasileiros de uma forma muito íntima. Às vezes, o espectador pode até não gostar muito da história, mas assiste diariamente. Faz parte da nossa cultura”, afirmou a atriz Letícia Colin que acredita na reflexão profunda de “Novo Mundo”.
Artigos relacionados