A Mostra Competitiva do Brazilian Film Festival of Miami teve um gostinho especial. É que a exibição de um dos filmes integrantes, “Um namorado para minha mulher”, emocionou o público presente graças a uma homenagem a Domingos Montagner, que integrou o elenco em seu último trabalho nas telonas. A plateia acompanhou um hino de palhaço, a primeira arte de Domingos, e Ingrid Guimarães, colega de cena do ator, saiu do palco aos prantos pouco antes da exibição. Julia Rezende, a diretora de apenas 30 anos que comandou o longa, contou que exibir a história para uma nova plateia é ainda mais especial. “Ter um filme no festival de Miami é uma alegria, principalmente esse que, curiosamente, tem uma história engraçada, porque é uma adaptação de um filme argentino, então é muito universal. Já foi adaptada na Itália, no México, na Coreia. A nossa versão brasileira carrega toda universalidade que a história original tinha, mas também demos o ingrediente local. O público vai reconhecer como um filme brasileiro ao mesmo tempo que vai se identificar bastante”, adiantou.
Julia, que começou a carreira há cerca de três anos, já tem, no currículo, diversas produções de sucesso como “Meu passado me condena 1”, “Meu passado me condena 2”, “Ponte aérea” e, agora, “Um namorado para minha mulher”. “Tenho tido a oportunidade de filmar muito, acho que a minha geração toda. Vejo muitos diretores que começaram há mais ou menos cinco anos e fazem um longa por ano, exercitam bem. O cinema brasileiro, por enquanto, tem sido incrivelmente bom. Estou vivendo disso, olha que sorte!”, comemorou.
Aliás, ela tem motivos para isso. É que Julia já tem dois novos – e promissores – projetos. “Em novembro, eu entro em filmagem rodando um longa chamado ‘Como é cruel viver assim’, que é uma adaptação de uma peça do Fernando Ceylão com Marcelo Valle, Silvio Guindane, Fabíola Nascimento, Débora Lamm, Paulo Miklos… uma turma ótima. É um filme engraçado e ácido”, adiantou ela. Pensa que é só? “Ano que vem filmo um longa adaptado de um livro da Tati Bernardi chamado ‘Depois a louca sou eu‘”, contou.
Apesar de tanto sucesso, Julia não fecha os olhos para a realidade da produção nacional. “O cinema brasileiro hoje está vivendo um momento que temos acesso a suporte financeiro grande com fundo setorial, mas, por outro lado, precisamos reavaliar como é esse mecanismo de exibição e distribuição. Estamos produzindo uma média de 100 longas por ano e esses filmes não encontram espaço nas salas, então a gente precisa resignificar a maneira como eles são lançados e distribuídos para que o público tenha, de fato, acesso a toda nossa produção”, disse ela, que fez questão de endossar: “Meu grande sonho é justamente esse: viver de cinema, me expressar por filmes, contar histórias que me toquem e emocionem e que possam fazer o mesmo com outras pessoas”. Quem duvida que ela consegue?
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