Micaela Góes, que apresenta reality de desapego ao lado de Sabrina Sato, brinca: ‘Ela fugiu da minha visita em casa’


Ao lado de Sabrina Sato e da arquiteta Gabriela de Matos, Micaela ajuda a desapegar e transformar vidas no reality ‘Desapegue Se For Capaz’, no GNT. Na atração, ela vai bem além da tarefa de ajudar a colocar armários e cômodos em ordem, e auxilia famílias a recomeçar avaliando o que não cabe mais em suas vidas, seguindo princípios como consumo consciente e descarte responsável: “Temos uma preocupação muito grande, e isso tem a ver com o tempo em que vivemos, com o destino que damos para tudo. Procuramos descartar o mínimo possível. Algumas partes vão para doação, outras para venda, só descartamos o que não dá mesmo para reaproveitar. Dar o destino correto é fundamental. O mundo não aguenta mais esse ‘desaforo’ de se jogar tudo fora. Se serve para o uso, alguém vai poder ressignificar aquele objeto. E reutilizar também é preciso, dando uma nova cara. Em nosso mundo não tem ‘jogar fora’, fica tudo por aqui”

*Por Brunna Condini

Se durante 10 anos Micaela Góes ajuda famílias a se organizarem através do seu ‘Santa Ajuda‘, agora tem uma missão ainda mais árdua, mas igualmente emocionante. Ao lado de Sabrina Sato, na apresentação, e da arquiteta Gabriela de Matos, ela ajuda a desapegar e transformar vidas no reality ‘Desapegue Se For Capaz’, também no GNT. Na atração, Micaela vai bem além da tarefa de ajudar a colocar armários e cômodos em ordem e auxilia famílias que tiveram suas vidas afetadas pelo acúmulo de objetos e pela bagunça. Ao longo de dez episódios, a personal organizer e as companheiras de reality têm o objetivo de oferecer uma oportunidade de recomeço para as pessoas no ambiente em que vivem, tudo através da reorganização, seguindo princípios como consumo consciente e descarte responsável.

Durante a entrevista, Micaela frisou que desapegar não deve ser um sofrimento. “Tenho uma espécie de missão de tirar a organização deste lugar do ‘castigo’, e a colocar no lugar de uma ferramenta aliada. Se a sua casa é mais ordenada, você vai ter uma vida mais fácil, mais fluida. A verdade é que até a minha casa se for colocada exposta em um galpão, como é a proposta do programa, vai ter muito para se desfazer. Não tem para onde correr”. Ou tem. E brinca: “A Sabrina mesmo, ia me receber em casa, mas correu, fugiu (risos). Mas diz que ainda vai me chamar. Vamos ver (risos)”.

Micaela Góes, Sabrina Sato e Gabriela de Matos, nos bastidores da nova atração do GNT (Reprodução)

Micaela Góes, Sabrina Sato e Gabriela de Matos nos bastidores da nova atração do GNT (Reprodução)

Apesar de ser uma especialista, a apresentadora revela que também tem um ‘fraco’ no que diz respeito à organização: “Tenho dificuldade de arrumar papéis. Não gosto muito de lidar com papelada, documentos. Faço, mas não curto, confesso. Acho chato selecionar, olhar um por um”.

No reality, é dada a oportunidade de renovar seu ambiente avaliando e transformando tudo ao redor: a proposta é se desfazer, ressignificar no mínimo 30% dos itens para que uma nova vida possa recomeçar ali. Na sequência, a casa é esvaziada e todos os objetos da família, incluindo os móveis, são colocados em um galpão. Micaela diz que o trabalho mexe com sentimentos muitas vezes desconhecidos. “Essa relação com apego e desapego, existe em vários formatos. O consumo tem a ver com o que você coloca para dentro e também em como se desfaz. Quando você vê sua casa na toda exposta, assusta. É um trabalho terapêutico e antropológico, nos faz conhecer o ser humano. A casa, se formos pensar, é algo inanimado, são paredes, chão, pisos. O que muda de uma para a outra são as vidas, as histórias, esses ‘fios invisíveis’ de relações que se fazem dentro dela, os vínculos afetivos. São esses ‘fios’ que ligam a gente aos objetos, que alguns chamam de apego, e que constroem as relações das pessoas com os lugares”, reflete.

"Essa relação com apego e desapego, existe em vários formatos. O consumo tem a ver com o que você bota para dentro, e também em como se desfaz das coisas" (Divulgação)

“Essa relação com apego e desapego existe em vários formatos. O consumo tem a ver com o que você coloca para dentro e também em como se desfaz” (Divulgação)

“Tudo é feito com muito empenho, dedicação. São dias longos de trabalho, triagem. Aqui não existe a ‘mágica’ da televisão, é trabalho duro. Mão na massa. Olhamos grampo por grampo. Muita gente nem sabe exatamente o que tem, guarda em casa. Então é mesmo um processo terapêutico. Fico comovida especialmente nas entregas das casas. Sempre choro. Me contagio com a emoção das pessoas. É quando a gente vê se as pessoas embarcaram realmente”.

"É mesmo um processo terapêutico. Fico comovida especialmente nas entregas das casas. Sempre choro. Me emociono com a emoção das pessoas" (Divulgação)

“É mesmo um processo terapêutico. Fico comovida especialmente nas entregas das casas. Sempre choro. Me contagio com a emoção das pessoas” (Divulgação)

E apesar de adotar a máxima que ‘desapegar é preciso’, Micaela salienta que isso não é uma imposição no seu trabalho. “Não peço que ninguém se desfaça do que é importante, caro para si. Mas também não tenho sentimentos de pena no processo, o que sinto muitas vezes é compaixão pela dificuldade que a pessoa tem de desapegar. Neste programa especificamente, vemos pessoas imersas em um caos tão grande, que diante das dificuldades, se deixam tomar pela resistência de não abrir espaço para o novo. E se acostumar com o desprendimento do que não faz mais sentido é preciso. Nem todos conseguem fazer um avanço grande, a maioria, sim, avalia.

Com gosto de recomeço

Aos 47 anos, ela, que, além de profissional da organização, é apresentadora e atriz, acrescenta, que o reality é uma forma de as pessoas olharem para suas vidas no detalhe. De dentro da casa, para dentro de si, e para o mundo ao redor. “Tenho uma década de ‘Santa Ajuda’, mas é como se eu estivesse começando de novo. O programa é divertido, emocionante. Gera reflexão sobre o que consumimos e nossa relação com o apego. Ver nossa casa verticalizada em um galpão e tomar ciência de quantas coisas desnecessárias nós carregamos e juntamos ao longo da vida. Desapegar é dar importância ao que tem importância e libertar-se daquilo que não nos importa”, comenta.

"O mundo não aguenta mais esse ‘desaforo’ de se jogar tudo fora. Se serve para o uso, alguém vai poder ressignificar aquele objeto. E reutilizar também é preciso, dando uma nova cara" (Divulgação)

“O mundo não aguenta mais esse ‘desaforo’ de se jogar tudo fora. Se serve para o uso, alguém vai poder ressignificar aquele objeto. E reutilizar também é preciso, dando uma nova cara” (Divulgação)

“Temos uma preocupação muito grande, e isso tem a ver com o tempo em que vivemos, com o destino que damos para tudo. Procuramos descartar o mínimo possível. Algumas partes vão para doação, outras para venda, só descartamos o que não dá mesmo para reaproveitar. Dar o destino correto é fundamental. O mundo não aguenta mais esse ‘desaforo’ de se jogar tudo fora. Se serve para o uso, alguém vai poder ressignificar aquele objeto. E reutilizar também é preciso, dando uma nova cara. Em nosso mundo, não tem ‘jogar fora’, fica tudo por aqui”.

Ela conta ainda, que apesar de ser consciente em relação à sustentabilidade, repensou ainda mais sua relação com o consumo durante a pandemia, no período em que ficou com o marido, o engenheiro Pedro Xavier Hermeto, e as filhas, as gêmeas Júlia e Lara, de 11 anos, em uma casa na Região Serrana do Rio de Janeiro. “Passei muitos meses no sítio, e refleti sobre o lixo que eliminamos. Usei composteira e minhocário para reduzir. Como não sou consumista, não foi difícil repensar ainda mais sobre consumo. A pandemia trouxe para ficar uma relação muito diferente da gente com a casa. Assistindo a esses processos no programa, percebo como esse momento influenciou. Foi uma oportunidade de observar de perto tudo a que nos prendemos ao longo de um tempo”.

Com Sabrina e Gabriela no reality: "Desapegar é dar importância ao que tem importância e libertar-se daquilo que não nos importa." (Divulgação)

Com Sabrina e Gabriela no reality: “Desapegar é dar importância ao que tem importância e libertar-se daquilo que não nos importa” (Divulgação)