Masterchef estreia hoje com novo time, formato ‘raiz’, e notícia de que pode ser última edição


O reality gastronômico estreia nesta terça-feira (6) e convidamos o especialista e pesquisador em audiovisual Valmir Moratelli para analisar com a gente essa nova jornada do Masterchef Brasil que inclui a saída de Paola Carosella e a entrada de Helena Rizzo, a volta do formato ‘raiz’ da atração e a participação de famosos que curtem culinária. “Vai ser interessante ver como os outros chefs vão interagir agora, como o público vai reagir à essa perda significativa da Paola. Por mais que vá entrar uma outra chef experiente, bem vista por quem acompanha gastronomia, temos que ter consciência que é um programa já consolidado no imaginário nacional dentro de outros personagens. É como se você estivesse trocando, com uma novela em andamento, o protagonista e colocando um outro ator para fazer o mesmo papel. Ele vai ter que dar andamento à obra, mas buscando sua própria identidade”, diz Moratelli

*Por Brunna Condini

O Masterchef Brasil estreia nova temporada na Band nesta terça-feira (6), às 22h30. É a primeira vez que a atração vai ao ar sem a chef Paola Carosella. Em seu lugar, Helena Rizzo, a chef brasileira mais premiada no mundo, chega para se juntar ao grupo original formado pelos chefs Erick Jacquin e Henrique Fogaça, e apresentado por Ana Paula Padrão.

Nesta segunda-feira, Ana Paula falou sobre o programa e fez questão de comentar rumores de que o reality gastronômico sairia da grade da Band. A informação viralizou nas redes sociais depois que o colunista Flávio Ricco afirmou que a edição de 2021 será a última do formato, o que é desconhecido pela apresentadora. “Se vai acabar, ninguém me contou. Estamos investindo muito, não só em termos financeiros, mas em termos de energia da equipe para fazer uma temporada absolutamente espetacular com uma lista gigante de anunciantes, patrocinadores e parceiros nossos, então, acho um contrassenso. Ninguém me falou sobre isso”, declarou.

Henrique Fogaça, Helena Rizzo, Erick Jacquin e Ana Paula Padrão: o time Masterchef 2021 (Divulgação/Band)

Henrique Fogaça, Helena Rizzo, Erick Jacquin e Ana Paula Padrão: o time Masterchef 2021 (Divulgação/Band)

O futuro do reality pode ser incerto, mas o presente está super produzido e cercado de boas expectativas. A direção voltou ao ‘Masterchef raiz’, após um formato testado ano passado, por conta da pandemia do novo coronavírus, que não agradou muito o público. Fugindo da dinâmica tradicional da atração, a competição foi dividida em duas fases e cada episódio disputado por oito participantes na fase inicial, sendo que o vencedor de cada um deles disputou o prêmio de R$ 25 mil na fase final.

Agora, na oitava temporada, o Masterchef retorna às origens, com 23 participantes e um eliminado por semana, até que sobre apenas o campeão, que será premiado com R$ 300 mil. “Voltar a esse formato evidencia a trajetória do herói, que é a principal característica do programa”, afirma a diretora Marisa Mestiço. “Com certeza, a torcida de quem assiste em casa é bem mais fervorosa com essa configuração”, completou Henrique Fogaça, durante coletiva. “O grande lance dessa temporada é você ver a evolução ou a regressão do cozinheiro. Alguns até cozinham bem, mas com a pressão, não conseguem executar. Além disso, o fato de estarem confinados e distantes da família, pode gerar tanto ações positivas, como negativas, que talvez eles tragam para o programa. É uma faca de dois gumes”, complementa.

Sucesso do formato e a química dos jurados

Valmir Moratelli, pesquisador em audiovisual e narrativas da teledramaturgia, afirma que o formato é precursor no país e responsável pela expansão do universo culinário para grande parte da população. “Abriu portas para outros realities de cozinha, esse formato fogão, geladeira e bancada. Fazendo com que haja uma glamourização de um profissional que muitas vezes não era tão valorizado ou conhecido. Depois do Masterchef, começamos a entender mais sobre empratamento, combinação entre cores e texturas no mesmo prato, a valorizar receitas com ingredientes genuinamente brasileiros, reconhecendo como alta gastronomia, por exemplo”, ressalta Moratelli.

“A Paola, o Jacquin e o Fogaça tinham uma  química muito interessante dentro da composição do Masterchef original, porque se complementavam nas suas personalidades. Não eram opostas, se completavam, dentro de uma linha muito tênue que ia da arrogância à simpatia. Eram exigentes com os concorrentes do programa, mas ainda assim eram quase ‘caricatos’ dentro daquele papel do ‘chef mandão’, que dá bronca, que deseja que o prato seja perfeito, por mais que muitas vezes os participantes sejam até amadores. Isso inclusive já gerou muitos memes e alimentou o programa nas redes sociais”.

Henrique Fogaça, Paola Carosella, Ana Paula Padrão e Erik Jacquin: time que tocou o Masterchef por sete anos (Divulgação/Band)

Henrique Fogaça, Paola Carosella, Ana Paula Padrão e Erik Jacquin: time que tocou o Masterchef por sete anos (Divulgação/Band)

Moratelli chama à atenção para a nova configuração. “Vai ser interessante ver como os outros chefs vão interagir agora, como o público vai reagir à essa perda significativa da Paola. Por mais que vá entrar uma outra chef experiente, bem vista por quem acompanha gastronomia, temos que ter consciência que é um programa já consolidado no imaginário nacional dentro de outros personagens. É como se você estivesse trocando, com uma novela em andamento, o protagonista e colocando um outro ator para fazer o mesmo papel. Ele vai ter que dar andamento à obra, mas buscando sua própria identidade. O público não espera uma ‘nova Paola’, espera uma nova chef, mas como ela vai se desenvolver ali dentro, em química, tanto com os outros chefs, como com os participantes, é que vai dar o gás do programa e vai ser interessante acompanhar”. E completa: “Voltar ao formato original acredito que tenha sido a medida mais acertada pela produção. Como foi ao ar no ano passado, se perdia muita a questão da torcida. Realities precisam de engajamento, que vem através de episódios, nada se cria em um único dia. Foi o erro do programa quando pulverizou essa escolha de participantes, que a cada semana mudava. Agora o Masterchef resgata o que fez o programa ser tão querido pelos brasileiros. essa coisa de ter um grupo homogêneo e que no final terá apenas um vencedor. É a volta da sensação de prazer de acompanhar essa disputa no decorrer das semanas, com camadas de desafios”.

Confinamento e troca de chefs

Diante da pandemia, os protocolos de segurança recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) foram reforçados. Pela primeira vez na história do programa, os participantes ficaram confinados em um hotel, em São Paulo antes e durante as gravações, com o objetivo de preservá-los. Para Ana Paula Padrão, o confinamento também deve acirrar a disputa. “Foi uma medida para que conseguíssemos conviver com essa situação de emergência sanitária no Brasil, mas obviamente isso tem impacto no jogo porque é um elemento a mais de pressão sobre os participantes. Eles estão há mais tempo longe das famílias, sendo continuamente testados nas relações entre si, e se existe uma antipatia, ela pode evoluir para o ‘ódio mortal’. Se tem uma afinidade, isso pode progredir para uma estratégia de jogo, de ‘vamos juntos até quando der’. Acredito que seja uma pimenta na edição que a gente nunca teve e que colabora bastante para a emoção ficar ainda maior”, aposta.

"Os participantes estão sendo continuamente testados nas relações, e se existe uma antipatia, ela pode evoluir para o 'ódio mortal'. Se tem uma afinidade, isso pode progredir para uma estratégia de jogo" (Divulgação/Band)

“Os participantes estão sendo continuamente testados nas relações, e se existe uma antipatia, ela pode evoluir para o ‘ódio mortal’. Se tem uma afinidade, isso pode progredir para uma estratégia de jogo” (Divulgação/Band)

A participação de Paolla no reality culinário foi inesquecível e ela se despediu em janeiro, após sete anos na atração, de forma emocionada em suas redes sociais. “Obrigada Brasil por essa viagem surreal emocionante e tão divertida! Obrigada @masterchefbr @endemolshinebr @bandtv @marisamestico @patoediaz @anapaulapadraooficial @erickjacquin henrique_fogaca74 @bennygb @denisesantanas @diegoguebel e a todos os que viajaram comigo, me ensinaram, seguraram a onda, se arriscaram, seguraram minha mão, tiveram paciência, me ensinaram tanto!!! Não cabe todo mundo num post então por favor apenas recebam minha gratidão. Obrigada a todxs vocês por tanto amor, por terem aceitado esta cozinheira argentina para falar de comida e pessoas na TV Brasileira. Foram os anos mais intensos e incríveis da minha vida”, postou a chef, que ressaltou em nota que a saída do programa visa que ela possa focar suas atenções em uma fase de expansão de suas empresas. “Tenho muita honra de ter participado desse incrível projeto. Aqui estou e estarei sempre na minha casa. Mas neste momento minha empresa precisa de meu tempo e dedicação integral”.

Paola: “Tenho muita honra de ter participado desse incrível projeto. Aqui estou e estarei sempre na minha casa. Mas neste momento minha empresa precisa de meu tempo e dedicação integral" (Reprodução)

Paola: “Tenho muita honra de ter participado desse incrível projeto. Aqui estou e estarei sempre na minha casa. Mas neste momento minha empresa precisa de meu tempo e dedicação integral” (Reprodução)

Mas é fato, que agora as atenções estarão em Helena Rizzo. Ela é mais do que credenciada para ocupar o lugar que já foi de Paolla, que é muito querida pelos fãs da atração. Helena é a única no país a ter recebido o título melhor chef mulher do mundo pelo ranking 50 Best da revista inglesa Restaurant, em 2014. A ex-modelo também é experiente no quesito jurada de reality gastronômico, tendo já participado do The Taste Brasil, que foi exibido pelo GNT de 2017 a 2019, e do da disputa internacional The Final Table, em Los Angeles, em 2018. Além disso, é uma das sócias do premiado restaurante Maní, condecorado com 1 estrela Michelin, em São Paulo, em que é sócia ao lado da amiga Fernanda Lima, de Pedro Paulo Diniz e Giovana Baggio. A chef também tem carreira internacional com experiências em países como Espanha e Itália, e é conhecida por trabalhar a cozinha contemporânea, com o máximo aproveitamento dos alimentos.

Se comparada à Paola – já que comparações neste caso são inevitáveis – Helena também é altamente exigente. E já até arrancou elogios da apresentadora Ana Paula Padrão: “A Helena tem um astral, uma aura, uma coisa de humor que é muito interessante e que eu não conhecia. Não só no estúdio, mas nos corredores. Mesmo se for de madrugada, ela está sempre tranquilona, feliz, sorrindo, cantando – ela canta muito!”. E parece que é nesta energia de leveza, que Helena pretende ir ocupando seu espaço. “A entrada dela foi tão suave, tão boa, que a sua energia e simpatia se adaptaram muito rapidamente à equipe toda”, afirma Fogaça.

"É uma responsabilidade gigante continuar uma história linda que a Paolla Carosella começou e concluiu de maneira brilhante, mulher que tenho enorme admiração!" (Divulgação/Band)

“É uma responsabilidade gigante continuar uma história linda que a Paolla Carosella começou e concluiu de maneira brilhante, mulher que tenho enorme admiração!” (Divulgação/Band)

Para a nova jurada o convite para a missão foi uma feliz surpresa. “É uma honra, e acima de tudo uma responsabilidade compartilhar conhecimento, ajudar e orientar os participantes. Farei o meu melhor! Responsabilidade gigante de continuar uma história linda que a Paolla Carosella começou e concluiu de maneira brilhante, mulher que tenho enorme admiração!’, declarou. “Sou muito movida a desafios e coisas novas, por isso vi no MasterChef a oportunidade de fazer parte de um programa na TV aberta e conseguir me comunicar mais com o público. Às vezes, a gastronomia fica dentro de uma bolha, é bacana poder ter essa abertura e esse panorama do Brasil que o talent show proporciona”, afirma a Helena, e avisa: “Me considero uma pessoa séria na cozinha, gosto de qualidade e concentração. Sou exigente e falo as coisas que têm de ser ditas, mas também acredito que a culinária tem a ver com afeto, amor e alegria. É preciso cozinhar com felicidade e ter uma boa intenção quando nos propomos a fazer algo para o outro”.

Novidades

Muitos convidados ilustres vão passar pela edição deste no ano. Pessoas que são destaque em suas respectivas áreas, mas que têm uma relação de amor pela gastronomia. O público vai conhecer o lado cozinheiro de artistas brasileiros, como o sambista Diogo Nogueira e a sertaneja Naiara Azevedo, que vão dividir as panelas com os participantes. Fabiano MenottiZeca CamargoDuda Beat e Felipe Titto são alguns dos outros famosos que já participaram das gravações.