Por 14 anos, Marieta Severo interpretou a mesma personagem. Era certo: nas noites de quinta-feira, lá estava “A Grande Família” e a atriz como Dona Nenê, o melhor exemplo possível da matriarca, preocupada sempre com os filhos e o marido. Mas, em 11 de setembro do ano passado, essa trajetória chegou ao fim e Marieta, atriz que tem sua base fundamental nos palcos – ela e Andréa Beltrão são as donas do Teatro Poeira, em Botafogo -, deu adeus à personagem. “Vivi a Nenê plenamente, com dedicação e convicção”, declara ao Site HT.
Agora, ela prepara-se para voltar às telas como Fanny, a vilã de “Verdades Secretas”, nova novela das 23h da Rede Globo, com texto de Walcyr Carrasco e direção de núcleo por Mauro Mendonça Filho. Amoral, gananciosa, sem escrúpulos e interesseira, a personagem não poderia ser mais contrastante com Dona Nenê nem se tentasse. Além de fazer as vezes de cafetina na agência de modelos que gerencia, a mulher ainda mantém um caso sórdido com o personagem de Reynaldo Gianecchini e, muito provavelmente, agradará ao público que, com nomes como Carminha (Adriana Esteves, em “Avenida Brasil”), Flora (Patrícia Pillar, em “A Favorita”), Nazaré (Renata Sorrah, em “Senhora do Destino”) e a mais recente Beatriz (Glória Pires, em “Babilônia”), tem aprendido a gostar das vilãs da teledramaturgia.
Em um papo rápido com HT, Marieta falou sobre as diferenças entre Fanny e Dona Nenê, como reage às críticas e ao conservadorismo atual, sua relação com a idade e as cenas quentes com Gianecchini. Você lê tudo isso abaixo:
HT: Qual a relação da sua personagem com o do Reynaldo Gianecchini? Eles vão viver um romance?
MS: Não há chance nenhuma de romance, fica tudo muito claro. Ela paga para o [personagem do] Gianecchini quando eles terminam. É bom até para o público não achar que o diretor enlouqueceu. Ela sabe que o cara está com ela por interesse.
HT: A reação do público a preocupa? A Glória Pires tem sido muito criticada por estar vivendo uma relação sexual com um cara mais jovem que ela em “Babilônia”, por exemplo.
MS: Eu faço o meu trabalho e a reação do público vem depois. Eu quero interpretar com a maior liberdade possível! Eu não posso me pautar pensando que o público vai achar assim ou assado nem para o bem, nem para o mal. A internet, que é o reduto de todas essas coisas ruins, eu não vejo. Só uso computador para e-mail e pesquisa. Não frequento nenhuma rede social, mas, às vezes, as pessoas me falam o que acontece por lá e eu fico horrorizada. Há um conservadorismo forte no ar, que é uma hipocrisia muito grande. Mas cabe a nós, artistas principalmente, mantermos o nosso espaço.
HT: Vão rolar cenas quentes entre você e o Reynaldo, já que o horário das 23h dá mais liberdade à trama?
MS: Eu não sei… Estou muito confiante nos meus diretores. Todos eles vão abordar os temas com muita adequação e tato. Não haverá nada desnecessário para a história.
HT: Como tem sido sair da pele da Dona Nenê e interpretar uma personagem tão diferente assim?
MS: É muito bom, exatamente por ela não ter nada a ver com a Dona Nenê. Eu vivi a Dona Nenê plenamente nesses 14 anos, com dedicação e convicção. Mas, agora, estou em outro universo, outro lugar, falando e vivendo coisas que não têm nada a ver com o mundo de “A Grande Família”.
HT: A sua personagem é descrita como uma mulher vaidosa, que luta contra a passagem do tempo. Qual a sua opinião sobre isso?
MS: Nenhuma mulher gosta de ficar com rugas, é mentira dizer isso. Mas eu lido com bastante tranquilidade com o meu rosto e as suas mudanças. Eu tenho uma aceitação em relação a isso, não brigo. Eu vivo uma vida muito coerente com a minha idade: eu sou avó, tenho um neto de 18 anos, então estou com a cara que eu tenho mesmo. É claro que seria melhor se as rugas nunca tivessem surgido, mas não é o caso. Parece que quando a gente envelhece, elas vêm mesmo (risos).
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