Marianna Alexandre: quem é a jovem atriz que estreia em Gênesis e vive, no cinema, a famosa cantora Celly Campello?


Estreando na televisão, na novela Gênesis, a atriz que tem 1,5 milhão de seguidores no TikTok, aponta que os pais devem conscientizar os filhos para que cresçam sem a visão antiquada do machismo estruturado na sociedade. Mulher empoderada, ela conta ter muito em comum com sua personagem na trama da Record. “Amarilis age do jeito que bem entende e não leva desaforo para casa. Nós mulheres não estamos sendo mais submissas. Queremos sempre a igualdade dos direitos e caminhamos nessa direção”, frisa a jovem, que em 2022, poderá ser vista nos cinemas no papel da saudosa cantora Celly Campello, no filme ‘Um Broto Legal’. “Foi uma honra interpretar essa precursora do rock nacional”, garante ela, artista versátil, que também toca piano, compõe, canta e é dubladora

Marianna Alexandre estreia na TV interpretando Amarilis, na novela Gênesis (Foto: Pino Gomes)

Marianna Alexandre estreia na TV na novela Gênesis (Foto: Pino Gomes)

* Por Carlos Lima Costa

Com inúmeras peças do teatro musical no currículo, Marianna Alexandre debutou na televisão nesta segunda-feira, na última fase da novela Gênesis. Com todas as cenas já gravadas, ela interpreta Amarilis, irmã do Faraó Sheshi. E, a partir de sua personagem, ela faz uma reflexão sobre o machismo estruturado. “Foi uma personagem gostosa de fazer, porque ela não é tão diferente de mim. Claro, a época é outra, mas pesquisei e vi que, mesmo inferiores, as mulheres eram muito livres, podiam falar, a voz era ouvida. O Sheshi, pelo menos, levava em consideração. Ela age do jeito que bem entende, não leva desaforo para casa, não é submissa. Eu me vejo uma mulher empoderada. Cada vez mais estamos ganhando esse espaço. As mulheres não estão sendo mais submissas. Queremos sempre a igualdade dos direitos, então, caminhamos nessa direção. O machismo estruturado ainda existe, mas acredito que vamos conseguir conquistar ainda mais espaços”, frisa ela.

Marianna nunca foi vítima de machismo. E temas como o posicionamento feminino sempre foram conversados com seus pais. “Somos a favor do feminismo. Estamos passando por essa transição de tentar acabar com o machismo no mundo. O que precisamos fazer é cumprir o nosso papel de sempre tentar alertar, de sermos defensoras desse movimento, demostrar que não faz mais sentido existir isso por conta de um gênero. Temos que mostrar e fazer a reflexão de que todos os seres humanos são iguais em todos os sentidos”, ressalta.

Marianna é atriz de musicais como Se Meu Apartamento Falasse e Noviça Rebelde (Foto: Pino Gomes)

Marianna é atriz de musicais como Se Meu Apartamento Falasse e Noviça Rebelde (Foto: Pino Gomes)

Marianna acredita que as mulheres podem atingir esse objetivo através da criação. “As mulheres que têm filhos homens podem conscientizar os meninos, para que eles cresçam enxergando esse outro lado, não tendo mais uma visão antiquada”, aponta ela, que apesar de ter 1,59m de altura, de frágil só se for a aparência. “Eu sou pequena, mas sou forte”, assegura ela, ansiosa para acompanhar a fase final da trama que aborda a história de José do Egito. “Estou com expectativa superalta para ver tudo. Acho um exercício cênico tanto me ver em cena, quanto ver também os meus colegas, o trabalho que fizemos juntos, ver essa construção, como tudo se encaixou, porque a história está incrível”, afirma ela, cuja personagem não está na Bíblia. É fictícia.

Mariana caracterizada como Amarilis na trama da Record (Foto: Divulgação/Record TV)

Mariana caracterizada como Amarilis na trama da Record (Foto: Divulgação/Record TV)

Artista Multifacetada

Versátil, além de atuar, Marianna canta, compõe, toca piano e dubla. Ser atriz não era algo que ela cogitava, mas quando se deparou com essa possibilidade, não parou de estudar para se aperfeiçoar. Carioca, aos 12 anos, morava em Brasília, onde tinha aulas de piano em uma escola de música. Um dia, uma produtora do filme O Outro Lado do Paraíso, estava no local procurando crianças para o longa-metragem e quando a viu achou que ela tinha o perfil. Em casa, teve apoio da mãe e após ganhar um papel através de testes, estreou como atriz nesta produção dirigida por André Ristum.

Atualmente, já tem outro filme no currículo, o ainda inédito Um Broto Legal, que retrata a vida da cantora Celly Campello (1942-2003), interpretada por Marianna. Rodado em 2019, teve sua estreia adiada por conta da pandemia e deve chegar aos cinemas, em 2022, quando Celly se estivesse viva completaria 80 anos. Intérprete de músicas como Estúpido Cupido e Banho de Lua, ela estava no auge, quando em 1962, aos 20 anos, abandonou a carreira para se casar e se dedicar à família. Em 1976, retomou a profissão por algum tempo ao participar da novela Estúpido Cupido, que se passava nos anos 60. “Minha família sempre gostou muito de música nacional, de rock. Então, ouvia de tudo desde pequena, meus pais sempre colocavam a música da Celly e eu lembro de ficar na sala dançando. Mas é um nome que as pessoas da minha geração não conhecem, apesar de conhecerem suas músicas que tocam nas festinhas infantis”, aponta.

Para criar a personagem, Marianna vasculhou material sobre Celly, mas encontrou poucos vídeos dela cantando na juventude. “Tive muita ajuda do Dimas Oliveira, que conviveu com a família, foi um fã da Celly, viu a ascensão, tem até uma entrevista com ela já mais velha que ele fez um documentário sobre a vida dela. Ele me deu um panorama sobre ela e eu conversei com o irmão dela (o cantor Tony Campello), que foi lá um dia assistir a gente. Foi uma honra interpretar essa precursora do rock nacional”, garante. Além de buscar os trejeitos, precisou mudar o sotaque, afinal ela é carioca e Celly era de Taubaté, interior de São Paulo. “Interpretar uma pessoa que existiu exige uma dedicação diferente, porque os espectadores que forem assistir no cinema tem que ver a Celly ali e não uma atriz interpretando”, crê.

Marianna caracterizada como Celly Campello no filme Um Broto Legal (Foto: Arquivo Pessoal)

Marianna caracterizada como Celly Campello no filme Um Broto Legal (Foto: Arquivo Pessoal)

Marianna não abandonaria a profissão como fez Celly. “Em pleno 2021, com a cabeça que tenho, não deixaria, porque a carreira é o que me traz felicidade. Mas superentendo a cabeça dela, das mulheres de antigamente. Ela foi buscar sua felicidade. Talvez, se fosse daquela época com a criação que tinham, eu fizesse que nem ela. O que importa é a gente ser feliz. Mesmo assim, Celly foi fora da curva, ela foi a precursora do rock, ela e o irmão. Em pouco tempo, ela fez tanta diferença, inspirou tantas meninas a seguirem a carreira musical. Então, a missão dela foi linda e foi cumprida”, reflete ela, que em apenas 9 meses, conquistou 1,5 milhão de seguidores no Tik Tok. “Utilizo minha veia artística, faço vídeos curtos e conto histórias. Hoje em dia, é importante para o artista ser engajado socialmente nas redes sociais, porque querendo ou não estamos em uma geração tecnológica. Então, as redes são uma vitrine, onde a gente consegue mostrar o nosso trabalho e alcançar um público muito legal. Então, utilizo bastante”, diz.

No teatro, Marianna atuou em musicais como Se Meu Apartamento Falasse, Noviça Rebelde e Beatles Num Céu de Diamantes. Apaixonada por música (ela também compõe), no final do ano passado, lançou Cor de Mel, seu primeiro single, feito em parceria com Davi Pithon. “Anavitória e Melim são algumas das minhas inspirações. Pretendo lançar outras músicas. Sempre tive essa vontade de compor, mas nunca achava tempo. Na pandemia, consegui colocar todas as reflexões, ideias que eu tinha em uma música, musicalizei minhas emoções e não descarto ter uma carreira musical. Mas não é a minha prioridade. É a Marianna atriz que canta, não a Marianna cantora”, frisa.

Sua voz também pode ser identificada em filmes e desenhos. Desde 2015, ela atua fortemente também nas dublagens de longas como Invocação do Mal 2, Annabelle 2 e Homem-Aranha: De Volta ao Lar. É dela a voz de Rani, personagem da terceira temporada da série Guarda do Leão, da Disney. “Comecei a dublar por conta da minha mãe. Ela sempre abraçou muito a minha decisão de ser artista. Quando fiz meu primeiro filme, ela falou que se quisesse seguir na carreira eu teria que estudar. E realmente o estudo é importante, só assim a gente vai evoluir. Quando a gente veio para o Rio, ela me colocou nesse curso de dublagem, me mostrou essa vertente artística, quer dizer, eu canto, danço, atuo, dublo, já fiz pole dance, tecido. Gosto de ser versátil”, pondera.

E relata curiosidade para mostrar até onde vai sua versatilidade. “Eu sempre fui moleca. Não gostava de brincar de boneca, mas sim de jogar bola, sempre estava no meio dos meninos jogando futebol. Eu era chamada de Martinha (em referência a Marta, jogadora da seleção feminina) na minha escola (risos), porque eu era das poucas meninas que jogava. Jogo bem, mas faz uns aninhos que eu não pratico, porque dei uma dedicada na carreira artística. Não tenho tido muito tempo, mas amo”, conta.

"Eu, meus pais e minha irmã tivemos covid ao mesmo tempo. Foi um período de muito autoconhecimento pra gente", frisa Marianna (Foto: Giovanna Alexandre)

“Eu, meus pais e minha irmã tivemos covid ao mesmo tempo. Foi um período de muito autoconhecimento pra gente”, frisa Marianna (Foto: Giovanna Alexandre)

Solteira, ela mora com os pais e a irmã. Juntos enfrentaram a pandemia e viveram experiência tensa no final do ano passado. Os quatro tiveram covid-19 ao mesmo tempo. “Graças a Deus, ninguém precisou ser internado, a gente conseguiu ficar em casa cumprindo o tempo de quarentena. Foi um período de muito autoconhecimento pra gente. Assistimos filmes juntos, séries, tentamos fazer várias coisas para que a nossa cabeça não pirasse, para ter uma saúde mental”, recorda ela que já tomou a primeira dose da vacina.

Ela explica que durante todo esse processo agiu diferente de boa parte dos jovens de sua idade que se aglomeram em festas. “Sempre fui fora da curva. Como sempre estudei com pessoas adultas, tive uma criação diferente, eu era muito consciente nesse sentido. Minha família também. Não concordo com essas saídas, com as pessoas indo para praias por conta de diversão. Apoio todas as medidas de precaução. Sair se for necessário”, diz, com maturidade. “Por consequência de sempre trabalhar e estudar com pessoas adultas, isso me trouxe uma maturidade”, acredita ela, que em 2018, conseguiu uma bolsa de estudos e cursou Teatro Musical, durante um mês, na New York Conservatory for Dramatic Arts. “Tenho muita vontade de voltar lá, de estudar com eles que são os criadores do teatro musical, é bom, muda muito a nossa perspectiva de atuação”, diz.