*Por Brunna Condini
Artista com uma assinatura nítida em tudo que se envolve, Mariana Xavier volta à TV em grande estilo. A partir desta segunda-feira (dia 18), ela é Tuca, dona da academia que serve de cenário para as confusões de ‘Tem Que Suar‘, novo humorístico do Multishow, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 22h15. A atriz confessa que a expectativa é grande. “É o canal que virou a grande referência de produção de comédia no país, com programas de sucesso, muitas temporadas, audiência boa. Então, estou meio sem noção da repercussão que isso pode ter. Ainda bem que estou medicada para a ansiedade (risos). É sempre uma surpresa como um trabalho vai ser recebido. Sou muito exigente, autocrítica e por mais que eu tente ser mais leve comigo mesma, tem o peso da responsabilidade. Sabemos que um posto de protagonista gera outra cobrança. Eu já vinha há uns dois anos procurando abrir espaços fora da comédia ‘à britadeira’, e de repente me vejo no Multishow, que é conhecido pelo humor. Então teve esse momento, de pensar: “Caraca, agora nunca mais vão me levar a sério… Selton Mello nunca vai me convidar para o ‘Sessão de Terapia’ (risos), que é o sonho da minha vida”.
E com honestidade, ela divide seus anseios e questões: “Tive medo também de entender se saberia fazer esse tipo de humor. Porque tenho essa coisa de fazer a comédia, mas de gostar dela com mais mensagem. E o ‘Tem que suar’ é diferenciado, tem o DNA do Multishow, que é a coisa da plateia, muitos elementos já conhecidos do público do canal, mas é um projeto mais ousado, na estética, linguagem, vocês vão ver. E um tipo de piada diferente, tive essa preocupação. Quando fui convidada, tive um papo muito reto. Adoro fazer televisão, mas salientei que têm coisas que são muito importantes para mim, já que sou uma atriz e uma comunicadora hoje. Não queria voltar para a TV a qualquer custo, queria que fosse um projeto que estivesse alinhado às mensagens que a Mariana comunicadora quer passar para o mundo. Tive essa conversa, do tipo o quanto eu vou poder interferir, o quanto vou poder dar pitaco no roteiro quando achar que alguma piada é problemática. Vai ter diversidade mesmo, que também está no elenco sem precisar ser grifada”, destaca ela, que foi vista na TV pela última vez em 2017, quando fez a Biga na novela ‘A Força do Querer’.
Ela suou para ser sua atual versão
Aos 43 anos, Mariana reconhece que está em uma ótima fase na vida, satisfeita com a liberdade de escolha que vem conquistando. “Acho louco como o mercado mudou desde a minha primeira novela (‘Duas Caras‘), há 10 anos. Antes o sonho de um ator era ter um contrato longo com uma emissora, porque que a gente não vislumbrava viver com dignidade e um mínimo de estabilidade na profissão, se não fosse com um contrato na TV. E olha como as coisas mudaram. Veio a internet com tudo, surgiram os canais próprios, onde podemos fazer publicidade e ganhar bem, têm os streamings, que abriram um monte de outras possibilidades e quebraram esse monopólio da TV. Então, é surpreendente perceber que mesmo sem fazer televisão há tantos anos, não me falta nada. Ao contrário, minha carreira só decolou. Me tornei dona do meu nariz. Hoje tenho uma grande riqueza que se chama a liberdade de escolher o que eu quero, e, principalmente, o que eu não quero fazer. É um privilégio”.
Passei muito tempo da minha vida achando que liberdade era poder dizer ‘sim’ para o que surgisse. Hoje percebo que a maior liberdade é poder dizer o ‘não’. Principalmente em uma profissão como a minha, que tem tanta gente talentosa, estudada, passando um sufoco para sobreviver, ter o básico – Mariana Xavier
Tem que valer a pena
Orgulhosa da mulher que vem se tornando, a atriz que está solteira, reflete:
Não estou procurando um relacionamento, estou me divertindo e aberta caso role algo que valha o investimento. Minha vida está muito boa agora, então para entrar nela tem que valer a pena, senão prefiro ficar sozinha com o meu sugador. Ficar sem transar ok. Sem gozar, jamais (risos) – Mariana Xavier
Mariana namorou o ator Diego Braga por quase quatro anos e a relação chegou ao fim em janeiro. “Agora estou ótima. Acredito que foi muito importante viver o luto. Teve uma fase de sofrer por estar sofrendo, porque mesmo sabendo que foi o melhor para nós dois, tem uma coisa da dor do luto ser proporcional às coisas boas que foram vividas, e vivemos coisas maravilhosas. Foi o meu primeiro relacionamento longo e saudável da vida. Me permiti chorar, sofrer, sentir medo. Antes do Diego, eu fiquei 11 anos solteira, então é claro que bateram as inseguranças quando nos separamos, de pensar se eu levaria tanto tempo novamente para encontrar alguém legal. Até por que acho que quanto mais famosa você fica, mas difícil se relacionar. É inevitável ter o cuidado de entender quem está se interessando pela pessoa física ou pela jurídica”, analisa.
Sobre a momento, ela enfatiza o reaprender a ser solteira. “Estou em uma fase muito boa comigo, plena, orgulhosa de quem sou, muito confortável com as minhas escolhas, na minha pele. Me permitindo aproveitar, dar os meus pulos, mas a vida da mulher 40+ não está fácil. Voltei para os aplicativos de paquera. Mas até no exercício da liberdade, gosto de alguma continuidade. Não sou essa ‘metralhadora giratória’. Acho mesmo que as melhores coisas da vida vem com a prática, a repetição. Sexo bom tem a ver com confiança, segurança, intimidade, que para mim acontece quando se desenvolve um outro tipo de vínculo. E está complicado, porque o ‘ghosting’ rola, está rolando solto (risos)”.
Tem que suar
Entre outros temas, o programa aborda o conceito body positive, nome dado ao movimento social focado na aceitação de todos os corpos, e conta no elenco com a pluralidade de existências, através dos personagens de Marcelo Serrado, Isabelle Marques, Robson Nunes, Mary Sheyla, Marcelo Laham, Marianna Armellini, Vítor diCastro, Gabi Yoon e uma participação especial de Evandro Mesquita, para contar histórias ao redor da de Tuca, vivida por Mari Xavier, uma carioca que herda uma academia em São Paulo e acredita que sua vida finalmente mudou. Sobre representatividade, Mariana diz. “Acredito que uma forma muito valiosa da gente combater preconceitos, é normalizar a existência desses corpos, normalmente de grupos minorizados, nos espaços, sem precisar ficar sublinhando isso o tempo todo. Não preciso ter um discurso sobre racismo toda vez que eu tiver um ator negro em cena. Ou um discurso militante sobre gordofobia toda vez que tiver um corpo como o meu, porque isso já é um ativismo. Pessoas existindo em qualquer lugar, como queiram. O meu corpo não é citado na série em nenhuma piada. A personagem é a Tuca”.
Fazemos mais piada com quem geralmente não sofre com isso, como o personagem do Marcelo Serrado, que faz um hétero top…existe uma inversão neste sentido, e acho que é o caminho que o humor está tomando mesmo, da gente inverter o jogo e colocar como alvo das piadas quem antes eram os opressores – Mariana Xavier
E finaliza: “Nosso programa, até nestes aspectos, sai dos estereótipos. A loira-gata da atração, a dona da academia, sou eu. No senso comum, será que a dona da academia teria o meu corpo? Meu par romântico é o Robson Nunes, um cara negro, gordo. O casal estável do programa, é casal gay, formado pelo Marcelo Laham e o Vitor diCastro. Só fera e um ambiente maravilhoso de trabalho, em que todo mundo se ajudou, um clima de parceria para que tudo desse certo. E deu, vocês vão ver”.
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