*Por Brunna Condini
Muitos casais na TV funcionam tão bem, mas tão bem, que têm a parceria romântica reeditada constantemente. Mas e quando a química da ficção não tem por base o romance, e sim, o humor? Ah, aí é que vale a pena ver de novo mesmo! A partir de 4 de novembro teremos um casalsão do humor dos folhetins junto novamente. Depois da bem-sucedida parceria em ‘Éramos Seis‘ (2019), Maria Eduarda de Carvalho e Eduardo Sterblicht estarão em ‘Garota do Momento‘, próxima trama das seis de Alessandra Poggi. A atriz será mulher do popular apresentador Alfredo Honório (Sterblitch) e irmã de Lígia (Palomma Duarte). Aqui, ela conversa com o site sobre esse match profissional, e também sobre sua personagem, Tereza, que desenvolve TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) após um acidente doméstico que deixou a filha, Eugênia (Klara Castanho), com um dos braços queimado na infância, e pelo qual se culpa. O tema na novela será abordado só na base do humor ou também vai esclarecer, trazer informações sobre o TOC? “De início sua obsessão por limpeza será mostrada por um ponto de vista bem-humorado, e muitas cenas cômicas surgirão a partir deste TOC. Mas acredito que, no decorrer da trama, o espectador acompanhará o sofrimento que este transtorno traz à personagem, assim como suas origens”, diz, já deixando no ar, que por trás do riso, também tem o drama.
Sobre os próximos projetos de cunho autoral, movimento que permeia sua carreira, de quase 30 anos, ela conta: ” Estou finalizando um documentário sobre desejo feminino, chamado ‘Nós Por Todas’, nele assino o roteiro e a direção. E tem um espetáculo sensacional que estrearei em São Paulo no segundo semestre de 2025, com meus parceiros, Rui Ricardo Diaz e Marco França“.
Sobre as expectativas que vêm junto de uma nova parceria com Sterblicht, e o fato de fazer mais um trabalho na televisão com a verve da comédia, ela observa: “É motivo de celebração e largos sorrisos. Estou muitíssimo feliz com este reencontro e – claro – rindo muito dentro e fora de cena. De fato, fiz muitos personagens cômicos na TV, mas também tenho exercitado a possibilidade de viver histórias mais densas no teatro, como, por exemplo, no monólogo, ‘Meninas e Meninos‘, há poucos anos. Para mim, o pranto e o riso atravessam nossa existência constantemente e cabe a cada um de nós administrar a dor e a delícia de estar vivo”. E acrescenta, ao refletir sobre o seu transitar na TV mais na comédia ultimamente:
Camila Amado (1938-2021), minha grande mestra, adorava citar uma frase icônica de Nietzsche: “O grande legado da Tragédia Grega foi provar para a humanidade que a vida é indestrutivelmente alegre.” Eu concordo com ele – Maria Eduarda de Carvalho
Você escreveu recentemente em uma publicação: “Fui colocada desde muito cedo na ‘prateleira dos exóticos’ e isso construiu uma sensação permanente de inadequação”. Como isso a afetou profissionalmente, temeu ficar nas ‘prateleiras’ que insistem em colocar os atores e atrizes, principalmente na TV? “Acho que ter nascido ruiva em uma terra de morenos, me tornou a artista que sou hoje. Essa sensação permanente de inadequação me permitiu olhar o mundo por pontos de vista desacostumados e buscar formas originais de me fazer pertencer”. E elabora:
Escrevendo e atuando descobri que minha ‘estranheza’ me singularizava, me tornava única. Essa sensação me confortava. Me sentia amparada pela minha própria imaginação – Maria Eduarda de Carvalho
Falando ainda, sobre a leveza e a densidade que habitam sua personagem, Maria Eduarda, que é filha de pai psiquiatra e mãe psicanalista, diz se recorreu a eles para construir as nuances do TOC de Tereza. “O fato de ser filha de uma psicanalista e um psiquiatra, sem dúvida, ajudou bastante na compreensão do trauma de Tereza e nos motivos pelos quais ela desenvolveu esse transtorno”.
Versão mãe on
Na vida real, Maria Eduarda é mãe de Luiza de 14 anos, e, na ficção, se encontra com Klara Castanho, em uma maternidade um pouco mais madura. Ao pensar nisso, ela comenta o que tem levado da sua vivência para o set. “Isso é algo complexo! Não sei precisar o que levo da relação com minha filha para a cena, ouso dizer que, se pudesse escolher, talvez não levasse nada para não confundir os ‘canais’, mas a maternidade é algo que transcende a razão e me atravessa profundamente. Costumo dizer que ser mãe é abrir um universo paralelo de uma nova existência, dentro da mesma vida. É algo muito profundo. Uma avalanche de distintos sentimentos, que me emocionam imensamente. Há cenas em que olho para Klara e, simplesmente transbordo pelos olhos, sem compreender exatamente porque”, confidencia.
Também autora e diretora, ela tem transformado o mar de experiências e sentimentos da maternidade em arte, e comemora as três indicações (melhor série, melhor roteiro e melhor atriz) da sua websérie ‘Ser Mãe é‘, no Rio Webfest, o maior festival de websérie do mundo, que acontece entre 23 e 26 de novembro na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. A atriz também concorre na categoria ‘personalidade’, na modalidade voto popular. “A série está disponível no meu Instagram e no TikTok. Dedico estas indicações à minha filha, Luiza, a Luluba, que, ora delicada, ora intempestiva, me apresenta pontos de vista superiormente enriquecedores sobre o mundo e sobre a minha própria vida”.
Ser mãe é abrir um universo paralelo de uma nova existência, dentro da mesma vida. É algo muito profundo. Uma avalanche de distintos sentimentos, que me emocionam imensamente – Maria Eduarda de Carvalho
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