Um dos maiores atores do Brasil, Marco Nanini, aos 74 anos, reaparece na telinha em seu primeiro trabalho no audiovisual desde o início da pandemia. Ele faz uma participação na quinta temporada da série Sob Pressão, que acaba de estrear no Globoplay. “Foi muito bom poder voltar a trabalhar depois de tudo o que passamos com a pandemia”, frisa ele, que durante o período de isolamento viu retornar à sua vida uma velha conhecida.
“Eu tenho uma depressão que vai e volta, e desta vez foi profunda. Via TV e ficava arrasado, as pessoas morrendo, as imagens dos lugares que eu frequentava, restaurantes, teatros, tudo fechado. A falta de convívio com o povo da cultura também foi um baque. Sem conviver, a gente não se ouve, não se conecta. Do ponto de vista individual é triste e para a cultura, um problema. Aliás, ela nunca foi tão maltratada como agora”, comentou à revista Veja Rio.
O ator, que chegou a testar positivo para a Covid-19, bem no início da pandemia, mas sem sintomas fortes, nunca tinha ficado tanto tempo sem trabalhar como aconteceu agora durante a crise sanitária. Um ano após o início dela, ele acabou se rendendo ao universo online e chegou a apresentar a peça As Cadeiras, do dramaturgo romeno Eugène Ionesco (1909-1994).
No atual trabalho, Marco surge na pele de Heleno, pai do dr. Evandro, interpretado por Julio Andrade, protagonista da história. “Eles se separaram quando o Evandro era pequeno e isso causou um trauma. Existe a versão de que ele abandonou a família. Nesse reencontro, meu personagem está com Alzheimer e, apesar de todo o trauma, ele tem que cuidar do pai. Então, vão morar juntos e o foco fica em cima da relação dos dois. O roteiro é incrível, com várias reviravoltas”, contou o ator, que estava sem atuar na TV desde a novela A Dona do Pedaço, em 2019.
Feliz de participar de Sob Pressão, ele ressalta a importância da série jogar luz para um tema tão relevante no Brasil. “Todos os roteiros são muito bem construídos, os dramas humanos vêm à tona, mas sempre com este pano de fundo para falar da Saúde Pública. É importante falar disso no Brasil. Foi muito bom passar pelo processo. Eu acompanhei as outras temporadas e a sua repercussão. A série tem uma qualidade imensa, é muito bem-feita, tem textos ótimos e um elenco maravilhoso sempre. A direção do Andrucha Waddington é cuidadosa e precisa, ele é um grande diretor com quem eu sempre tive vontade de fazer um trabalho”, explicou, sobre a série que vai ter dois episódios liberados por semana. Na plataforma de streaming, ele pode ser visto ainda em Brega & Chique, novela de 1987.
Aos 57 anos de carreira, Nanini nunca teve ligação com o glamour da profissão. Ele se define como um operário da arte e devolve um pouco do que conquistou através de seu centro cultural Galpão Gamboa.
Nos últimos anos, temos visto cada vez mais personalidades assumirem sua orientação sexual e celebrando o mês de junho, que é o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Nanini falou pela primeira vez do assunto, em 2011. E na pandemia comentou novamente. “Sou homossexual e me sinto absolutamente seguro e maduro para declarar isso. São muitos os casos de violência física contra gays. Quanto mais eu assumir a minha parte nesse assunto, melhor”, ressaltou também à Veja Rio.
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