Marcela Monteiro lança programa, fala de crise dos quase 40, de congelamento de óvulos e da polêmica saída da CNN

*Por Brunna Condini

Com passagem durante 14 anos na Globo, como apresentadora e repórter do ‘Vídeo show’ e do ‘Mais Você’, e, mais recentemente, pela CNN Brasil, Marcela Monteiro agora tem um programa para chamar de seu no YouTube. Em ‘De repente 30+’, ela pretende levantar questões importantes para a mulher nessa fase da vida. “Falamos sobre maternidade, congelamento de óvulos, saúde mental, independência financeira, relacionamentos, sonhos e tudo mais que puder contribuir com o autoconhecimento e a autoestima femininos”, revela a jornalista, que já gravou com convidadas como Sophia Abrahão, Aline Dias, Lua Blanco, Juliana Didone, Lyv Ziese, Bia e Branca Feres, Rhai Xavier, Talita Younan, Malu Falangola e Mariana Xavier. “Ainda temos a Carol Garcia, maravilhosa, em um quadro de humor, a conceituada Telma Abrahão como especialista e uma equipe fera do mercado fazendo tudo acontecer! No próximo episódio, recebo a Carol Macedo e a Thaissa Carvalho“.

A respeito da polêmica criada na época, em torno de notícias de que teria sido desligada, porque após uma pauta não quis voltar para o Rio de Janeiro, vinda de Resende, de ônibus, ela diz: “Depois dos 30, você também entende que não tem como controlar o que o outro fala”. Aos 38 anos, Marcela avalia se tem muita distância de como está hoje, para como se imaginava nessa idade. “Claro. Eu também faço parte daquele grupo de pessoas que cresceu com o imaginário dos 30: adulta completa, totalmente resolvida, com todas as respostas, rica e com filhos (risos). Posso dizer que olho com muita gratidão e carinho para a minha caminhada, mas ainda tenho muito para conquistar e descobrir”. E compartilha sua experiência com o congelamento de óvulos:

Sempre senti que seria mãe, mas nunca tive pressa. Hoje pensamos ainda mais antes de tomar essa decisão, porque é uma responsabilidade grande e envolve muita coisa: tempo, emocional, dinheiro, estrutura. Congelei porque a mulher nasce com uma quantidade de óvulos definida, que diminui com o passar dos anos. É ingrato – Marcela Monteiro

Marcela Monteiro apresenta novo programa, fala da crise dos 30 e de estar perto dos 40 e detalha porque congelou óvulos (Divulgação)

“Então, esse procedimento é uma ferramenta que nos dá mais tempo para organizar tudo e, consequentemente, uma maior tranquilidade. Quem pode fazer, deve se informar e buscar profissionais de confiança porque é uma ótima alternativa, mas também mexe muito com a gente. Tem injeção de hormônios, mudanças de humor… eu fiquei bem emotiva. Mais do que já sou! Mas tive todo suporte da minha família e dos profissionais da Fertilidade&Vida que foram extremamente humanos e acolhedores. Acredite, Isso faz toda a diferença!”, divide ela, que namora o arquiteto Renan Caruso há sete anos: “Ainda não casamos, mas é uma vontade. Percebeu o “ainda”?! Vai que ele anima depois dessa matéria (risos). Brincadeira…. temos uma relação sólida, bonita, de muita parceria e cumplicidade. Tenho muito orgulho de tudo que estamos construindo juntos”.

Marcela Monteiro na gravação do seu novo programa, entre Aline Dias e Sophia Abrahão (Divulgação)

O programa

Sobre a atração que terá 12 episódios na primeira temporada, Marcela sinaliza: “A ideia surgiu de conversas com algumas amigas. Vi algo em comum: todas com mais de 30 anos, falando sobre a pressão dessa fase. Existe um imaginário em torno dessa idade: já teríamos que estar casadas, com filhos, profissionalmente realizadas, com casa própria… e quem ainda não alcançou tudo isso acaba se perguntando se não ficou “para trás”. Mas a verdade é que muitas mulheres não estão nesse lugar, porque ainda não chegou esse momento ou porque simplesmente fizeram outras escolhas. O mundo mudou, o ritmo da vida e os nossos desejos também. Então, quando você fala sobre isso, mostra essas realidades, você ajuda outras mulheres a se libertarem e viverem de acordo com a sua felicidade e o seu tempo, sem tanta cobrança e angústia”.

A respeito de cobranças e pressões na fase da vida em que está, ela comenta: “Uma mulher que trabalha, é independente, namora há anos, sente diariamente a pressão para casar e ter filhos logo. Não tem jeito. Ouço perguntas, piadas, sobre isso quase diariamente. Se parar para ouvir tudo que falam, a gente pira. Sempre que eu estou em um momento de muita pressão eu tiro alguns minutos para me ouvir. Parece louco, mas funciona para mim. Porque na correria do dia às vezes a gente ouve um monte de gente menos nós mesmos. Tenho muita fé, então eu me recolho, fecho os olhos, tento me distanciar de tudo que estão falando do lado de fora, para entender o que realmente faz sentido para mim do lado de dentro”. A apresentadora hoje está mais perto dos 40, mas revisita os seus 30, e nos diz se passou por alguma crise quando eles chegaram:

“Acham que com 30 teríamos que estar casadas, com filhos, profissionalmente realizadas… e quem ainda não alcançou isso acaba se perguntando se não ficou para trás” (Divulgação)

“O que tive com 30 anos, não sei se posso chamar de crise. Aliás , será mesmo que o que algumas mulheres vivem nessa fase é uma crise ou uma consequência da sua coragem para fazer as mudanças que precisam para serem felizes? Essa, inclusive, é uma questão que levantamos no episódio da Carol Macedo e da Thaissa Carvalho. O que eu posso dizer é que depois dos meus 30 existiu uma intensificada nas reflexões sobre a vida. Comecei a pensar mais no que de fato é importante, a valorizar ainda mais a saúde e as pessoas que amo, a entender como usar melhor o meu tempo e, principalmente, a perceber o que não valia mais a minha energia”. E reflete: “Agora, com quase 40, está rolando uma vontade cada vez maior de planejar e escolher os próximos passos, na vida pessoal e profissional. Sair do “piloto automático”, sabe? Sempre emendei trabalhos, e não posso reclamar porque tenho sido muito feliz na minha carreira, mas a maturidade me trouxe a consciência da importância de tomar as rédeas da vida, apostar no que você acredita e fazer escolhas mais conscientes”.

Malu Falangola, Talita Younan e Marcelo Monteiro nos bastidores do programa ‘De Repente 30″ (Divulgação)

Transições

No início da carreira, antes do jornalismo, Marcela chegou a trabalhar um tempo como atriz, tendo feito participações até em novelas como ‘Malhação‘ (2006). Após 14 anos na Globo – onde esteve no time do ‘Mais Você’ e do ‘Video Show’ –  em 2020, ela foi para a CNN Brasil, e dois anos depois deixou o canal. E completa:

Nunca fui de explorar polêmicas para conseguir cliques ou afins… claro que pago um preço por isso, mas durmo tranquila. Participei de todos os jornais da CNN, fui super bem recebida pelo público, mostrei que podemos falar sobre o que quisermos e ainda fui convidada pela direção para fazer bancada. Profissionalmente foi uma experiência muito rica – Marcela Monteiro

Marcela Monteiro em uma das suas coberturas para a CNN Brasil (Reprodução)

Ela conta o que fez nessa transição da saída da CNN pra cá, e diz como lidou com o rompimento do contrato do canal. “Eu já era procurada para dar cursos, palestras, então abracei algumas turmas de mentoria de comunicação. Dei aulas online e presenciais no Rio, em Campinas, em São Paulo e já estava com um convite para o Nordeste, que amo de paixão. Tive que diminuir o ritmo por conta do programa novo, mas sigo atendendo muitos empresários que querem e precisam se comunicar melhor no trabalho”.

 Profissionalmente acredito que ainda tenho muito a fazer, na televisão, na internet, na vida! Não gosto de me limitar, o mundo é grandão e está de braços abertos para gente. Estou aqui para me arriscar e se der medo, eu vou com medo mesmo – Marcela Monteiro

E como lida com as frustrações na vida hoje? “Tenho uma família que é a minha base e está do meu lado em todos os momentos. Essa estrutura me fortalece. Além disso, terapia, mar e chocolates também me ajudam muito (risos)”.

“Agora, com quase 40, está rolando uma vontade cada vez maior de planejar e escolher os próximos passos, na vida pessoal e profissional” (Divulgação)

Cobertura fora do escopo

A apresentadora, que também escreve e dirige, participando de diferentes etapas do processo, cm o objetivo de trazer mais identidade para o trabalho, fala sobre a cobertura que fez para o seu canal a respeito da tragédia no Rio Grande do Sul. “Era impossível ficar alheio. Teoricamente não era uma ‘temática’ para o nosso programa, mas mexeu muito comigo, com todos os brasileiros, e eu falei: a gente tem que fazer alguma coisa. Cancelei as gravações do Rio, as convidadas, liguei para a MedQuímica (empresa farmacêutica) e disse: “Temos que ir levar doações, agitar alguns movimentos, mostrar o que está acontecendo. Vamos com a gente?”. E eles toparam! É compromisso social também. Então, fizemos um episódio lá. Fomos, ajudamos, conhecemos histórias inspiradoras e usamos nosso programa como ferramenta para divulgação de pontos de acolhimento, trabalhos sérios. Eu acredito nisso. Vi olhares vagos, perdidos, de uma forma que nunca tinha visto antes. Toda ajuda é válida”.

Sempre fui atrás das minhas oportunidades profissionais. E tive a alegria de fazer grandes projetos em grandes emissoras. Sou grata por isso! Aprendi muito e fui colecionando ferramentas para hoje fazer o meu próprio programa – Marcela Monteiro

A apresentadora na cobertura para o Rio Grande do Sul que fez para o seu canal (Divulgação)

A apresentadora na cobertura para o Rio Grande do Sul que fez para o seu canal (Divulgação)